Capítulo 49

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"A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira. 

 A morte e a vida estão no poder da língua; 

 o que muito abre os lábios tem perturbação."¹

Helena olhou o relógio disposto em cima daquela grande mesa

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Helena olhou o relógio disposto em cima daquela grande mesa. A noite chegou depressa. Poderia dizer que as 24h certas e prometidas no dia, haviam diminuído drasticamente. Com dois reis e dois príncipes extremamente atarefados, o castelo estava no mínimo caótico. Algo era certo, se os líderes trabalhavam, os servos se empenhavam ao máximo em seus auxílios.

Ditados antigos que um problema jamais vem solitário, ele certamente traz consigo companhias. Helena nunca esteve tão certa disso. Ela estava uma confusão, mas o seu dever era resolver a confusão de outros no momento, pondo-se em segundo plano. Em parte ela se sentia mais tranquila, ocupada como estava era impossível pensar em como se sentia usada e objetificada. Com os olhos fixos naqueles registros de morte e vida, não tinha espaço para pensar em como Lorenzo foi covarde e desumano.

— Uma viagem não é indicada. — foi tirada da concentração pela voz irritada da princesa ao lado.— Nenhum pouco.

Não demorou mais de dez segundos para Helena situar-se da situação. Lorenzo e Tom pretendiam buscar provas concretas fora do castelo, nas terras ao norte do país onde havia maior incidência de natalidade e mortalidade em progressão. Por alguns anos acreditaram que a terra ou água tinha algum problema, todavia, descartaram a possibilidade quando nenhum dos adultos demostrou qualquer sintoma adverso. A causa não foi descoberta e os moradores disseram ser uma espécie de praga que acometia mães sem cônjuge. Sempre foi uma história absurda exatamente por essa razão era um local onde poderiam descobrir algo além de suposições.

— Como não seria? Não há tempo há perder. Se pessoas escravizadas estiverem viva, devemos fazer algo.— argumentou o príncipe.

— Tenho uma péssima sensação.

— Não, — Lorenzo se impôs no diálogo.— não podemos confiar em sensações, Sofia, é tolice.

Helena pensava o mesmo. Era como um aviso, um grito vindo de dentro ressoando "não". Não diria que era seguro confiar em sentimentos, mas aquilo não era um sentimento. Por um lado, os homens estavam certos, por outro poderia não ser de grande ajuda tê-los longe.

— Então confiem na lógica. Receberemos o príncipe de Mar-Azul e Habaque, decerto o navio vindo da Albânia está próximo. Haverá movimentação no palácio e a quantidade de visitantes pode agitar o povo, não temos costumes de receber visitas simultâneas. Eles viram um homem sendo levado preso, os soldados reforçando a guarda nas fronteiras e bairros. Estou certa que há uma comoção. Por mais que eu ponha grandes créditos na ausência de caráter do prisioneiro, não acha simples demais tê-lo revelando o que queríamos?— na verdade, ela não acreditava que houvesse algo mais no prisioneiro, mas precisava convencê-los a ficar. Não era estranho que ela e Sofia tivessem as mesma sensação premonitória?

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