Rafaella acabou com o chocolate quente e colocou em um baque o copo de volta à mesa de centro.
- Vai voltar para sua casa sem terminar o tratamento? – Insistiu Rafaella. – Quais são os seus planos? Não faça isso, Bianca. Por favor, eu estou te implorando. Fique aqui. Termine o tratamento. Eu vou estar mais presente, vou ser o seu ombro amigo. Por favor, não interrompa o seu progresso.
- Para onde eu vou nada disso importa. Eu não precisarei me preocupar com isso. – Apontou Bianca para a perna e braço, antes engessados, mas que agora estava reaprendendo move-los como antes. – E principalmente disto aqui. – Disse tocando no ponto onde estaria o seu coração.
Rafaella abaixou a cabeça e fechou os olhos, mas depois se esforçou para abri-los novamente. Deus, o que havia de errado com ela? De repente, ela não conseguia pensar com clareza, não podia nem sequer dizer as palavras que tinha em mente.
- Eu sinto muito, Bia. – Suas palavras se arrastavam e sua língua parecia grossa demais em sua boca. – Eu me import...
A sala estava começando a apagar ao seu redor. Ela tentou se levantar, mas suas pernas não queriam cooperar. Ela cambaleou, empurrando a si mesma para cima, tentando se levantar. Ela viu o olhar fixo de Bianca, em seguida, o pânico tomou os olhos de Bianca. Bianca olhou para a sua xícara de chocolate quente e depois estendeu a mão para pegar a de Rafaella, xingando quando encontrou vazia.
- Bia?
O nome dela saiu como gemido. Alguma coisa estava errada, terrivelmente errada com Rafaella.
- Eu não me sinto muito bem. – Ela sussurrou.
A ultima coisa que viu foi Bianca se lançando sobre ela, mas ela não chegou a tempo. Rafaella bateu no chão e o mundo se apagou ao seu redor.
· Perspectiva de Gizelly
No vigor dos seus vinte e oito anos, Gizelly era uma jovem de sucesso. Muito inteligente, conseguiu ampliar o patrimônio que ganhou de herança do seu pai. O tinha distribuído em outros seguimentos além da escola de renome que um dia foi dirigida com tanto amor e orgulho pelo seu falecido pai. Sempre determinada, disposta a tornar seus desejos realidade. Mas acima de tudo, tinha um coração de ouro, mesmo que a própria não fosse capaz de se enxergar desta maneira. O ultimo evento tinha dados excelentes frutos. Conseguiu angariar uma quantia generosa que seria revertida para o projeto em apoio a mulheres que ela era patrona.
A tarde da terça-feira seria dividida entre o projeto e uma reunião que teria no grande Master Garden Palace, o maior e mais caro hotel da capital paulista. O hotel possui 20 andares. Os três primeiros eram construídos de piscina coberta, áreas de jogos e conferências, academia e sauna. No quarto andar se encontrava salão principal com um anexo menor onde ficava o seu famosíssimo restaurante. O saguão possuía pilares em mármore branco, ao seu melhor estilo romano. A reunião estava marcada para as 17 horas, no restaurante do hotel.
Já no restaurante, enquanto Gizelly manifestava as condições, regras e princípios de sua empresa, notou a presença de Luiza sentada em uma mesa próxima a sua. Ela estava inquieta, parecia desconfortável em estar ali. Estava na companhia de um homem, o qual Gizelly não conseguiu identificar, pois estava virado de costa para ela. Luiza pareceu notar sua presença no mesmo instante, seu desconforto aumentando consideravelmente. Gizelly ignorou a sua presença e voltou a se concentrar no homem ao seu lado.
Hernandes Valdez possuía histórico de que era um excelente empresário. Tinha iniciado seus negócios trabalhando em subempregos e juntando algum dinheiro, não tinha formação universitária ou cursos de capacitação no currículo. O que garantiu o seu sucesso nos negocios era a vontade de ser dono do próprio negócio, também impulsionado pelo cansaço e falta de realizações, quando ele fora empregado.
