Capítulo 60

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"Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante." (Eclesiastes 4:9-10)

Helena esperava alguma reação: raiva, rancor, ódio, mas tudo que sentia era dúvida

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Helena esperava alguma reação: raiva, rancor, ódio, mas tudo que sentia era dúvida. Ainda não conseguira assimilar as ideias. Seus pensamentos não estavam restritos ao primeiro dia que esteve em Andorra, e sim aos que vieram depois. Ele continuou cantarolando? Aquela maldita cantiga soou mais de uma vez. No entanto, ele não sabia sobre a sua queda, até demonstrou preocupação, então ele não era responsável. E se não foi ele quem seria? Poderia pensar ser alguém apenas cantando sem segundas intenções, — por ser muito conhecida em Andorra — mas o que um servo de Andorra estava fazendo cantando de madrugada? E mesmo que este fosse o caso, ele ouviria a sua queda e iria ao seu encontro, mas isso não aconteceu. Poderia ter atitudes questionáveis, mas não a machucaria sem provas, especialmente sendo sua noiva.

— Eu não pretendia assustar você. Eu precisava saber até onde iam as suas memórias, por isso repeti a atitude algumas vezes, mas eu não fui tão longe. Anthony estava por perto e observou você em silêncio, porém também excedeu as minhas ordens e foi além. Eu não prossegui quando constatei que você de fato não lembrava, por isso não posso acreditar que você ouviu essa música como fruto da sua imaginação. Anthony foi proibido de entrar no castelo, e Ani não teria conhecimento suficiente para assustá-la. Posso desconfiar de Aaron, mas não acredito que ele saiba muito sobre os acontecimentos em Albânia.

O dedo indicador pousou na têmpora direita. Helena já podia sentir as dores de cabeça se aproximando. Ani não tinha mesmo conhecimento, mas ela não precisava descobrir sozinha. Conhecia bem alguém que deixava nítida suas intenções assassinas, no entanto, divertia-se deixando a pensar que a vida estava segura por uma fina linha, a qual ele poderia romper facilmente.

— Terror psicológico não é incomum em nosso meio. Lido com isso desde a infância. Se Dária tinha ligações com Isor, Ani também pode ter. Eu ainda penso— seria mais correto dizer: "prefiro acreditar"— que não é algo que precisamos nos preocupar, mas seria imprudente da minha parte ignorar.

Lorenzo observou a sopa de cheiro delicioso. Até em seu momento de descanso era obrigado a correr. Como seus planos foram esmagados daquela maneira? Foi um planejamento perfeito, terminaria o quadro e mostraria a ela, seria um presente. Os últimos dias estavam tensos, então queria a atenção da esposa para algo bom. Poderia oferecer joias, entretanto, considerou tudo que ela tinha. Algo feito por suas próprias mãos poderia ser mais encantador, mas inesperadamente o rumo da conversa, da situação mudou. Sabia estar mostrando o passado, mas não foi incômodo, também desejasse que ela visse mais sobre ele, e parte dele estava pintada naquelas telas.

Não pode evitar a descoberta. Poderia tentar, de alguma maneira, omitir, mas algo lhe dizia que seria ainda mais problemático. Seria tolice subestimar a inteligência da sua esposa. Já fora o suficiente abrir uma pequena abertura para a desconfiança.

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