O investigador

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· Perspectiva de Gizelly

Assim que desligou, Gizelly pegou sua bolsa e saiu apressada da sua sala. Passou por sua secretaria ignorando o seu chamado e andou a todo vapor em direção ao elevador. Assim que chegou ao seu carro pegou seu celular, prensou em ligar para Rafaella, mas desistiu no mesmo instante.

Eles combinaram de encontrar-se no Grand Hotel, onde era de costume. O hotel não ficava muito longe da escola. Gizelly chegou 5 minutos antes da hora marcada, escolhendo para sentar um local no canto do saguão em que ninguém pudesse ouvir a conversa deles.

Enquanto aguardava a chegada do detetive, ficou recapitulando mentalmente as informações que já possuía sobre a moça a quem iria pedir para que fosse localizada.

O sr. Lee entrou no saguão às doze e trinta. Embora houvesse passado alguns anos desde a ultima vez em que ela o vira, seu gosto por roupas pretas era sua marca inconfundível. A primeira coisa que lhe ocorreu ao vê-lo de novo foi que o sujeito mais parecia um integrante dessas bandas de Korean pop, que influenciava o modo de se vestir e agir da maioria de seus alunos, do que um investigador particular. Ele não teve dificuldade para a encontrar onde Gizelly estava o aguardando, pois seguiu diretamente para o lugar em que ela se achava.

- É um prazer vê-la novamente, sra. Bicalho. – Disse ele.

- Por favor, sente-se. – disse Gizelly, perguntando-se se ele estava tão ansioso quanto ela. Em todo caso, resolveu ir direto ao assunto. – Pedi esse encontro sr. Lee, porque preciso da sua ajuda.

Pyong Lee se remexeu na cadeira, procurando uma posição mais confortável. Gizelly encarou o investigador antes de falar.

- Gostaria de saber se posso contratá-lo para encontrar uma pessoa? – Disse Gizelly, ainda o encarando.

- Isto foge dos pedidos costumeiros da senhora, mas é uma das linhas do trabalho que executo, mas antes de qualquer coisa preciso ouvir a história. Gostaria de lembra-la que em algumas situações eu não me envolvo. Se a senhora estiver de acordo, gostaria que me contasse os fatos.

Gizelly sempre o contratou para investigar sobre empresas que gostaria de investir. Antes de tomar alguma atitude sobre algum investimento de alto risco, solicitava os serviços do investigador Pyong Lee. O mesmo sempre levantava um dossiê com informações e documentos sobre. Sempre competente e discreto no que fazia, Gizelly nunca se arrependera de solicitar os seus serviços.

Gizelly construirá uma empresa de sucesso, que possuía mais de um código de atividade, inclusive de setores da economia diferentes. Apesar de escolher se envolver em várias atividades, a sua principal, ou seja, a que mais se dedicava e marcava presença constante era a renomada escola que herdara do seu pai, o qual perdeu ainda na primeira infância. As demais eram secundárias, mas não menos importante. Sempre se manteve longe dos holofotes, discreta como era, poucos sabiam quem realmente Gizelly é. Muitos pensavam que ela não passava de uma simples dona de escola, ela amava isto.

- Essa moça que preciso que encontre foi até a minha empresa oferecendo um curso, porém ao final da reunião ela provocou uma cena, cena esta que afetou consideravelmente minha vida pessoal. Desde então ela simplesmente sumiu sem deixar nenhum rastro para trás. Acredito que tenha sido algo armado, porém não possuo nenhuma prova.

À medida que falava, percebeu que o semblante do investigador se modificava e ele tomava nota de tudo o que ouvia. Só agora ela tinha notado que ele estava com seu iPad em mãos.

- A empresa em que ela disse pertencer, minha secretaria não conseguiu localizar e não conseguiu também confirmar sua existência. Porém conseguiu encontrar uma empresa que oferecia um curso similar ao que a suspeita estava oferecendo. Ao entrar em contato, foi informada que tanto a empresa quanto a moça não tinham nenhuma ligação.

- Preciso que me passe o nome da moça, da empresa e descreva o curso o qual foi oferecido. – Disse o investigador, pela primeira vez a interrompendo.

- Ela se apresentou com o nome de Sarah Rodrigues, mas tudo leva a crer que este nome também seja falso. Ela dizia fazer parte da empresa ECC. Ofereceu um curso de capacitação profissional direcionada aos professores e educadores. – Disse Gizelly. - O número o qual deixou para contato não mais atende.

O investigador voltava sua atenção para a tela do iPad, enquanto ouvia o que Gizelly estava dizendo, anotava todas as informações importantes sobre o assunto.

- Essas são todas as informações que possuo sobre ela. – Disse Gizelly, em um tom exasperado.

- Certo! A escola possui um sistema de segurança, suponho. – Afirma o sr. Lee.

- Sim, possuímos câmeras internas e externas. – Disse Gizelly. Seu rosto denunciando que só agora lembra-la deste detalhe.

- Ótimo! Precisarei das filmagens da câmera de segurança. Através destas imagens poderei traçar um perfil. – Disse o investigador.

- Não sei como não pensamos nisto antes. – Lamentou Gizelly. – Enviarei o quanto antes.

-Tudo bem, nem sempre lembramos das coisas obvias. – Ele oferece um sorriso para Gizelly.

- Como não pensei nas gravações. – Gizelly repetia a frase mais para si, do que para o o sr. Lee.

Agora, ao lembrar das câmeras, acreditava que poderia provar sua teoria. Pois acreditava que nas gravações poderia ver que aquele beijo não partiu dela. Que aquela atitude da moça tinha partido do nada. Quanto mais pensava na cena, nas gravações e em Rafaella, mas seu coração se apertava em um misto de tristeza e felicidade.

Estava feliz por estar trilhando em um caminho que a levaria a obter provas de que sua palavra era verdadeira. Que não tinha traído Rafaella como ela pensava, mas também estava triste por precisar de tudo isto para que Rafaella acreditasse nela. Se questionava sobre o futuro das duas.

Gizelly lembrou da conversa que teve mais cedo com Rafaella, de como a tinha cobrado confiança. Agora tentava se colocar no seu lugar, como tinha pedido para ela fazer. Perguntava-se se não tinha sido dura demais com ela.

- Então com essas informações já posso começar o meu trabalho, mas preciso que envio o quanto antes as gravações. – Diz o sr. Lee já de pé estendendo uma das mãos para lhe cumprimentar.

- Sim! Enviarei. – diz Gizelly voltando do seu devaneio e apertando a mão do sr. Lee a sua frente. 

Era vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora