Gizelly manteve todos os olhares sobre Rafaella ao longo dos dias. Ela ainda demonstrava sinais de preocupação e ansiedade, que Gizelly fazia todo o esforço para afastar quando ficava claro que ela ainda tinha medo de que algo ruim acontecesse. Gizelly não tinha dúvidas de que tinha resolvido toda a situação em relação a Luiza e que aquilo já não representava mais uma ameaça a Rafaella.Ela finalmente havia contado sobre a conversa que teve com Marcela e de como aquela conversa a afetou. Rafaella ainda tinha medo que ela pudesse fazer algo contra ela ou GIzelly.
Porem, Gizelly sempre a acalmava. Deixando claro que nada mais de ruim iria afetá-las. Ainda assim, só para garantir, Gizelly fez algumas ligações discretas de modo que as ações de Marcela fossem monitoradas. Mas manteve isso em segredo de Rafaella, para não dar motivo de ela duvidar da garantia que ela a havia dado.
Por mais que a insegurança rondasse a cabeça de Gizelly, ela conseguia sentir que o pior havia passado, e que tudo o que teve que passar para estar ao lado de Rafaella tinha valido a pena. Além de garantir a segurança e o bem estar dela, Gizelly também estava disposta a garantir um lindo futuro, e não menos importante, um maravilhoso presente ao lado dela.
Ainda mantinha o afastamento da frente da escola.
Se atendo apenas as decisões importantes e aos investimentos de sua companhia.
Como o casamento tinha sido adiado por conta dos acontecimentos envolvendo Luiza, Gizelly decidiu fazer as coisas com um pouco mais de cautela.
Em comum acordo, a data foi escolhida para o final do segundo semestre, pois Rafaella não queria ter que se afastar do trabalho por muito tempo, mesmo diante das tentativas constantes de Gizelly sobre ela não precisar voltar a trabalhar, não até ela estar recuperada totalmente de tudo pelo que passou. Mas de nada adiantou.
A cerimonia seria algo intimista, mas não menos grandioso e importante na vida delas.
Mariana tinha sido escolhida pela irmã para ser sua testemunha e madrinha, assim como Gizelly escolheu a melhor amiga para ocupar este papel em sua vida.
As pessoas casam-se por várias razões, mas normalmente fazem-no para visibilidade à sua relação afetiva.
Era noite de sábado, Gizelly, Rafaella, Mariana e Manoela tinham criado uma certa rotina nessas noites. Sempre se reunião na casa de Mariana para maratonar filmes enquanto comiam pizzas. Ainda faltava algumas semanas para Mariana retirar o gesso em seu braço, porém sua recuperação estava quase cem por centro. O que não fez efeito nenhum sobre os cuidados que Manu direcionava a ela. As duas passavam bastante tempo juntas, e o cuidado e ligação entre elas só cresciam e cada vez se tornava mais forte.
Estava sendo uma noite mais do que agradável entre elas.
Naquela noite, os filmes escolhidos foram dos clássicos que marcaram a época: "Ghost, do outro lado da vida" e "Ritmo quente", ambos estrelados pelo ator Patrick Swayze.
Com Ghost, Rafaella se entregou à emoção, com chuvas de lágrimas por todos os lados. O que gerou piadas entre elas.
- "Às vezes é preciso acreditar em ilusões". – Repetiu Rafaella a fala do personagem.
Ela estava apoiando as costas em Gizelly. Sentadas no chão da sala, em um abraço.
Gizelly depositou um beijo em sua têmpora.
O segundo filme, tiraram elas do clima enternecedor.
Colocaram várias vezes a cena em que Baby Houseman e Johny Castle dançam com a música "The time of my life", do filme Ritmo quente, as quatro até ensaiaram uma competição entre casais.
Tornando a noite ainda mais divertida, com direito a vários tombos e muitas risadas e protestos da parte de Mariana por se sentir prejudicada por ainda estar com o braço imobilizado. Reclamava que aquilo a deixava em desvantagem.
Rafaella sempre se surpreendia com a facilidade que ela e Gizelly tinha em seguir o ritmo da música. As duas possuía uma química que se expandia além da cama.
