Capítulo 24

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   "Ele realiza os desejos daqueles que o temem; ouve-os gritar por socorro e os salva."—                                                                                      Salmos 145:19

"—                                                                                      Salmos 145:19

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Helena abriu os olhos lentamente desejando habitua-los ao local. Podia ver o teto mal iluminado logo acima de si mesma, sentiu uma mão segurar a sua, fracamente. Não conseguia falar, mal conseguia respirar, sentia nada, parecia vazia, tal como uma casca. Aos ouvidos, um zunido de uma voz, parecia desesperada, aflita, mas não havia nada que pudesse fazer para retornar à voz.

— Por favor, Senhor, eu imploro. Não por mim. Ela tem muito para viver, por favor. Ela é tão jovem e nós dois sabemos o que ela pode se tornar, por favor, Abba, estou suplicando, livre-a daqui.

Fracamente sentiu palpitações no peito ainda mais fortes, como uma enxurrada sentiu uma dor lancinante, de imediato o corpo convulsionou debatendo-se sobre a superfície dura, desejou gritar, mas não tinha forças. Foi ali que viu alguém, era de fato alguém, não uma mão ou parte do corpo. O rosto era um emaranhado de faces, era confuso, não conseguiria distinguir, mas os olhos pareciam únicos. Refletiam um brilho jamais visto em seus anos de vida, possuía o castanho mais belo que já teve a oportunidade de ver em sua vida, poderia ver bondade em seus olhos e nobreza inigualável, nunca vira nada parecido.

— Sei que está doendo.— ajoelhou ao seu lado.— Uma inflamação precisa ser tratada para o corpo ficar são, mesmo que doa. Você pode fazer uma escolha: deixar a dor consumi-la, ou permitir que o Príncipe da humanidade a cure. Lembre-se disso.— então ele abriu um sorriso doce. Convidativo o suficiente para que ela não conseguisse, não desejasse desviar o olhar.

A dor se dissipou. Ela não estava mais lá. Não havia nenhuma outra mão segurando a sua, havia apenas escuridão e gritos. Gritos de dor, urros desesperados, era uma voz masculina. Poderia ouvi-lo choramingar e proferir todos os tipos de maldições existentes, talvez até estivesse inventando. O som cessou e ela finalmente percebeu que não era real e sim um sonho, ao menos desejava que fosse do fundo do seu coração, apesar das dúvidas. O que sentia, o teto conhecido, a voz feminina rogando aos céus, apenas a lamúria configurava um novo aspecto. Isso a fez pensar se todos aqueles sonhos eram apenas isso e nada mais? Nas histórias bíblicas sonhos possuíam significados, e se... — o fôlego escapou dos pulmões diante da possibilidade que detestaria acreditar: poderiam ser memórias.

Então conseguiu ouvir um som diferente, tirando-a do seu estado reflexivo, era o som de algo jorrando, mas conseguia saber de onde vinha. Foi ali que sentiu os pés molharem. Olhou para o chão, mas nada conseguiu ver devido à fraca luz, sabia ser escuro e denso. Uma fraca luz amarelada iluminou o local. A princesa deu passos para trás, suprimiu o grito de horror cobrindo a boca. Havia sangue em seus pés o som de algo jorrando era o sangue cobrindo seus pés.

— É sua culpa, — uma voz masculina ecoou no silêncio. Parecia conhecida. Helena ergueu os olhos abismada, não via ninguém.— esse sangue foi você quem derramou. Helena deu longos passos para trás horrorizada, suas tremiam, a bile lhe subia, o esôfago ardia. Todo aquele sangue... aquela poça de sangue havia sido culpa dela? Não, não poderia, não existiam possibilidades. Ela não gostava de violência, aquele sangue não poderia ser culpa sua. O dono da voz surgiu, se aproximava em passos vagarosos, como uma silenciosa ameaça de ataque.

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