Tudo isso

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Rafaella não conseguia acreditar no que Bianca tinha sido capaz de fazer. Como ela podia ter pensado. Ou melhor, tentado tirar a própria vida. Mesmo depois de tudo o que Bianca teve coragem de fazer contra sua felicidade, esse não era o fim que Rafaella desejava para ela. Não poderia nunca imaginar que seria tão egoísta ao ponto de desistir da própria vida por capricho.

Mais o medo de que Bianca tentasse contra a própria vida novamente crescia dentro do peito de Rafaella. Ela não seria capaz de suportar ver alguém, que um dia amou, acabando com a própria vida daquela maneira.

Bianca ainda tinha muita coisa pela frente. Ela tinha que ver o quão grandioso poderia ser sua vida se ela realmente se dedicasse ao que realmente importava. Se esquecesse o passado e passe a focar no presente e futuro. Ela não poderia desistir da vida por conta de um amor que não mais existia.

Ela não poderia acabar com a própria vida daquela maneira. Nem mesmo depois de tudo o que fez contra Rafaella, ela não desejava que ela tivesse esse fim.

- Onde ela está agora? – Rafaella perguntou em voz baixa.

- Ela está aqui. Na sala de espera. Deixem uma pessoa tomando conta dela.

- Não deixe que ela faça isso. – Rafaella sussurrou. – Não deixe que ela tente novamente.

Gizelly deslizou sobre a cama ao lado dela, seu quadril descansando contra o seu lado.

- Agora eu estou mais focada em você e na sua melhora. Como você se sente? Tem algo que eu possa fazer por você? – Pergunta Gizelly.

- Só grogue. – Rafaella responde. – Tonta. Como se a minha cabeça estivesse balançando. Com uma certa dificuldade de me concentrar.

- Isso já era de se esperar. – Disse Gizelly suavemente. – Você pode me perdoar, Rafa? Você está disposta a me perdoar por ter te deixado só, por não está por perto e você acabar vindo parar aqui? Eu posso te explicar sobre a foto que você viu naquela matéria, não é nada aquilo que estava escrito. Eu sei que você deve ter lido, mas queria poder te explicar. Você pode me dar uma chance parar acertar as coisas entre nós?

Rafaella olhou para cima, surpresa.

- O que você está dizendo?

Gizelly fechou os olhos e, quando os abriu, houve um enxame de emoções. Alívio. Tristeza. Preocupação. Medo.

- Você tem alguma ideia de como me mata que você tenha que me perguntar isso? Ou alívio que sinto ao mesmo tempo? Você age como se eu não tivesse feito nada de errado. Como se eu não tivesse te largado só, sem dar noticias por um longo espaço de tempo. Como se não tivesse visto uma matéria tendenciosa, onde estava estampada minha foto ao lado da Luiza. Você tentou falar comigo e eu não estava disponível para você. Eu cheguei a pensar que você tinha desistido da gente por conta daquela matéria. Eu te magoei mesmo sem intenção. Eu deveria te priorizar e não fiz. Se eu estivesse contigo, isso não teria acontecido. Você não teria ido encontrar Bianca, não teria tomado aquela merda de chocolate e não estaria aqui.

Gizelly respirou fundo e Rafaella podia ver como ela estava realmente abalada. Gizelly parecia abatida, completamente desgastada. Como se ela não tivesse dormido a dias.

- Meu amor, você não tem ideia do quanto você me assustou. Eu pensei que tinha te perdido. Eu nunca vou ser mais grata do que eu sou a essa equipe médica e enfermeiras que se recusaram a deixa-la ir embora e te trouxeram de volta para mim.

Para o espanto de Rafaella, uma lágrima escorreu pelo rosto de Gizelly e ela rapidamente a limpou enquanto respirou profundamente pelo nariz.

- Quanto tempo eu fiquei desacordada? – Rafaella sussurrou.

Gizelly sorriu, trêmula, o alívio ainda latente naqueles olhos escuros.

- Mais de 24 horas. Eles te trouxeram a ontem de manhã. Você teve que ser submetida a um coma. Não saberiam quando você iria acordar, mas graças aos céus você voltou para mim.

A boca de Rafaella se abriu.

- Tudo isso?

- Tudo isso. – Gizelly sussurrou. – As 24 horas mais longas da minha vida.

- Me desculpa. – Disse Rafaella com a voz rouca, ainda atordoada que ela tinha ficado inconsciente por tanto tempo.

- Desculpa? – Gizelly parou em uma risada falsa. – Amor, você não tem nada que se desculpar.

- Eu sinto muito que você tenha ficado tão preocupada. – Disse Rafaella, ansiosa.

- Valeu a pena, porque eu tenho você de volta. Nunca me deixe, Rafaella. Fique comigo. Seja minha. Me ame.

Gizelly levantou os dedos até a boca de Rafaella, silenciando-a suavemente com o seu toque.

- Não se desculpe por outra coisa. Você vai ficar aí e ouvir o meu pedido de desculpas.

Gizelly se virou, posicionando-se na cama estreita para que ela pudesse se deitar ao lado de Rafaella. Estava bem apertado, as duas mal cabiam, mas ela fez dar certo, deslizando o braço debaixo da cabeça de Rafaella, de modo que ficou apoiada contra o seu ombro. Então ela soltou um longo suspiro, o corpo relaxando. Por um momento, Gizelly ficou em silêncio, mas ainda tremia contra Rafaella. Ela a tocou, sua mão deslizando para cima e para baixo de seu corpo, parando sobre o coração, os dedos espalmados como se estivesse assegurando o seu batimento cardíaco.

Em seguida, Gizelly deslizou os dedos mais para o alto, até o pescoço, sentindo o baque do seu pulso.

- Nunca sentir uma coisa mais doce, meu amor. – Gizelly sussurrou. – Seu coração batendo. Você respirando. Eu nunca mais vou tomar isso como garantido. Vou acordar todos os dias sabendo que vai ser o melhor, porque você ainda está aqui, na minha vida, me amando, acordando ao meu lado.

Lágrimas se juntaram nos olhos de Rafaella e escorreram pelo rosto. Seu peito subia com um soluço quieto e ela virou o rosto para o seu pescoço, suas expirações reverberando sobre a pele de Gizelly.

- Sinto muito, minha vida. Sinto para cacete por aquela noite. Eu não podia ter te deixado sem noticias. Eu deveria ter lembrando de acionar o toque do celular. Eu poderia ter impedido que você viesse parar aqui. Você poderia ter morrido. Eu nunca vou me desculpar por não ter atendido as suas ligações e ter corrido o risco de ter perdido você para sempre.

- Está tudo bem. – Disse Rafaella, suas palavras abafadas contra o seu pescoço.

- Não, não está tudo bem, meu amor. Não está. Mas posso garantir que nunca vai acontecer de novo. Não isso. Eu tenho certeza que vou fazer merda que vai te irritar. Eu não vou nem jurar que isso não ira acontecer. Mas eu nunca vou fazer você só ou priorizar o trabalho antes de você, como acabei fazendo naquela noite. Você é minha prioridade e nada além de você importa. Esteja onde eu estiver, eu sempre estarei disponível para você. Você é a minha vida. Não suportarei que nada te aconteça, ainda mais por minha culpa.

- Eu sei. – Disse Rafaella em voz baixa. – Eu sei, Gi. Eu não te culpo por nada. Até porque não foi sua culpa. 

Era vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora