O suficiente

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· Perspectiva de Gizelly

Atenção da pequena área de espera estava muito alta. Gizelly sentou-se, a cabeça entre as mãos, os ombros caídos. Ela tinha repassado cada memória de Rafaella em sua mente. A partir do momento em que ela a tinha visto na porta do seu escritório para a entrevista de emprego. Cada sorriso. Cada risada. Todas as vezes em que fizeram amor. Quando ela aceitou vim para o seu apartamento. A viagem que fizeram. A noite em que ficaram admirando as estrelas. E a dor e desespero em seus olhos ao acordar naquele hospital sem entender o que estava acontecendo.

- Gizelly.

- Ela olhou para cima para ver Manu sentada ao seu lado. Ela colocou os braços ao redor dela e a abraçou com força.

Gizelly a esmagou contra si, segurando firmemente. Ela enterrou o rosto em seu cabelo e apenas ficou lá. Ela estava perdendo o controle sobre sua sanidade. Ela estava quebrando lentamente. A cada minuto que passava sem nenhuma palavra, ela morria um pouco mais por dentro.

- Eu não posso perdê-la, Manu. Eu não posso perdê-la.

- Você não vai. – Manu disse ferozmente. – Ela é mais forte do que isso, Gi. Ela vai sobreviver.

Gizelly levantou a cabeça e, sobre os ombros de Manu, seu olhar se fixou em Bianca, que estava sentada no canto, o rosto enterrado nas mãos. Raiva a esmagou mais uma vez. Precisou de toda a sua restrição para não ir lá e quebrá-la com as próprias mãos. Gizelly estava furiosa por Bianca ter sido tão descuidada com Rafaella. Não importa que Bianca não tivesse a intenção de machucá-la. Isso havia acontecido e agora ela poderia perdê-la. Se isso acontecesse, Gizelly não descansaria até que Bianca pagasse pelo que ela tinha feito.

- Amo você, pequena. – Gizelly sussurrou contra o cabelo de Manu. – Obrigada por estar aqui e por não me deixar desistir de Rafaella.

- Eu também te amo, Gi. – Sua voz estava cheia de tristeza. – Eu amo a Rafaella. Ela é perfeita para você e você é perfeita para ela.

- Não sou perfeita para ela. – Disse Gizelly com uma voz abafada. – Eu errei com ela, Manu. Estou destruída por tudo isso que estar acontecendo com ela. Se ela sobreviver a isso, e só rezo para que ela me perdoe.

- Amiga, me ouça. - Manu disse, afastando-se. Ela colocou a mão em seu rosto e segurou seu queixo. Seus olhos estavam tão cheios de amor e compreensão. – Todos nós cometemos erros. Ela te ama. – Manu disse suavemente. – E isso não mudou por algum suposto erro que você cometeu. Você vai ter a chance de fazer a coisa certa. Você tem que acreditar nisso. É o que ela precisa agora mais do que qualquer coisa. Fé. Temos que acreditar que ela vai sobreviver a isso, e você precisa acreditar em seu amor.

- Obrigada. – Gizelly suspirou. – Você está certa. Eu sei que você está certa. Ela vai sobreviver. Ela com certeza não vai desistir. E eu vou estar lá com ela em todos os seus passos ao longo do caminho. Eu não vou desistir, assim como ela não vai desistir.

Manu sorriu e se inclinou para beijar a bochecha de Gizelly.

- Eu gosto de você apaixonada, Gi. Ela é boa para você. Fico feliz que você tenha encontrado alguém especial. Você merece por todos os anos que você sofreu e se trancou para os sentimentos.

- Eu não tenho nenhum arrependimento. Eu estava esperando a minha vida inteira por ela e agora eu a encontrei. Eu quero construir uma família com aquela mulher. Podemos fazer fertilização ou adotar, ou se ela quiser, podemos fazer os dois. Vou te promover a tia.

O sorriso de Manu iluminou todo o seu rosto.

- Essa é uma ideia maravilhosa, não é? Uma grande familia. – Sorriu Manu mais animada.

- É, sim. – Gizelly respondeu suavemente.

- Srª Bicalho?

Gizelly virou-se para ver um médico em pé na porta.

- Você pode voltar e ficar com ela agora, se quiser.

Gizelly ficou de pé, temendo a resposta para a pergunta seguinte.

- Ela está bem? Ela... sobreviveu?- Perguntou no fio de voz.

A expressão do médico  estava aliviada, mas triste.

- Nós a trouxemos de volta e conseguimos tirar a maioria das drogas de seu sistema. Precisamos induzi-la ao coma, porém agora tudo dependerá de como o organismo dela irá se comportar. Não podemos dar um prazo de quando ela poderá acordar, mas você pode se sentar com ela, se quiser.

Não havia dúvidas. Gizelly ficaria com ela até que ela acordasse e Gizelly nunca mais sairia do seu lado.

Antes de sair, Gizelly deu um olhar duro para o homem ao lado de Bianca, depois acenou com a cabeça na direção dela.

- Se certifique de que ela não vai a lugar nenhum. Eu ainda não decidi o que será feito com ela.

- Sim, senhora.

Gizelly correu de volta para o quarto de Rafaella. Estava muito mais tranquilo do que antes. Sua respiração ficou presa na garganta quando ela entrou pela porta e a viu na cama, deitada tão pálida e quieta.

Gizelly se sentou ao lado da cama, puxando a cadeira para que ela ficasse bem ao lado de sua cabeça. Ela parecia estremamente frágil, como uma boneca de porcelana, tão calma e quieta. Gizelly estendeu a mão para tirar uma mecha de cabelo do seu rosto e deixou seus dedos se arrastarem pela sua pele.

O único som era o monitor cardíaco e o ritmo constante de seu coração. Ela ainda estava usando uma cânula, que transportava oxigênio para suas narinas. Fora isso, ela não se mexia. Sua respiração era tão leve que Gizelly se inclinou para frente para se assegurar de que ela ainda estava respirando.

Gizelly apertou os lábios em sua testa, fechando os olhos enquanto saboreava o som reconfortante do monitor cardíaco. Ela estava viva. Ela estava respirando. Seu coração batia. Era o suficiente. Não importava o que acontecesse a partir de agora, seia sempre o suficiente que ela estivesse viva e em sua vida.

- Volte para mim, meu amor. – ela sussurrou. - Eu te amo tanto.

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Quando temos fé, tudo pode acontecer.

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Beijos e queijos ;*

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