C A P Í T U L O 55

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OLIVIA GREY

O barulho da chuva caindo lá fora é muito alto, Luke fica concentrado no trabalho durante a maioria do tempo, as vezes ele dá uma olhada muito rápida no celular e volta a ficar frio.

Nós não conversamos muito, e o máximo que nós conversamos foi sobre o Día de Muertos, que é o tema que nós escolhemos sobre o trabalho.

Ele parece estar tenso e cansado, toda hora sua mão vai no seu cabelo e o joga para trás.

– Eles fazem uma festa para os mortos? – Luke pergunta enquanto escreve.
– É uma festa para honrar os mortos.
– É um pouco estranho. – Ele diz, rio.
– Ei, como você está se sentindo?
– Como assim?
– Tipo, emocionalmente? – Ele tira o olhar do papel e olha para mim, suas sombrancelhas franzem.
– Eu 'tô bem. Você?
– Bem. – Ele continua me olhando durante dois segundos antes de voltar a olhar pro papel.
– Você está ansiosa para Vegas? – Ele pergunta.
– Sim. Tipo, acho que vai ser bom.
– Sim, vai ser bom.

O celular de Luke vibra na mesa e ele olha. Seus dedos deslizam o botão que vibra na tela para baixo.

Ele se levanta e anda até a escada, Luke sobe as escadas de um jeito muito rápido. Continuo escrevendo sobre a comemoração mais popular do México.

Escuto muitos barulhos lá em cima, gavetas e portas fechando. Continuo fazendo o trabalho como se nem tivesse percebido que ele saiu da mesa.

Luke desce as escadas, ele entra na cozinha. Escuto barulho de vidro e barulho de água.

Simmons volta para a mesa. Um copo de vidro em uma das suas mãos e na outra 3 pílulas de remédio.

Ele joga todas as cápsulas em sua boca e engole com a água. Me sinto muito mais preocupada com ele.

– Por que você está tomando tantos remédios? – Ele me olha e engole em seco.
– Ah... É para... O corpo. – Franzo as sobrancelhas. – Dores musculares, e vitamina.
– Qual vitamina?
– A do sol. A d.
– Ok.

Ele fica o dia todo de baixo de um sol treinando basquete, poderia ter inventado uma desculpa melhor.

– Eu estou preocupada com você. – Ele ri.
– Sim, claro.
– Por que você está rindo?
– Por que você está preocupada comigo? Eu tenho 17 anos, Olivia.
– Você poderia ter 30, que eu ainda estaria preocupada com você. – Ele toma água.
– Relaxa, já te disse que eu estou bem.
– Claro. – Digo e continuo escrevendo.
– Eu não gostei do tom que você disse "Claro."
– É um tom normal.
– É um tom irônico. – Luke diz. – O que está acontecendo, Olivia?
– Nada.
– Você está agindo de uma forma estranha comigo. – Luke diz.
– Deveria agir de outra forma? – Pergunto.
– E aqui vamos nós novamente. – Ele diz se levantando da cadeira e passando a mão entre seus cabelos.

Respiro fundo e continuo escrevendo.

– Nós nunca vamos sair disso né? – Ele pergunta e eu o olho.
– Sair de que?
– Das mensagens. – Rio.
Eu nunca vou sair delas. Já você, age como se nem tivesse apertado o botão de enviar. – Digo pegando a minha bolsa. – Eu já acabei a minha parte do trabalho.

Ando até a porta, ele me segue.

– Por que nós não podemos conversar com pessoas normais? Você sempre vai me lembrar dessa merda.
– Por que doeu, Luke. – Viro para ele, meu tom de voz já está maior que normalmente. – E é por isso que eu volto nessa merda o tempo todo. Não é uma coisa que eu posso simplesmente esquecer.

Começo a descer as escadas da casa dele, me arrependo totalmente de não ter trazido um guarda chuva.

– Você acha que é fácil para mim?
– Sim. – Piso na rua, sinto as gotas geladas baterem na minha pele.
– Inacreditável. Eu estou tão cansado. – Me viro para ele. Sua blusa preta e seus cabelos já está começando a molhar, assim como os meus.
– Cansado de que, Luke?
– Cansado da pressão. – Ele diz. – Você acha que é tudo é fácil para caralho para mim.
– Você não sabe o que eu acho.
– Então me diz.
– Eu acho que você não aguentaria ficar somente com uma pessoa. – Me arrependo assim que isso sai da minha boca.
– Claro, por que Luke Simmons é a porra de um mulherengo que não aguenta ficar uma semana sem transar com alguém.

Ele passa a mão pelo cabelo dele novamente, nós dois estamos completamente molhados e estressados.

– Você sabe o que eu acho? – Ele completa. – Eu acho que eu não deveria ter a porra da pressão toda encima de mim. Eu acho que eu tenho 17 anos e eu não deveria estar tomando 3 remédios por dia para conseguir agir como se fosse alguém normal.

Eu sinto meus olhos ficando marejados aos poucos.

– Para você vir aqui e falar que eu não me importo sobre o caralho daquelas mensagens?
– Por que você se importa afinal? – Pergunto sentindo cada única gota de chuva cair no meu corpo, ele ri.
– Incrível como você nunca percebe.
– Você nunca me da abertura para perceber nada, Luke. NADA. – Passo a mão pelo meu rosto. – Toda vez que algo acontece entre a gente, no outro dia você volta a ser um filho da puta frio.
– Eu só sou um arrogante filho da puta para você, não sou?
– Você não sabe de um terço do que você é para mim. – Digo.
– Eu realmente não sei de nada sobre você.
– O que você está falando? – Ando perto dele. – Você é a pessoa que eu mais confiei em todo esse tempo nessa cidade. Você, Luke. – Digo colocando meu dedo indicador no peito dele.

Respiro fundo e me afasto.

– E em troca? Eu ganhei 3 mensagens, e nada mais.
– O que você quer? Quer que eu termino pessoalmente novamente? – Ele diz me olhando.
– Não, Luke. Eu queria que nada disse tivesse acontecido. Nada entre a gente. – Ele não responde. – Talvez, se nada tivesse acontecido. Tudo estaria bem, certo?

Sinto uma lágrima descer pelo meu rosto, ela se mistura com as gotas que já estavam no meu rosto. Levanto meu rosto e olho para ele.

– Você não estaria com toda essa pressão, e eu não estaria me sentindo assim.
– Oli, se nada tivesse acontecido entre a gente eu estaria mais triste e mais vazio do que eu já estou. – Ele limpa meu rosto. – Desculpa por te fazer sentir assim, eu juro que se fosse possível nós ainda estariamos juntos.

Luke me abraça. Eu apoio meu rosto no seu ombro, suas mãos estão na minha cintura e a outra faz carinho no meu cabelo encharcado.

– Desculpa. – Ele diz baixo.
– Desculpa também. – Respondo.

 – Respondo

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Simmons ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora