Capítulo 84

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"Chorem com os que choram(...)"- Romanos 12:15

O grande frio e som dos animais noturnos era apenas mais uma lembrança da noite que parecia não ter fim

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O grande frio e som dos animais noturnos era apenas mais uma lembrança da noite que parecia não ter fim. Já não havia importância alguma para Aurora o frio pavoroso que fazia seus órgãos estremecerem dentro de si. Tudo que ela desejava era encontrar uma saída. Seu corpo estava dolorido, seus pés feridos pela grande quantidade de tempo andando descalça. E como se nada disso fosse ruim o suficiente, gotas grossas e pesadas caíam sobre a pele fria demais, escorriam por seus longos cabelos escuros, pernas.

Numa tentativa de aplacar o frio, cruzou os braços, mas percebeu o quão exposto a deixava, mas do que estava. Um sorriso desprovido de emoções positivas surgiu por dois segundos em seus lábios. Por que tentava cobrir-se? Não adiantava. Nada havia em seu corpo que diversas pessoas já não tivessem visto. Gargalhou silenciosamente diante de tal pensamento. Os lábios finos deixaram um pequeno som escapar, mas ele logo se desfez.

Olhou para o céu nublado pelas recentes nuvens ansiando por um pouco de calor, algo para cobrir o corpo desnudo.

Não tinha tempo para pensar em como poderia ser vista, não importava o quanto lhe parecesse ruim. Não era a primeira vez que usava seu corpo para salvar a própria pele. Sempre faria o necessário para sobreviver, mas isso não significava que estava bem com suas próprias escolhas. Cruzou os braços outra vez de modo a cobrir seus seios.

Deus, como ela precisava de calor.

De cabeça baixa, os pés feridos, ensanguentados dos espinhos e pedras pontiagudas encontradas no caminho.

Céus, que cansaço!

— Deus de Tarkin, se você se importa mesmo com todos os humanos, não apenas uns e outros, por favor, me ajude a encontrar o caminho de volta, não peço nada além disso.

Aurora não estava exaurida pelas horas a caminhar, e sim pela situação a repetir-se. Parecia uma sina maldita.

As palavras do seu pai ecoavam em sua mente, o sorriso largo da sua mãe enquanto a instruía, quando adolescente, a fazer Henrico deitar-se com ela e como deveria ser feito, os detalhes ensinadas para satisfazê-lo. Ninguém, aos quatorze anos, deveria ser coagido pelos pais a fazer coisas como essa, em idade alguma. Mas, sua mãe dizia, caso ela não o fizesse ela perderia a aliança que tinha. Lembrava do quão horrorizada ficou quando seu pai disse que ela deveria facilitar seu trabalho com os investidores de outros países, afinal, ela era bonita o suficiente para divertir uns e outros. Tinha apenas quatorze anos. Ele disse que ela poderia escolher dançar para eles ou não, mas ele mentiu, ser espancada ou dançar diante de desconhecidos não era exatamente uma escolha, era?

Lembrava de pedir a ajuda da mãe naquele dia, mas as palavras exatas foram: "ah, não seja tão sentimental, Aurora. Sei que em Mar-Azul eles ensinam a preservar a imagem do seu corpo, mas isso é tolice. Tudo na vida é mais fácil com um pouco de beleza e isso você tem em abundância, então não seja egoísta, sirva ao seu reino com ela sem reclamar. Não a criei dessa forma."

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