Capítulo 50

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Um grito furioso soou no recinto no grande castelo, a fúria consumia aquele homem com fervor, certamente havia razão para isso, a situação estava fugindo do seu controle. Como consequência um vaso feito de barro, feito pela princesa do meio daquele país, foi espatifado.

— Se continuar fazendo essa cena, descobrirão que está aqui.— ditou friamente o parceiro. Não parecia tão emotivo quanto o antigo rei.

— Você tem uma mínima ideia da tolice que fez? Deixou uma traidorazinha viver, permitiu a fuga dela! Deveria tê-la matado quando houve oportunidade.

— Você pensou nisso sozinho? — rosnou — Pensa que não teria consequências matar a prometida do príncipe herdeiro de Mar-Azul, amiga da rainha de Andorra? Mar-Azul é pacífica e jamais entraria em discussão com qualquer país sem motivos fortes, matar a futura rainha deles, certamente é um. Não os subestime, têm exércitos poderosos e aliados superiores, como Andorra e Luminus. A morte de Aurora traria problemas igualmente grandes. Lorenzo poderia identificar suas atividades e você morreria!

Isor permitiu a si mesmo sentar na poltrona espaçosa daquele porão. Era melhor que muitas tabernas que esteve.

— Se Lorenzo quisesse matar-me, o teria feito há anos.— expôs.— o garoto tem bons motivos para me deixar respirando, não acha?

O Príncipe Dison revirou os olhos. Apesar da parceria, Isor não contava exatamente os seus planos ou quais as motivações que garantia que os planos funcionariam. Sempre o considerou um tolo desprovido de noção, mas, ao conviver um pouco mais com o antigo rei, desconfiou não passar de uma fachada. Suas ações pareciam programadas, e de fato eram. No fim, aquele estorvo não era tão estúpido quanto pensava, ainda assim não podia retirar completamente tal atribuição, afinal, deixou o antigo rei vivo, deixou a filha que um dia poderia tomar o trono de baixo do seu teto e especialmente, não pôs fim a vida de um adolescente com todos os indícios de que ele seria um problema no futuro. Pensando bem, talvez, ele apenas não conseguiu oferecer um final adequado para a história daquele metido e arrogante.

— Vai atacar a rainha?

— Não sei se Helena geraria impacto suficiente, minha informante disse que ele não parece se importar o suficiente com ela no quesito "amor". Preciso de algo que ele ame e respire por isso. Apesar de a minha enteada ser muito bela, é desprovida de personalidade agradável, não possui encantos suficientes para fisgar aquele monstrinho. É um desperdício mexer no vespeiro...— estalou a língua no céu da boca. O que deveria fazer? Aquela menina estragou seus planos e entregou a própria família sem pensar duas vezes. Que traidora! Uma luz sombria atravessou seus pensamentos, fazendo repuxar os lábios num sorriso atroz. Virou a cabeça levemente para o lado.

Não havia razão para as duas famílias Beaumont e Hardim continuarem a reinar. Hardim não era mais o seu alvo, nem mesmo Jerrin poderia salvar aquela nação asquerosa, já não era uma família importante para os reinos, apesar do respeito em consideração aos anos poderosos. Quanto aos Beaumont, não houve anos decadentes, mesmo em anos sangrentos a família prosperou, a linhagem de rei tendia a surpreender, sempre melhores, evoluindo, crescendo, enriquecendo, tal como o país. É claro, Lorenzo sempre deixou explícito o orgulho que tinha do seu nome e país. Não era injusto demais deixar uma monarquia permanecer no poder por tantos anos? A Corte de Honra precisava de atualizações, não? Era mal deixar países em ócio pacifico por muito tempo. Por muito pouco, muito pouco atingiu seu objetivo, desmembrar os grandes e assumir a liderança! Por que aquele garoto tinha de persistir? Que espécie de ser humano consegue governar um país, com milhares de pessoas, reconstruir um sistema com meros 16 anos? Uma criança! Era o momento do poder sair das mãos daqueles reis miseráveis, começando por Lorenzo, o garoto que destruiu mais da metade do seu exército e nobres. Como ele ousou impedi-lo de aniquilar aqueles cristãos? Ele não tinha parte naquele assunto. Não envolvia o reinozinho desagradável dele! Mais uma vez aquele garoto ousou interferir em seus negócios. Como rei não era seu direito matar quem desejasse? O poder era todo seu, não deveria interferir!

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