Capítulo 14

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"Só espero que você saiba que só por você, eu daria minha vida para fazer o seu coração bater melhor."— I Hope You Now

As mãos de Helena acariciaram os velhos instrumentos escondidos no sótão

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As mãos de Helena acariciaram os velhos instrumentos escondidos no sótão. Um sorriso quente cresceu em seu rosto. Imaginava como eram os velhos tempos. Os salões de dança eram repletos de pessoas felizes e realmente animadas com festa? No interior, fora palácio as pessoas viviam bem?

— Às vezes eu gostaria de viver no passado.— disse a si mesma. Soprou a poeira do violino favorito da sua mãe.— Gostaria de ter lembranças vívidas do meu pai.

A quem exatamente falava, não sabia. Apenas desejava falar, queria desabafar, falar o que pensava, mas estava sozinha. Lana não estava ali, Afonso também não, assim como Hector. Todos estavam absortos em seus próprios problemas.

— Eu sei que não somos amigos... mas eu gostaria de falar com alguém.— escorou no chão.

O sótão repleto de poeira era a prova de que há anos ninguém pisava os pés ali. A luz da lua dava um toque especial ao ambiente. Apesar de sujo, sentia-se em paz ali. Todos os problemas pareciam ser amenizados, como se o sótão fosse um lugar à parte do país.

— Me considera louca ou inoportuna me dirigir a você a essa hora da noite? Sinto muito, meus amigos costumam dizer que você é um ótimo, que os ouve em todos os momentos. De acordo com a minha leitura, você pode me ouvir. Disse que quem procurasse encontraria. Não estou desesperada, oprimida, estou apenas confusa, eu por acaso me enquadro no grupo de pessoas ouvidas?

Puxou para perto um baú.

— Não posso confiar em quem está disponível para me ajudar. As pessoas que quero ajudar não são confiáveis.— sorriu sem humor. — sabe na pele o que é isso, certo?

Passou a ponta dos dedos nos contornos bem feitos do velho objeto amadeirado. Não era um simplório. Era talhado em forma de flores e no centro uma bela alexandrita esverdeada abrilhantava, deixava o baú ainda mais sofisticado. Alguns objetos se faziam presentes, como era o caso de uma escova prateada, algumas cartas unidas por uma fita de lã negra. Todos esses objetos, ou quilharias — o nome dado, dependeria de quem os visse. Para Helena eram peças capazes de contar histórias de um país, de uma monarquia inteira e claro, da sua família.

Apesar do seu desejo em observar e mexer naquele baú, assim como no resto do sótão, sua atenção foi presa em um caderno encapado em couro marrom, devidamente fechado, preso por tiras no mesmo material e cor. Tomada de curiosidade, desfez a amarração.

Na primeira página a dedicatória foi o que mais lhe chamou atenção.

" Para a minha querida bebê que cresce rapidamente. Caso tenha encontrado esses escritos pessoais antes dos quinze anos, esqueça que o viu e deixe-me fazer uma surpresa.

Jerrin"

Era dela, certo? Virou a página. Um sorriso incontido brotou em sua face. Virou a página rapidamente. A folha seguinte, um tanto amarelada, continha um desenho. Era a sua mãe segurando um bebê no colo. Enrolada em mantas e mais mantas a criancinha parecia berrar, sua mãe, por outro lado, parecia feliz independente dos protestos irritados. Era surpreendente como os traços eram fiéis, havia perfeição de detalhes em ambas, julgava isso através do rosto de Isobel. Era reconfortante saber que um dia sua mãe sorria com tamanha felicidade. A Isobel que mais lembrava, era uma mulher de muitos sorrisos, falsos e verdadeiros com predominante olhar de preocupação bem ao fundo. Ali, naquele retrato ela parecia tão tranquila.

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