Capítulo 41

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Incômodo

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Incômodo.

Essa palavra poderia definir facilmente o que Lorenzo sentiu ao ser abraçado por Dária. Sim, era uma atitude comum para ela, por mais importuna que fosse. Mas não foi o abraço que lhe incomodou e sim o que diria à Helena. Decerto havia um passado do qual não se orgulhava, mas não tinha o que fazer para mudá-lo. Após a morte da sua família, o que sobrou dela, viu-se perdido e sozinho. Pela primeira vez não havia ninguém. Estavam mortos. Apesar de todos os esforços, foi insuficiente para deixar os seus vivos. Foi um período difícil. Nunca foi como os jovens da sua idade, inconsequentes, desprovidos de bom senso e tendenciosos. Durante toda uma vida foi considerado um bom garoto, até os dezessete. Fez tudo que nunca se passou por sua cabeça, o que considerava tolice e perda de tempo na vã tentativa de aplacar o vazio que todas as mortes causaram.

Independente dos seus atos passados, promíscuos, perversos ou não, já não faziam parte do seu presente há muitos anos. Aprendera a lidar com as frustrações e dores a sós. Assim ele acreditava, que foi a sós, mas para um bom conhecedor, a sua evolução discordava desse pensamento. Ver Dária ali foi como um espinho perfurando o seu dedo. Não causaria estragos, mas incômodos, sim.

Cada aspecto descoberto por Helena era um incômodo que ele não estava disposto a enfrentar. Essa era uma das razões para apoiar tanto um antigo nobre para ensinar a sua esposa, ela poderia saber sobre o passado sem que ele precisasse dizê-lo. Sabia que ela questionaria seu passado e sinceramente não gostava de falar sobre o assunto. Apesar disso, ultimamente, preferia responder todas as suas perguntas a deixá-la criar suas próprias teorias. Já que tinha de mostrar o passado, pensou em algo que era bom e agradável, melhor dizendo, alguém.

O som agudo do sino foi ouvido assim que a porta se abriu. Os olhos de Helena varreram o local. Era bastante simples. A decoração rústica, com as paredes e piso feito de uma madeira escura e brilhante deixava o pequeno restaurante aconchegante. As mesas estavam espalhadas por todo lugar, no entanto, vazias. Ao som do sino uma senhora saiu de trás das cortinas que cobriam a cozinha. Não demorou dois segundos para ela contornar o balcão e ir na direção dos clientes.

A mulher era minúscula. Certamente possuía menos de 1,54 de altura. Andava um pouco curvada, mas isso não impedia a sua agilidade. A pele enrugada denunciava a elevada idade, ainda assim Helena a achou bastante charmosa. Havia alguns sinais na pele negra, contrastando e casando com o azul-marinho de seus olhos.

Não sabia o que havia naquela mulher, mas o seu rosto transmitia algo, o que a classificava como agradável sem nem mesmo abrir a boca. Em primeiro, abraçou Lorenzo o qual retribuiu elogiando a beleza da senhora. O abraço não demorou muito. Ao separar olhou para trás de Lorenzo curiosa. Até aquele momento viu apenas um pedaço de uma capa. Aquele rapaz era realmente alto e corpulento o bastante para esconder alguém atrás de si.

— Oh! Que maravilha! Deves ser a rainha Helena. Estou encantada em conhecê-la, majestade.— curvou-se demoradamente.— Temia que seu marido nunca a trouxesse para uma visita. Por favor, sentem-se vou trazer um caldo para vocês.

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