Impasse

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· Perspectiva de Rafaella

Rafaella permanece em silencio. Andou em direção a cadeira, desta vez. Sentou-se e encarou Gizelly por alguns minutos.

- Olha, eu sinto algo por você, algo muito intenso. E no fundo sinto que você sente o mesmo por mim, mas preciso, precisamos resolver esse impasse antes de qualquer coisa. Você me disse que não a conhece, que suspeita que tenha sido alguma armação. Então encontre o meio de provar isto. Sei que meu pedido pode vir a te ofender, mas espero que entenda o motivo. – Após dizer a última frase, Rafaella agora se levantou e andou em direção a porta.

- Entendo, mas saiba que eu esperava que apenas minha palavra bastasse para você. Se os papeis fosse invertido, tenha certeza que para mim, sua palavra bastaria. – Disse Gizelly, em uma voz frágil.

Rafaella sente seu coração sendo atingindo por uma dor. Culpa? Remoço? Arrependimento? Não tinha certeza, mas o que acabara de escutar a deixou sem chão. Por um instante as lagrimas ameaçaram retornar, mas antes que acontecesse ela destrancou a porta e saiu da sala. Fugindo. Indo em direção a saída.

Assim que Rafaella alcançou a saída da escola deixou-se derrotar pela luta contra as lagrimas, agora caindo e lavando o seu rosto. Ela queria poder acreditar somente nas palavras de Gizelly, mas não conseguia. Já tinha acreditado outras vezes em pessoas que juraram para ela estar dizendo a verdade e no final sempre acabava tendo o coração machucado. Um exemplo ressente em sua vida é Bianca, quem confiou cegamente e no final lhe traiu com sua melhor amiga.

Chegando em sua casa, Rafaela foi direto para o seu quarto. Tinha decidido no caminho de volta para a casa que precisava de um tempo a sós para colocar as ideias no lugar. Sabia que ficar em sua casa com Bianca não seria uma boa escolha neste momento. Escolheu uma roupa leve e confortável para o que pretendia fazer, procurou por seus tênis. Assim que terminou de se vestir deu uma passada no quarto de hospedes para verificar se Bianca precisava de algo.

Rafaella deu duas batidas na porta antes de abri-la. Bianca estava sentada na cama, apoiava seu corpo apoiado nos travesseiros. Ela assistia algo pelo notebook, pausou assim que Rafaella entrou.

- Oi! – Disse Rafa ao entrar no quarto e se apoiar na parede.

- Oi! - Bianca devolve a saudação com um sorriso largo.

- Está com fome? – Pergunta Rafaella.

- Não muita, mas podemos almoçar agora. Posso te acompanhar. – Disse Bianca em uma voz mansa.

- Obrigada, mas não irei almoçar. Você precisa comer algo, pelo menos uma maça. Não pode ficar com o estomago vazio por conta das medicações. – Adverte Rafaella.

Bianca a observa, agora notando que Rafaella esta vestida com roupas de academia.

- Você não vai voltar mais para o trabalho? – Pergunta Bianca enquanto a olha dos pés a cabeça.

Rafaella fica em silêncio, as lembranças da conversa com Gizelly voltando como uma enxurrada. Encarou Bianca com um olhar inquisidor. Será que Bianca seria capaz de fazer algo tão baixo contra ela? Será que seria capaz de arquitetar ao tão sórdido? Rafaella, agora segura seu desejo de colocar Bianca contra parede. De fazer essas perguntas em voz alta. Sentia a dor em seu peito se intensificar. Ela agora estava novamente em um misto de sentimentos.

Não sabia o que faria se tudo o que Gizelly tinha lhe dito fosse confirmado. Tinha aberto a porta da sua casa para Bianca, apesar de tudo o que ela tinha feito. Não virou as costas quando ela precisou de abrigo. Rafaella tinha um carinho por Bianca, acreditava que ela tinha entendido que restara entre as duas era amizade, um carinho por tudo o que viveram apesar do que Bianca tinha feito a ela.

- Rafa, você não vai voltar pro trabalho? – Bianca repeti a pergunta, tirando Rafaella do seu devaneio.

- Não, não irei. Quer que eu lhe traga algo antes de sair? – Pergunta Rafaella, em uma voz apertada.

- Aconteceu algo que eu não saiba? – Pergunta Bianca, agora afastando o notebook com um pouco de dificuldade, abrindo espaço para que Rafaella pudesse senta-se.

- Não. Estou liberada esta semana. – Rafaella respondeu ainda em um tom apertado, permanecendo encostada na parede.

- Tem certeza? – Insistiu Bianca.

- Sim, preciso da uma saída. Só vim verificar como você estava. Não se esqueça dos horários das medicações. – Rafaella agora endireitava o corpo, se preparando para sair.

- Ei! Fala comigo o que está acontecendo. Mesmo eu estando em estado de semi-invalidez, você sabe que pode contar comigo para qualquer coisa. Confia em mim. – Disse Bianca em uma voz doce, oferecendo um sorriso para Rafaella, que permaneceu seria e não retribuiu.

Confiança, era o x da questão. Rafaella refletiu.

- Preciso ir. Fica bem. – Disse ao sair e fechar a porta atrás de si.

Já com os fones nos ouvidos, Rafaela colocou uma música para tocar, aumentando o volume ao máximo. A batida forte e estridente silenciando seus pensamentos. Assim que saiu da sua casa, deu uma leve alongada antes de começar a sua corrida. O ritmo da sua corrida acompanhava as batidas da música. Deixou-se se envolver pela sensação do momento, assim deixando para trás tudo aquilo que estava lhe tirando a paz.

Correu sem uma estratégia de rota, deixando se levar pela necessidade de dar movimentos ao seu corpo. Depois de correr por volta de 20 minutos, chegou em uma praça arborizada. Agora se arrependera da escolha pela corrida, o sol não estava nada apropriado para o que tinha decidido fazer, resolveu fazer uma pausa.

Era vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora