C A P Í T U L O 75

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OLIVIA GREY

     Morgan sabia, Alisson sabia, todo mundo naquela casa sabia, mas eles pensaram em contar para Olivia? Não, claro que não.

     No dia que eles estavam fazendo cookies, foi o dia que ele contou. Eu cheguei, briguei com ele, e ninguém pensou em me parar e contar o que realmente estava acontecendo.

     Morgan está calada no banco do passageiro, ela não conversa comigo por que sabe que estou a ponto de explodir.

     — Hm. — Ela murmurra como se tivesse pensando no que falar. — Você vai contar para Luke...?
     — É o que eu pretendo.
     — Desculpa por não ter te contado antes. — Morgan diz baixo.
     — Tudo bem.
     — Você vai escolher o papai, né?
     — Eu preciso de tempo para raciocinar tudo, Morgan. — Entro na rua da escola. — Primeiro, eu nem deveria escolher. Segundo, eu preciso de digerir tudo isso.

     Ela não responde, minha cabeça vai explodir se eu continuar pensando nisso, preciso de um tempo.

     Tempo para pensar em tudo e tentar colocar minha cabeça no lugar, me sinto sobrecarregada.

    Estaciono o carro, Morgan desce de primeira. Não acho que ela esteja brava, acho que ela quer me dar um tempo.

     O ônibus totalmente preto ainda está na porta da escola, eles devem estar esperando alguém ou sei lá, já era pro time ter ido embora.

     Desço do carro, ando entre as centenas que estão parados no enorme estacionamento. Minha cabeça está latejando, não tenho certeza se é pelo sol ou pelo cansaço.

     Entro na escola, não consigo ver ninguém perto do meu armário, nem Claire ou algum dos meninos.

     Pego o único livro que vou precisar hoje e me apoio no armário, começo a mandar mensagem para Claire.

     "Ei, onde vocês estão?"

     Ando pelo corredor enquanto espero a resposta.

    "Onde nós almoçamos, vem aqui."

     Desligo o celular e começo a descer as escadas em direção a o pequeno banquinho onde comemos.

     Luke provavelmente vai estar lá, e nos precisamos de conversar, tipo, de qualquer forma conversar.

     Acho que nunca fiquei tão nervosa em ter que conversar com alguém, eu mal dormi pensando nisso.

     Como eu vou deveria contar para ele?

     Ei, Luke. Olha meu pai tem câncer, e pediu para escolher entre vocês dois, o que você quer que eu faça? Horrível.

    — Olá, Grey. — Harry diz quando eu me aproximo da mesa.
    — Olá, García.
    — Ei. — Luke diz me abraçando.
    — Você está nervoso? — Pergunto olhando para ele.
    — Não, deveria?
    — Não sei, vocês não deveriam estar na estrada?
    — Sim, mas o idiota do Matthew esqueceu a identidade dele. — Harry diz. — Eu já disse que odeio esse cara?
    — Hoje? Ainda não, mas em um geral, já. — Claire diz.
    — Você está bem? — Luke murmurra. — Sei lá, parece um pouco desanimada.
    — Não, podemos conversar?

   Ele faz "sim" com a cabeça e logo após entrelaça nossos dedos, nós andamos até o vestiário.

     Ninguém está lá dentro, todas as roupas do time sumiram e está bem gelado. Me sento no banco enquanto Luke fecha a porta.

    — O que aconteceu? — Ele anda até mim.
    — Meu pai. — Digo baixo, parece que tem um arame farpado enrolado na minha gargante.
    — Ele fez algo? — Não estou o olhando mas tenho total certeza que ele está sério.
    — Não.
    — O que aconteceu?
    — Ele me chamou na escritório e me contou que tem câncer. — Continuo olhando para baixo. — Ele me mostrou alguns exames depois disso, eu não sei, talvez ele achou que não acreditaria.

     Sinto minha garganta fechar aos poucos.

     — Eu estou assustada, cansada, eu preciso relaxar.

     Ele não responde, só me abraça. Sinto suas mãos quentes fazendo carinho no meu cabelo, deito minha cabeça no ombro dele.

     É estranho, eu não consigo falar por que estou segurando choro, mas ele? Por quê ele não fala?

    — Eu estou estressada, Luke. — Digo engolindo em seco. — Morgan já sabia, todo mundo sabia, exceto eu.
    — Sinto muito, Oli. — Simmons murmurra. — Eu realmente não sei o que falar, só sinto muito.
    — Ele acha que vai morrer. — Tenho que dar tudo de mim para impedir que uma lágrima desça. — Não quero que ele morra.
    — Ele não vai, Oli. Carl é forte.
    — Eu sei, mas parece que o medo está me consumindo.

     Descolo nossos corpos. Ele me olha com pena, Luke nunca admitirá que sente pena de mim, mas seus olhos o entregam.

     — Que tipo de câncer?
     — Pulmão.
     — Você sabe que tudo vai ficar bem, né?
     — Não, eu não sei.
     — Então eu vou te dizer: tudo vai ficar bem.

     Não tenho certeza de nada, nem de que ele vai ficar bem ou que eu vou ficar bem.

     — Eu quero um tempo. — Murmurro.
     — Tudo bem, tire esse tempo para você.
     — Um tempo de nós. — O olho.

     Luke não responde, parece raciocinar tudo. Ele me olha e não desvia o olhar nem por um segundo, sua respiração está normal.

     Suas sombrancelhas estão um pouco franzidas para baixo, exatamente como ele fica quando está bravo. Ele está bravo?

     — Me dê os três dias que você vai ficar lá para pensar, eu preciso disso. — Digo, logo em seguida Harry abre a porta.
     — Cara, nós temos que ir. — Luke murmurra um "estou indo" e Harry fecha a porta.

    Ele se levanta e anda devagar até a porta, acompanho cada movimento dele com os olhos.

    — 'Tá tudo bem, Oli. — Ele mumurra abrindo a porta. — Eu vou te ligar quando chegar, só para conversarmos.

     Ele aperta seus lábios tentando fazer um sorriso, logo após, ele fecha a porta e sai.

     Ele aperta seus lábios tentando fazer um sorriso, logo após, ele fecha a porta e sai

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