Capítulo 55

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"Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade." - Eclesiastes 4.9-12

— Eu não posso pensar direito com meu braço enfaixado!— resmungou Helena após a menção do marido sobre ensina-la a jogar xadrez após cinco perdas seguidas

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— Eu não posso pensar direito com meu braço enfaixado!— resmungou Helena após a menção do marido sobre ensina-la a jogar xadrez após cinco perdas seguidas. Lorenzo não fez questão de esconder a gargalhada indiscreta. Que péssima perdedora! Já dissera nas últimas quatro vezes tal frase, por essa razão decidiu apenas rir do bico infantil em seus lábios e chateação estampada, especialmente por suas sobrancelhas arqueadas exageradamente.

— Seja fiel a sua palavra e me entregue o prometido.

O quarto era apenas deles, naquele momento. Deveria mencionar o quanto ele ficava agoniado ao chegar no quarto da esposa e simplesmente não poder conversar com ela como gostaria porque seus amigos estavam ocupados demais lhe enchendo de histórias acontecidas no castelo enquanto Tarkin a obrigava repousar. Não ousou falar nada, afinal, aquelas pessoas demostravam se importar e Helena sempre estava tão sozinha naquele castelo. Seria injusto da sua parte querer o monopólio de seu tempo, apesar de não considerar um erro doloroso. Ele era o marido, estava em casa, não tinha o direito de ficar um tempo a sós com a sua esposa? Quanta crueldade para um homem. Então se contentou em assistir aquela interação em silêncio, um pouco mais afastado, deixando todos a vontade na presença da sua rainha.

Por vezes Helena olhou o quanto do quarto e viu Lorenzo olhando atentamente para ela, geralmente sorria quando os olhos se encontravam. Apesar de toda a comoção dentro e fora do castelo, ficou surpresa por Lorenzo sair do quarto provisoriamente seu apenas para tomar banho. Mesmo tão perto, ele estava distante. Atribuiu a sua introspecção. Ele não parecia muito disposto a interagir com aquele ciclo, além de estar trabalhando dali mesmo. Até montou uma pequena escrivaninha para cuidar dos assuntos do quarto mesmo. Apesar daquela distância métrica, era apenas ficar sem ninguém ao redor, ou com a exceção de Tarkin, que ele se aproximava. Naquela segunda noite pós acidente decidiram fazer algo juntos.

Apesar da velocidade na recuperação, Tarkin ainda a proibia de circular pelo castelo. Mesmo estando muito bem, o seu estado para todo o castelo parecia delicado. Estavam ansiosos demais, temendo algo improvável como outra hemorragia ou uma queda brusca enquanto andava em razão da sua fraqueza.

Imaginava que Lorenzo ativaria sua versão protetora metida a fera vigilante, no entanto, fui surpreendida pela tranquilidade que ele esboçava. Até mesmo lhe dizia o que estava acontecendo no castelo e ao redor dele politicamente. Deveria dizer que a ansiedade estava começando a abatê-la naquela noite, não por tudo estar caminhando para o caos, ou talvez fosse apenas uma semana de todas as notícias perigosas.

Dária e Ani se negavam a falar. Inicialmente Lorenzo concedeu 24h para pensar qual a preferência de ambas, revelar por bem, ou expor através de métodos não desejados. Helena pode constatar no tom de voz o quanto Lorenzo estava infeliz ao declarar desejar ouvir algo delas mesmo que para isso tivesse que forçá-las. Era ridículo pensar que as pessoas o julgavam como um assassino cruel, quando ele tinha dificuldade em realizar um interrogatório. Também não podia negar como aquela situação lhe parecia estranha. Lorenzo poderia agir suavemente, mas algo que sabia sobre pessoas assim era o que poderiam fazer sob pressão.

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