Após a reunião, Gizelly formalizou o contrato de licença de uso de sua marca, Valdez seria o representante máster na Argentina, Gizelly ficaria com 40%. Valdez deu uma entrada de dez por cento do valor acordado. Aquele acordo estava dando novos horizontes para os negócios de Gizelly. Estava sendo uma das noites mais importantes para a sua carreira nos negócios.
Já passava das sete e meia quando finalizaram o encontro de negócios. Gizelly já estava aguardando o manobrista voltar com o seu carro, quando foi surpreendida pelo casal. De inicio iria ignora-los, mas assim que viu o rosto do homem, o reconheceu. Era o cara que estava na companhia de Luiza quando a conheceu. Eles possuíam um relacionamento semiaberto, sem rótulos. Era o mesmo cara que Luiza tinha evitado que desce uma surra em Gizelly, e que supostamente a tinha ameaçada um tempo depois, causando o distanciamento de Luiza e Gizelly.
Ele a segurar pelo braço, tão forte que deixaria marcas.
Por educação Gizelly cumprimentou o casal, mesmo a contragosto.
- Boa noite! – Desejou em um sorriso contigo.
O homem a olhou da cabeça as pés, antes de falar.
- Quer dizer que você me trás para o mesmo restaurante que sua amantezinha frequenta? – Disse Paulo Fernando, se aproximando ainda mais de Luiza, tornando o aperto ainda mais forte.
Luiza olhou para Gizelly demonstrando o desconforto e baixou a cabeça, parecia uma desculpa, sem ousar respondê-lo. Paulo lançou um olhar de ódio em direção a Gizelly. Parecia querer matá-la.
- Vamos embora. – Falou Paulo para Luiza, dando um puxão tão forte no braço de Luiza que a fez tropeçar e cair na entrada do Glam hotel.
O hotel era frequentando pela alta sociedade, e isto fazia com que uma vez ou outra os paparazzi ficassem de olho em seus frequentadores.
- Levanta, sua estupida. Olha só o que você me faz fazer? Estou passando vergonha por sua causa e da sua amiguinha. – Disse ele em tom ameaçador.
Quando Luiza levantou, Gizelly estava parada na frente de Paulo Fernando. Olhando nos olhos dele, falou.
- Deixa ela em paz. Se você machucar ela novamente eu vou acabar com sua vida. Peça desculpas a Luiza agora. Seu babaca. – Disse Gizelly.
As pessoas na entrada do hotel, próximo a eles, começaram a prestar atenção a discursão. Como se pressentissem uma briga, começaram a se aglomerar ao redor.
- Não foi nada. Já estamos de saída. – Luiza tentou amenizar a situação.
Gizelly tentava compreender o motivo que a levou a se envolver novamente com aquele cara, que por sinal a tratava como um lixo. Mesmo que tenta-se, não iria conseguir ignorar o que estava acontecendo em sua frente.
- Venha comigo. Posso te dar uma carona até onde esteja hospedada sem problemas. – Ofereceu Gizelly, olhando diretamente para Luiza. Que permanecia ao lado do homem que acabou de agredi-la.
Antes que Luiza respondesse, o homem tomou a sua frente. Mais uma vez de forma bruta, a colocou a trás de si.
- Eu já sabia que você não tem noção do perigo, mas você está forçando a sua sorte. Da primeira vez deixei passar, mas não vai rolar uma segunda. Então é melhor você pegar a droga do seu carro e dar o fora daqui. – Disse o homem num tom ameaçador.
Um dos seguranças do local se aproximou, vendo que já tinha uma considerável plateia em torno daquela cena. Enquanto um outro apenas observava de uma distancia que o permitia interferir se fosse necessário ajudar o colega naquela situação.
- Posso ajuda-los em algo? – Disse educadamente um dos seguranças ao se aproximar.
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Era você
FanfictionUma romântica incurável que não consegue manter um relacionamento, mas que sonha muito viver um clichê digno dos livros de Jane Austen. Uma Solteira convicta, em quer sua felicidade estar em não manter laços afetivos com suas companheiras de cama. ...