Capítulo 72

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"Afasta, pois, a ira do teu coração, e remove da tua carne o mal(...)"- Ec 11:10

Naquela madrugada Lorenzo não pôde juntar os olhos outra vez

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Naquela madrugada Lorenzo não pôde juntar os olhos outra vez. A cada momento que o seu corpo relaxava, ficava instantaneamente tenso outra vez, apesar do cansaço sua mente não sentia-se segura o suficiente para permitir o seu sono. Por sorte, pouco antes do sol nascer foi abençoado com duas horas de sono. Quando o sol despontou, a casa estava silenciosa. Sua esposa dormia no sofá, as pernas estavam encolhidas em cima do sofá e o rosto estava inclinado sobre os braços, descansava no braço do sofá. A mão esquerda, o símbolo de seu eterno compromisso, estava caído para frente. Provavelmente estaria dolorida quando acordasse.

Foram horas de solitário silêncio na madrugada, mas, desta vez ele não agiu como no passado. Apesar da forte inclinação a recusa, o Espírito o convenceu de conversar com O Rei, mesmo um tanto retraído. Algo era certo sobre o casal, tinham dificuldades para externar ao Céu suas dores. Tinham o estranho hábito de desejar parecerem bons e perfeitos, humanos, líderes, cônjuges diante de Deus. Ambos enxergavam, sentiam o chão estremecer sob seus pés, mas o orgulho não os deixava olhar para cima. Eram problemas causados por escolhas passadas, mesmo assim, Deus não era indiferente aos problemas e dores humanas, mesmo que eles a tenham causado. Tanto Helena quanto Lorenzo eram acostumados a acertar, serem bons no que se propunham a fazer, eram juntos, leais. Inconscientemente desprezavam ser vistos de outro modo aos olhos de Deus. Queriam ser bons aos olhos dEle. Lorenzo especialmente. Ele não queria ser visto como o homem capaz de odiar a própria esposa na mesma medida que podia amá-la, especialmente quando pretendia ser a forma visível do amor de Deus para sua esposa.

Não havia nada de errado em tentar ser bom, ou parecer com Deus, Jesus veio a Terra para mostrar exatamente o que deveria ser feito para assemelhar-se ao pai, no entanto, era um terrível tentar chegar nesse nível usando os próprios esforços e não A Graça oferecida a preço de sangue. Ninguém, por mais justo e perfeito aos olhos humanos, conseguiam tal proeza. O amor não podia fluir corretamente se a fonte não jorrasse.

Lorenzo observou os cachos cobrindo o rosto de Helena. O amor, diferente do que muitos pensavam, não era de todo romântico. Ele era belo, altruísta, corajoso, verdadeiro, paciente. Essa era a beleza comentada e almejada, mas, nem sempre as pessoas olhavam corretamente para o significado disso. Deus disse por meio de um apóstolo em 1 Coríntios 13:

"O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará."

Era fácil enxergar e apaixonar-se por essas palavras até se fazer necessário agir pelo amor quando não parece justo fazê-lo. Amar é belo quando não é preciso perdoar alguém responsável pela morte de um ente querido, como fez a Afonso.

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