Capítulo 30

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"Talvez exista uma luz em minha alma
talvez a chama esteja pequena
quase a beira de se apagar 
Talvez existam coisas que eu não entenda
mas mistérios existem e por isso 
Eu preciso ter fé 
Pois às vezes hospedamos anjos, sem saber"¹

"Talvez exista uma luz em minha alma talvez a chama esteja pequena quase a beira de se apagar Talvez existam coisas que eu não entendamas mistérios existem e por isso Eu preciso ter fé Pois às vezes hospedamos anjos, sem saber"¹

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Helena olhou para a quantidade de pessoas invadindo seu quarto. O chão sob seus pés pareciam se desfazer. Os soldados e servos chamavam por ela, lhes perguntava coisas que não conseguia compreender. O horror em seus olhos fizeram a princesa dar alguns passos para trás. O instinto dizia que deveria correr. Lana, segurou o rosto da amiga com as mãos. Não se incomodou em toca-la, apesar da sujeira.

Os soldados atônitos, vasculhavam o quarto estarrecidos por seu lapso, insistiam em dizer-lhe coisas sem sentido. O que eles estavam falando, afinal? Sua mente vagueava entre aquele momento e nove anos atrás, nos seus 11 anos. Porém, havia mais ali, via mais, estranho e esmagador. Enxergava acusação, ouvia muitos lhe perguntando se ela machucara alguém, mas... não respondeu, sentia algo travar sua garganta, cerrava a mandíbula com força. Já sentira aquela sensação algumas vezes.

A princesa segurou a cabeça, sentindo fortes pontadas, mas não eram tão fortes como no peito. Era medo e insegurança, além disso, era. Não conseguia pensar. Não conseguia deixar de pensar nos gritos estrondosos em seus ouvidos, podia sentir o vívido cheiro do sangue que cobria o seu corpo. Não era seu. Naquele dia, há oito anos também não era seu.

Não, não, não, não, não. Não é verdade! Não é verdade!

Disse a si mesma, mandando os malditos pensamentos para longe. A imagem da cela escura imunda, de alguém chorando com a cabeça em suas pernas, encolhido, lhe inspirava desespero. Uma moça de cabelos loiros, estavam sujos de sangue, ela chorava de dor e tentava se cobrir, encolhendo-se num canto escuro, usando os braços. Eram imagens apagadas, fragmentos de um sorriso amarelado, do cheiro nojento que vinha dela, mas tinha algo mais.

— Helena eu estou aqui, está tudo bem.— Lana exclamou tentando abraçá-la, mas ao invés disso foi empurrada, sorte a sua ter Bather logo atrás que a segurou.

— Não!— vociferou com a voz embargada, lutando para não chorar.— Não está tudo bem, não está nada bem!— acaso eles não tinham olhos? Não viam como ela estava ou como o quarto fora encontrado? Tinha uma pessoa embaixo da sua cama desacordada. