Simmons ✓

C A P Í T U L O 65

OLIVIA GREY

     Luke não me deixou dirigir meu próprio carro de forma alguma, ele dirige. Eu nunca me senti assim, estou com raiva, triste, e com nojo.

    Minhas mãos estão trêmulas, sinto que posso ter um infarto pela forma rápida e desesperada que meu coração bate na minha garganta.

     Simmons nunca esteve tão calado em tanto tempo, parece que ele está me dando um tempo para raciocinar tudo. Quem está sofrendo tudo isso é Luke e eu tenho certeza que nem ele raciocionou tudo que aconteceu.

     — Como você vai voltar para a sua casa? — Pergunto me dando conta de que não pensei nisso. — Você deveria ter me deixado dirigir.
    — Prefiro pagar para um taxi me levar para a casa, do que te deixar correr o risco de bater o carro.
    — Bater o carro? — O retruco.
    — Olivia, você está tremendo caralho. — Ele me responde.

     Sei que Luke está certo mas eu estou muito estressada. Meu próprio pai, meu próprio sangue, minha própria família.

     Nós estamos entrando no condomínio, eu quero pular desse carro só para ter certeza que vou chegar lá mais rápido.

      Sinto minha raiva aumentar quando o meu carro para na frente da casa, são quatro da tarde e eu não tenho ideia se meu pai vai estar lá dentro.

     — Me manda mensagem qualquer coisa. — Luke diz desligando o carro e me dando a chave.
     — Obrigada, por me trazer. — Digo, ele sorri.

     O abraço, sinto suas mãos segurando minhas costas. Eu sei que ele está nervoso e está escondendo isso de mim, eu sei.

     — Desculpa por não ter estado com você quando tudo isso aconteceu. — Murmurro.
     — Você não sabia. — Ele diz.
     — Eu deveria ter percebido.
     — Oli, você não é vidente. — Ele diz. — A culpa não é sua, é somente dele.
     — E ele é meu pai.
     — E eu sinto muito por isso. — Luke diz e eu rio.
     — Me diz quanto ficar o taxi. — Digo.
     — Não. — Ele diz abrindo a porta.
     — Eu não estou pedindo. — Digo enquanto Luke sai do carro.

     Saio do carro, ando até a porta meio aberta da garagem. Subo pelas escadas, escuto barulhos de risadas de Morgan misturadas com a de Alisson e de Carl.

    Não preciso de seguir as vozes, eles estão na mesa onde tomamos café da manhã. Eles estão fazendo pequenas bolinhas de massa de cookie.

     — Oli, oi! — Alisson diz.
     — Vem ajudar a gente! — Morgan diz.
     — Eu estou bem. — Digo andando até a mesa.
     — Onde você estava? Fui te chamar para ver filme comigo mas você não estava no seu quarto. — Morgan diz.
     — Eu estava na casa de Luke. — Digo olhando para Carl, o mesmo engole em seco mas não diz nada. — Você o conhece, Pai? — Digo.

     Ele limpa a mão de massa de biscoito com um papel. Ele me olha, definitivamente sua pele fica mais pálida quando vê meu sorriso irônico.

    — Não vamos fazer isso aqui, Olivia. — Rio.
    — Você esta brincando né? Quando você se meteu na minha vida estava tudo certo, mas agora você não quer fazer isso?
    — O que está acontecendo? — Morgan pergunta.
    — Nada, filha. — Carl responde.
    — Conta para ela ou eu vou. — Digo.
    — Contar o que? — Alisson pergunta, ele fica calado.
    — Que ele se meteu na minha vida pessoal, fez o cara que eu sou apaixonada ter vários problemas psicológicos, e tudo isso para provar que ele é o pior pai do mundo.
    — Eu fiz isso pelo seu bem! — Ele grita.
   — Você realmente se importa com isso? Ou foi só mais uma forma de controlar a minha vida, como você fez com a minha mãe? — Digo.

     Carl anda pela enorme sala em círculos sem fim. Morgan e Alisson estão caladas, eu tenho tanta coisa para falar que parece que vou explodir.

     — O que você achava que iria acontecer com vocês, Olivia? — Ele diz ainda gritando. — Achava que Luke Simmons iria largar tudo por você? Que grande idiota! Aquele garoto tem um futuro brilhante no basquete e você na medicina, esse romancizinho de vocês nunca iria dar em nada!
     — Você realmente acha que eu iria fazer ele largar tudo por mim? Eu não sou uma puta egoísta igual você!
     — Tudo que eu fiz foi para te dar um futuro melhor e você fez o que? Ia saindo com Luke e mentindo para mim que sairia com Claire. — Ele diz. — Você nunca mentiu para mim!

     Tento segurar a minha vontade de rir, mas é impossível.

     — Mentir para você? Claro que nunca o fiz. — Digo subindo as escadas até o meu quarto, grito para que ele possa escutar. — Quando todas as minhas amigas estavam mentindo para os seus pais para conseguirem sair com os seus namoradinhos, eu estava chorando me perguntando o que eu fiz para o meu pai ter me abandonado com TRÊS ANOS!

     Bato a porta do quarto. O barulho ecoa pela casa, encosto na porta, sinto meu corpo escorregar devagar.

     Meus braços estão envolta dos meus joelhos, coloco meu rosto entre eles e deixo todas as lágrimas saírem.