Capítulo 67

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''Pois nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia.''¹

O resfolegar de uma respiração inconstante e nervosa parecia mais alto aos ouvidos de Helena

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O resfolegar de uma respiração inconstante e nervosa parecia mais alto aos ouvidos de Helena. Ao redor, as vozes esmaeciam, o tempo lentamente tropeçava sobre ela, enviando-lhe mensagens desconexas e inexatas, mesmo quando seus olhos viam vividamente aquela reunião.

Imagens cortadas de Isor pairavam por sua memória. O que aconteceu no dia exato do seu retorno ao castelo.

Helena via a si diante dele em um terreno que ela não soube identificar. Ela retornava ao castelo. Não estava sozinha.

Deus, por que eu estava indo para o castelo?

Essa era uma grande questão em sua mente. Isor era perigoso, mesmo aos onze anos ela conseguia compreender esse fator, então por que ela lembrava de retornar ao castelo? Por que ela faria isso com Ezra? Por qual razão ela tornaria ao local mais perigoso para sua existência? Não tinha essas respostas. E isso lhe roubava o ar. Deveria simplesmente fugir e o faria, entretanto, ela encontrou Isor... mas e depois? Por que retornou ao palácio? Por que ele a manteve viva? O que aconteceu entre o espaço de tempo pós-fuga?

A cena a desenrolar diante dos seus olhos ganhava forma e sentido gradualmente.

O sorriso puramente perverso sombreava o rosto alvo do seu odioso algoz. Ele lhe estendia a mão. Não a desejava — percebeu. Ele disse que não iria feri-la se ela entregasse o pequeno garoto. Ela chorava, Ezra chorava em seus braços, soluçavam juntos. Amedrontados, temendo o que viria. Sabiam, estavam sozinhos, não restara mais ninguém para livrá-los da morte, nada de Isobel ou Rebeca, ambas fizeram tudo que podiam, até mesmo entregar o que tinham de mais precioso, o fôlego em seus pulmões e sangue a correr em seus corpos. A consciência da solidão e desamparo os soterrava em dores e desespero justificável.

Helena lembrava de apertar Ezra contra o corpo e soltá-lo. Depois via um punhal em suas mãos erguidas, a lâmina prata ensanguentada. Então tudo desaparecia, Ezra, Isor, soldados, ela mesmo. Não havia mais informações em sua mente. Tudo acabava ali. Ela não sabia onde estava no momento, não sabia porque soltou Ezra, e como usou aquele punhal. Entretanto, o gosto pungente e amargo em sua língua atestava o que o coração negava acreditar.

Não precisaria das suas memórias completas para saber o que aconteceu depois.

Os olhos castanhos fixaram no esposo, havia uma silenciosa batalha em seus olhos, e ao que ele podia enxergar, era violento e feroz.

Algo se partiu dentro dela. Como uma caixa de vidro em explosão deixando seus cacos dilacerar o que tocava, rasgando impiedosamente. Ela não se moveu, não podia, não conseguia.

Ergueu um pouco mais a cabeça e pediu aos céus para continuar naquela reunião. Não podia chorar, não podia sentir naquele momento, porque Lorenzo e seu pai estavam certos. Se ela permitisse uma brecha, seria dilacerada por aquelas pessoas.

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