Gizelly e Rafaella foram dar um passeio na praia.
Rafaella vestiu uma das calças de moletom de Gizelly, que enrolou até as canelas, e uma regatinha branca também de Gizelly, o que achou uma indecência, porque estava sem sutião e a peça de roupa era quase transparente, assim deixando seus seios um pouco amostra.
- Acho que morri e fui para o paraíso. – Gizelly anunciou, olhando para os seios de Rafaella enquanto caminhavam pela areia. – Onde a encarnação de todas as minhas fantasias masturbatórias existe de verdade e é toda minha.
- Como é que você consegue passar de delicadamente romântica para tarada e grosseira em tão pouco tempo? - Rafaella bate no ombro de Gizelly com o dela.
- Esse é mais um dos meus talentos.
Os olhos de Gizelly estavam de novo voltados para os mamilos endurecidos de Rafaella, uma cortesia da brisa do mar.
Ela apertou a mão de Rafaella e soltou um suspiro de felicidade um tanto teatral.
- Estou no paraíso com o meu amor. Não existe nada melhor que isso.
Rafaella se sentiu obrigada a concordar. A praia era linda e tinha um visual selvagem e indomado que lembrava bastante a mulher que estava ao seu lado. O som das ondas e o barulho das gaivotas lhe proporcionavam um contentamento inigualável. A água fria batia em seus pés descalços, e o vento lançava seus cabelos sobre o seu rosto. Fazia tempo que Rafaella não se sentia tão bem, e ficou feliz por Gizelly ter reservado aquele tempinho só para elas. Quando estavam sozinhas, tudo parecia perfeito.
- Você realmente gostou daqui. – Constatou Gizelly.
- Sempre gostei de ficar perto da água. O meu pai tinha uma chácara com pequeno rio, no interior da cidade onde moravamos. Quando Mari e eu ainda éramos crianças, lembro que sempre nossa mãe fazia questão de nos levar para lá. Eu lembro de caminhar com ela pela margem, como estamos fazendo agora, e sempre pensei em comprar uma casinha perto da água pra mim um dia. Quando ela se foi meu pai se desfez do lugar.
Gizelly soltou sua mão e a abraçou pelo ombro.
- Agora você tem. Podemos vim aqui sempre que você desejar.
Rafaella se virou para Gizelly e adorou vê-la com os cabelos todos bagunçados pelo vento. Ela olhou para a praia que se entendia diante delas e depois para o mar.
- E você gostou? – Quis saber Rafaella.
- Ela é meio morta por dentro, com todo aquele branco, mas gostei da suite principal. O resto podemos mudar e deixar do nosso jeito. – Respondeu Gizelly, olhando também em direção ao mar.
- Nosso jeito. – Rafaella repetiu as duas palavras, perguntando-se qual seria.
Ela adorava o apartamento de Gizelly, com sua elegância tradicional, mas também possuía seu toque moderno. O apartamento que agora também era seu, mas não tinha participado em nada na decoração. Qual seria o jeito das duas? Rafaella se perguntava.
- Foi um grande passo comprar um imóvel juntas. Não deveria colocar meu nome na escritura.
- Um passo inevitavel. – Gizelly a corrigiu. – E além do mais, tudo o que for meu também será seu. Acostumesse com isto.
Caminharam mais um pouco em silêncio. Rafaella tentava descobrir como se sentia quanto ao fato de Gizelly querer que tivessem um vínculo concreto entre elas. E também entender que uma propriedade conjunta era a maneira que havia escolhido para isso.
- Então posso deduzir que você também gostou daqui, certo?
- Gosto da praia. – Disse Gizelly. Ela tirou o cabelo do rosto com a mão livre. – Tenho uma foto minha e do meu pai fazendo um castelo na areia.
Rafaella não soube nem como conseguiu se equilibrar sobre seus pés. Gizelly quase nunca falava voluntariamente sobre seu passado. As coisas que tinha revelado eram para que Rafaella pudesse entender certos pontos da sua vida, o que tornava aquela revelação um acontecimento.
- Eu gostaria de ver. – Disse, por fim.
- Está com minha mãe. – Deram mais alguns passos antes que Gizelly dissesse. – Eu peço para ela enviar para mim.
Rafaella nada sabia sobre a mãe de Gizelly, além de providenciar para a filha os melhores profissionais para a ajudar a superar a perda do pai e sua síndrome.
- Tudo bem. – Rafaella virou a cabeça e beijou a mão que estava apoiada em seu ombro.
Quando voltaram à casa, Gizelly foi até a cozinha abrir uma garrafa de vinho e Rafaella ficou olhando os livros nas estantes. Ela abriu um sorriso ao encontrar um dos seus livros favoritos ali.
Deitaram no sofá, Rafaella ficou lendo em voz alta enquanto Gizelly brincava distraidamente com seus cabelos. Gizelly se manteve pensativa depois da caminhada, com a cabeça longe. Rafaella não se incomodou com isso. Gizelly tinha feito uma revelação, um período de reflexão era necessário.
Quando a maré subiu, chegou de fato até debaixo da casa, produzindo um som incrível e um visual ainda mais impressionante. Saíram para o deque para ver o vai e vem das ondas, que transformava a casa em uma ilha flutuante.
- Vamos derreter chocolate e comer com marshmallow. – Sugeriu Rafaella, inclinando-se no gradil quando Gizelly a abraçou por trás.- A gente pode acender aquela lareira.
Gizelly mordeu sua orelha e sussurrou:
- Prefiro lamber o chocolate derretido do seu corpo.
- Não vai me queimar? – Questinou Rafaella. Mas por dentro queria ter respondido "Sim, por favor.''
Gizelly a ajudou a se sentar no gradil quando ela se virou para encará-la. Depois se posicionou entre suas pernas e a abraçou pelos quadris. Observando o sol se pôr no oceano, foram envolvidas por aquele clima de paz. Rafaella acariciou os cabelos de Gizelly com os dedos, embalada pela brisa que as sacudia.
Fizeram amor sem pressa, de maneira quase preguiçosa, no deque do terceiro andar.
Os dois dias tinham sido um dos melhores para Rafaella e Gizelly. Jogaram baralho, Gizelly vencendo todas as partidas. Fizeram amor por toda parte daquela casa, até mesmo na praia.
Recarregaram as baterias e deixaram bem claro uma para a outra o quanto se amavam.
Quando Rafaella e Gizelly chegaram em São Paulo no domingo, pouco antes da meia-noite. Depois de um banho rápido, Gizelly deu um de seus beijos apaixonados e Rafaella foi a primeira a sucumbir ao sono. Gizelly foi para o seu escritorio, aproveitou para checar seus emails, pois havia estado em off por muito tempo.
A luz acendeu.
- Rafa, acorda. – Gizelly entrou no quarto, foi diretamente no closet e começou a pegar peças de roupa.
Piscando, Rafaella viu que ela estava totalmente vestida, usando uma calça e uma blusa social feminina.
- O que aconteceu? – Pergunta Rafaella em confusão.
- É Mariana. – Disse Gizelly, bem séria. – Ela está no hospital.

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Era você
FanfictionUma romântica incurável que não consegue manter um relacionamento, mas que sonha muito viver um clichê digno dos livros de Jane Austen. Uma Solteira convicta, em quer sua felicidade estar em não manter laços afetivos com suas companheiras de cama. ...