Capítulo 25

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As ondas do mar batiam levemente contra o casco do navio, o porto de Andorra estava há poucos metros distantes da tripulação do navio

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As ondas do mar batiam levemente contra o casco do navio, o porto de Andorra estava há poucos metros distantes da tripulação do navio. Helena batia levemente nas saias do vestido, tirando poeiras imaginárias, já repetia aquele movimento desde o momento que ergueu-se do chão. 

Após a história de Lorenzo, ele foi chamado por um dos seus guardas impedindo a continuidade daquela conversa e consequentemente concedendo mais tempo para Helena pensar. Não havia o que dizer, não culparia Afonso, não acreditava que ele tivesse feito algo à sua mãe intencionalmente, e relacionado a irmã de Lorenzo, apostava em um erro de comunicação, era melhor pensar assim. Afonso foi uma das pessoas que lhe mostrou uma diferente perspectiva do Criador, até mesmo da vida. Ele e sua família estiveram lá quando ela precisou de um chá quente, e abraços calorosos, estavam lá quando ela não precisava. Visto tudo que mostraram ser, não poderia julgá-los e categoricamente afirmar que Afonso havia cometido coisas como essas, como também não poderia dizer que não havia feito. Ele era um bom homem, mas esse era o homem que conhecia há dois anos. Não diria que Lorenzo estava mentindo, aos seus ouvidos, era uma história incompleta e naquele momento, precisava manter os olhos no presente e futuro, seria a melhor decisão a fazer. Não voltaria àquela história até ouvir a versão de Afonso. Era a melhor escolha.

Finalmente aportaram. O cais estava uma loucura, curiosamente Helena admirava a movimentação caótica. Estranhamente ninguém parecia se importar com a grande quantidade de guardas rodeando o casal, estavam mais preocupados em descarregar alguns navio ou fazer trocas de produtos. O que estava acontecendo ali afinal? A carruagem não estava distante, por isso não demorou tanto tempo sendo esmagada pela quantidade exagerada de soldados. Foi ali que ela notou olhares curiosos na direção do carro, viu o exato momento em que uma senhora de idade apontou indiscretamente para o seu rosto e gritou "o rei está acompanhado de uma mulher!" As bochechas de Helena adquiriram um tom escuro vendo as cabeças voltarem em sua direção, mas já era tarde demais para muitos curiosos. Assim que velhinha gritou chocada, Lorenzo se esticou um pouco na direção da janela esquerda e puxou a cortina, mas já tinha sido vista por muitos. Alguns até ousaram acenar. Deveria acenar de volta ou teria alguma apresentação formal?

— Eles estão animados. — Helena sussurrou para si mesma. Lorenzo estava sentado no banco à frente, tinha os braços cruzados na frente do peito, era uma imagem um tanto séria.

— A festa da colheita está próxima, geralmente eles ficam agitados em datas festivas.— respondeu olhando pela fresta da cortina.— É a maior festa que temos, geralmente acontecem em locais menores, onde suporta uma grande quantidade de pessoas, é um evento interessante.

Nenhum deles falou mais nada. Lorenzo logo voltou os olhos para um livro e Helena abriu as cortinas, focando em observar a passagem mais uma vez, era estranho como a organização das casas, as plantações, até mesmo o vento fresco parecia lhe acolher. Olhou de relance para o noivo.

Lorenzo era o seu noivo, era estranho admitir, ainda mais se tratando de quem era. Há pouco tempo jamais imaginaria essa possibilidade. Não pretendia sequer casar, não pensava significativamente sobre o assunto. Estar frente ao rei de Andorra, vendo-o ler, tendo em mente os sorrisos verdadeiros e irritantes, o seu comportamento implicante e responsável, era algo que nunca imaginou ver. Quem era Lorenzo Nicolai Beaumont, afinal? Tinha parte dessa resposta, ele era o rei de Andorra, um dos reis mais temidos da atualidade, um homem responsável, mas fora isso, fora o título e tudo que ele exigia, quem era? Como era o homem por trás das roupas luxuosas, por trás da grande guarnição, palácio e coroa? Sentia um frescor incomum se alastrar no estômago ao pensar sobre o assunto, buscar na memoria uma resposta. Lorenzo levantou as órbitas, ainda de cabeça abaixada, mas em segundos voltou a encarar o livro sorrindo com graciosa suavidade. Fechou o livro, firmando-o no colo. Deixou a cabeça cair levemente para o lado enquanto a olhava. Os olhos dele brilhavam com leveza, nem parecia o mesmo homem de sorrisos que ela não conseguia definir, implicantes. Era surpreendente aos olhos de Helena ver em seus olhos tranquilidade.

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