Ao chegar na escola, evitou a sala dos professores indo direto para a classe, a qual daria sua primeira aula do dia.
- Bom dia, pequenas pessoas! – Saudou Rafaella os seus alunos.
- Bom dia, pró!!!! – Respondeu com empolgação a turma.
Rafaella possuía uma facilidade em interagir com seus alunos. Respeitava suas individualidades e sempre estava disposta a ouvi-los. Ela deixou de lado a postura de provedora de conhecimento e atuava como mediadora, possibilitando um ensino mais eficaz, onde instigava nos educandos a curiosidade, o espírito investigador e a criatividade. Além de tornar suas aulas mais atrativas para os alunos. Para ela, a principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram.
- Vamos da continuidade ao assunto da nossa última aula. Por favor, abram suas apostilas – Pediu gentilmente a classe. Enquanto os alunos faziam o que foi pedido ela prosseguiu – Vimos que as revoltas na Primeira República foram motivadas por inúmeros fatores. Dentre eles a desigualdade social, pobreza, violência policial, medo e fanatismo religioso. Alguém pode me responder quais foram as quatro principais revoltas deste período?
- Revolta de Canudos, Revolta de Felipe dos Santos, Revolta da Vacina
e Revolta da Chibata – Respondeu um de seus alunos.
- Certo, exceto por um pequeno detalhe. A revolta de Felipe dos Santos foi no período colonial. O correto seria a Guerra do Contestado.
E assim Rafaella prosseguiu em sua aula, esquecendo momentaneamente dos últimos acontecidos.
Ao finalizar sua última aula da manhã, as preocupações voltaram como uma enxurrada a deixando sem saber como agir. Ainda teria uma aula no turno da tarde no primeiro período. Mas seu maior desafio era a sala dos professores, onde grande parte dos professores estavam reunidos para o almoço, e provavelmente Gizelly estaria entre eles. Ela não tinha como evitar aquele encontro. Primeiro porque estava morrendo de fome, segundo motivo era que uma hora ou outra as duas iriam ficar cara a cara, afinal trabalhavam no mesmo lugar.
- Ola! – Disse Rafa ao entrar na sala.
Como tinha levado um sanduiche para o almoço, não precisou usar o micro-ondas. Indo em direção a geladeira, onde sabia que encontraria um suco ou refrigerante disponível para o consumo dos funcionários, aproveitou para observar quem estava na sala.
Telma estava sentada ao lado da professora de inglês, conversando sobre algo relacionado a um casamento, ou algo do tipo. A professora de química estava com os fones de ouvido, provavelmente escutando música enquanto almoçava. Então Rafa olhou para Gizelly, sentada sozinha no canto da sala lhe encarando. No mesmo instante Gizelly fez sinal lhe convidando para sentar ao seu lado. Rafa fez um sinal mostrando que iria pegar algo antes na geladeira. Após pegar o suco, foi de encontro com a mulher a qual queria ter o poder de evitar. Ela não sabia se estava preparada para ter uma conversa banal, ou sobre trabalho, depois do acontecido.
- Oi – disse Rafa ao se sentar.
- Você está bem?
- Sim, e você - Respondeu Rafa sem jeito.
- Desculpa por ter te agarrado daquele jeito... – Como Rafa não falou nada, Gizelly continuou – Não deveria ter lhe beijado sem seu consentimento, foi muito errado. Mas saiba que não me arrependo. -Finalizou Gizelly, usando um tom baixo para que somente Rafaela escutasse o que dizia.
- Não vou dizer que não fiquei surpresa, porem também admito que o beijo... você... enfim ... Foi tudo muitoooo – Rafa também tomava cuidado para que as outras pessoas não escutassem a conversa que acontecia entre ela e Gizelly.
Porem não sabia como expressar o que sentia, não naquele momento estando cara a cara com aquela mulher.
- Muito? – Perguntou Gizelly
- Muito excitante, muito muitas coisas – Admitiu Rafa.
- Sei que vou parecer uma cafajeste, apesar que sou vista como tal por muitas... Mas, minha vontade era te comer aqui e agora – Após dar um breve sorriso, finalizando com uma mordida no lábio inferior, Gizelly prosseguiu – Quando você entrou na minha sala para a entrevista, desde aquele dia, este é meu desejo.
- Realmente, você é uma cafajeste... E muito atrevida. E por mais que eu me sinta atraída a você, como Ícaro era pelo Sol. Ao contrário dele... Irei em direção oposta à sua.
Segundo a mitologia grega Ícaro deslumbrou-se com a bela imagem do sol e, sentindo-se atraído, voou em sua direção. tomado pelo desejo de voar próximo ao Sol, acabou por se "despenhar" e caiu no mar. Rafaela compartilhava do mesmo sentimento que Ícaro, em relação a Gizelly.
Com isso iniciaram a conversa:
- Às vezes vale a pena se queimar- Disse Gizelly, usando todo o seu chame.
Neste momento, Rafa tentava conter a excitação que latejava entre suas pernas. E Resolveu entrar no jogo da sedução.
- E o que esse Sol tem em mente para o pobre Ícaro?
- Leva-lo a lugares inimagináveis. Apresenta-lo aos prazeres da carne.
- E o que leva o Sol a pensar que ele já não os conhece?
- Ah meu caro, Ícaro. Não é questão de conhecer, mas sim de saber explora-los. E tenha certeza que o Sol sabe como ninguém fazer isto.
- Acho esse Sol muito arrogante pro meu gosto, ou melhor dizendo, pro gosto do Ícaro – Riu Rafaela.
- Impressão sua, ou melhor, do Ícaro. O sol só estar sendo realista.
- Avise ao Sol para ter cuidado. O Ícaro possui cartas na manga, e facilmente esse jogo de quem queima quem, o Ícaro poderá sair ileso... mas já não posso dizer o mesmo do Sol.
- Venha passar a tarde comigo, sei que só dará mais uma aula. Prometo não encostar em você até que me peça para fazer. – Pedia Gizelly saindo do personagem.
- Não posso, tenho que ir pra casa.
- Rafa, tudo o que estou lhe pedindo é que passe uma tarde comigo. – Insistiu Gizelly.
Rafa pensou um pouco antes de responder. Bianca estava em sua casa, precisava arrumar um local para ficar até o dia da sua partida. Ambas não conheciam ninguém naquela cidade. Mas também não estava nada animada para enfrentar os dramas e pedidos de perdão de Bianca. Então respondeu.
- Tudo bem. Uma tarde breve, pois realmente preciso ir para casa o quanto antes para resolver algumas pendencias. – Respondeu Rafa.
Continuaram a conversar sobre assuntos do trabalho em quanto almoçavam. Quando o horário do almoço chegou ao fim, os professores começaram a se organizar para irem para suas respectivas classes. A primeira a sair foi a professora de química, em seguida Telma e a professora de inglês. Quando Rafa levantou para ir, Gizelly segurou-a pelo pulso e falou.
- Te aguardo daqui a uma hora no estacionamento. Garanto que a nossa tarde será bem excitante.
- Cuidado, posso criar expectativas.
- E eu as tornar realidade. – Respondeu Gizelly com um sorriso safado.
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Era você
FanfictionUma romântica incurável que não consegue manter um relacionamento, mas que sonha muito viver um clichê digno dos livros de Jane Austen. Uma Solteira convicta, em quer sua felicidade estar em não manter laços afetivos com suas companheiras de cama. ...