Capítulo 47

310 34 89
                                    

"(...)ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.
O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará;"¹

 O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará;"¹

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Helena mordiscou o lábio inferior com certa força. No fundo, ela sabia que não havia o que fazer, aceitar era tudo o que era possível, mas ainda assim, ela procurava uma maneira de contornar a situação. Lorenzo sorriu, uma silenciosa afirmação de que, de fato, ela não tinha opção. Qualquer movimento seu resultaria na queda da rainha e em seguida o rei.

A senhora cerrou os olhos, soltou um suspiro desgostoso, ainda assim animoso porque fora melhor que sua imaginação propôs.

A cama de Lorenzo era usada para um propósito especial, uma partida de xadrez. O rapaz ficou indignado quando Helena disse nunca ter jogado. Naquela noite escolheram passar um tempo a sós, fazendo qualquer coisa, contanto que estivessem juntos. Então, após um banho, Helena o encontrou no quarto com uma bandeja com sopa de jantar, além da vasilha de pão para o caso de sentirem fome depois e como acompanhamento para o possível lanche, vitamina de banana. Ele não pretendia vê-la fora dali tão cedo.

Um movimento foi feito, então aconteceu exatamente o que ela previu. A perda da rainha é do rei, um xeque-mate.

— Gostaria de um jogo que eu claramente posso vencer, assim como você no xadrez. Eu estou certa que posso vencê-lo facilmente com alguns treinos.

— Estou mais que disposto a ensinar. Agora — colocou o tabuleiro no carpete — vamos comer. — colocou a grande bandeja na cama, os dois se curvaram um pouco para alcançar o alimento. Por sorte, estava frio o suficiente para não queimar a mão de ambos. Helena estava frente ao marido encostado nas grades da cama.

Não poderia mentir, ficou nervosa quando Lorenzo pediu a Bather que levassem a comida para o quarto dele, afirmando que ali comeriam. Havia situações para as quais não estava preparada, mas ao chegar ali, ele estava por completo vestido e emanando cheiro almiscarado, a madeirado, a pele do rosto mais limpa que nunca, esperando-a com um sorriso suave. Olhando-o nos olhos, enxergando a calmaria e até mesmo reverência em seus olhos, suas ansiedades desapareceram completamente.

Ele bateu levemente na cama para ela sentar. Talvez fosse devido ao recente reconhecimento dos sentimentos, mas estar ao lado dele ia além do conforto. Um delicado e invisível laço os cercava, unia-os lentamente, a cada decisão tomada, a cada permissão dos recorrentes sentimentos.

Caminhos de ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora