Capítulo 86

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"Você esqueceu de mim. Você esqueceu quem você é, e esqueceu de mim. Olhe para dentro de você, você é muito mais do que pensa que é. Lembre-se de quem você é, você é o meu filho." - Rei Leão

O céu azul era o prenúncio para o início de um belo dia

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O céu azul era o prenúncio para o início de um belo dia. Os pássaros cantavam belamente, trabalhadores iniciavam o dia como sua rotina pedia. Estava tudo bem. Ao menos deveria estar. O que mais faltava? O dia estava iluminado, Helena estava em casa, Aurora estava segura. Os reis não precisavam preocupar-se com um sequestro. Ainda assim, era nítido, havia peças fora do local.

Dentro do quarto, Helena observava o céu através das persianas. Os braços cruzados abraçavam os ombros. Ela batia suavemente ali, um conforto solitário; olhava para o azul e branco unindo-se no firmamento, pensando o que dizer para Deus para respirar melhor. Desejava tanto estar fora do quarto, sentir-se um pouco mais liberta, mas isso implicaria ver pessoas que pretendia evitar e isso era indesejável por completo. A mera ideia de atravessar os corredores e ver os servos, olhar seus soldados nos olhos era nauseante, já poderia sentir a língua pesar em prenúncio de vômito. Pudera. As horas posteriores ao resgate foram desgastantes. Ninguém poderia negar.

A túnica translúcida da rainha esvoaçava ao balanço do vento, uma cálida lembrança do Pai celeste quanto a sua presença. Ela poderia estar em silêncio, nervosa e tímida demais para detalhar cada sensação viajando pelo seu corpo, mas ela estava ali, pedindo em silêncio para que Ele estivesse lá. Ela disse tudo que podia na noite anterior quando foi severamente humilhada diante de inúmeros soldados e servos, no castelo de Albânia. Horas antes ela entrou no quarto e trancou-se deixando claro o seu desejo de estar sozinha. Ainda assim, seu pai invadiu o recinto e esteve com ela mesmo quando ela pediu para ele ir. De fato, Helena precisava ficar sozinha, mas como pai, ele não via possibilidades de deixar sua filha a sós em um momento como aquele. Não faria bem.

— Minha filha, converse comigo! — àquela altura, diante de tanto silêncio, aquela voz não foi um pedido, foi uma súplica.

— Pai, eu vou ficar bem, não precisa preocupar-se. Não...— ela olhou para a parede diante de si. Lembrou do dia que acordou apavorada e coberta de sangue. Os soldados não foram capazes de manter a sua guarda. Não era impressionante como demonstravam seu poder, faziam grandes expedições, salvavam e serviam o povo de diversas maneiras em momentos distintos da história, mas não puderam impedir Anthony de entrar no seu quarto. Não moveram um único músculo quando Ezra avançou em sua direção após gritos e impropérios. Antes considerava ser apenas acontecimentos incontroláveis, mas, deixara de alimentar tal crença horas antes.

Sua mente retornou ao momento da pequena discussão da noite anterior.

Estava em um abraço grupal com Lana e Aurora, ouvindo o choro da sua antiga serva quando ele gritou. Diversos soldados e servos estavam reunidos na entrada do castelo, com os pés sob o belo jardim. A surpresa foi nítida, afinal, ele estava conversando com Aaron, por qual razão gritou à rainha com tamanho desdém?

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