Enquanto dançavam por mais um a musica tema do casal, Gizelly chegou ao pé do ouvido de Rafaella e disse:
- Minha vida, presta atenção na tradução do nome dessa música: "as melhores horas da minha vida...". É exatamente como eu me sinto ao seu lado.
Gizelly e Rafaella ficaram abraçadas por mais um minuto ao fim da canção. Desfrutando do calor e abrigo que os braços uma da outra proporcionava.
GIzelly e Manu ficaram responsáveis por limpar a bagunça aquela noite. Recolheram as embalagens de pizza e a louça, as levando para a cozinha, deixando Rafaella e Mariana conversando na sala.
Enquanto Manoela guardava o que sobrou da pizza em uma embalagem plástica, Gizelly retirava o excesso que ficou nos pratos e depois os colocando dentro da cuba da pia. De repente sua tarefa foi interrompida por Manoela, que chamou sua atenção.
- Amiga, eu to fodida. Acho que estou apaixonada. – Confessou num tom melancólico.
Gizelly já desconfiava, o que levou a não se surpreender. Deixando os pratos de lado, se virou para encara-la. Ela pensou por alguns minutos antes de falar, pesando cada palavra que iria dizer.
- Amiga, isso não é nenhuma novidade. Tanto eu, quanto a Rafaella já desconfiava. Dava para perceber que seus sentimentos pela Mari não são somente por amizade. Mas a pessoa com quem você deveria se abrir estar sentada lá na sala.
- Como vou chegar e dizer que o que sinto por ela não é só amizade? Ela vai me colocar pra correr antes que eu termine a frase. Eu nunca fiquei com uma mulher, eu não sei nem se ela já ficou. Eu sempre tive medo de entrar neste assunto e ela me interpretar errado. Você não sabe o quanto é desesperador. Minha única certeza é que o venho sentindo é algo único, algo transcendente. Está ao lado dela me deixa tão feliz e ao mesmo tempo me faz entrar em pânico. Queria poder ter coragem e dizer tudo o que sinto. De encarar de uma vez por todas e assumir que estou fisgada feito um peixinho pelos seus encantos. Mas também não quero correr o risco de perder o que estamos criando...
- E o que estamos criando? – Perguntou Mariana parada na entrada da cozinha.
Gizelly já tinha percebido a sua presença ali, mas permaneceu em silêncio enquanto a amiga desabafava sobre os seus sentimentos após Mariana colocar o dedo indicador na frente dos lábios, sinalizando para ela se manter em silencio.
Como Manoela estava virada para Gizelly, não havia notado a sua presença até aquele momento.
A cor do rosto de Manu sumiu, a deixando pálida.
Gizelly queria enviar algum apoio a amiga, mas para não quebrar o clima do momento permaneceu quieta.
- Estou esperando pela resposta... – Insistiu Mariana.
- É. Então. – Pega de surpresa, Manoela sentia que seu poder de falar havia sido retirado.
- Então. É. Isso não respondi a minha pergunta. – Disse Mariana num tom provocativo enquanto andava em sua direção.
Gizelly que observava a cena, percebeu que aquele seria o melhor momento para deixa-las a sós.
- Queiram me desculpar, mas não poderei ficar para saber o desfecho dessa conversa. Tenho uma linda noiva a minha espera solitária na sala. Neste momento, o que mais desejo é ter um momento a sós com ela. Então se me permitem. – Gizelly lavou a mão, depois de enxugá-la começou a se dirigir a sala enquanto falava. – Tenham uma excelente conversa, e se tudo ocorrer como imagino, garanto que não serei a única a ter uma noite bastante quente, se é que me entendem.
Neste momento, Mariana estava parada frente a frente com Manoela. A tensão entre as duas ela palpável. GIzelly sabia que aquela história estava só começando.
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Era você
FanficUma romântica incurável que não consegue manter um relacionamento, mas que sonha muito viver um clichê digno dos livros de Jane Austen. Uma Solteira convicta, em quer sua felicidade estar em não manter laços afetivos com suas companheiras de cama. ...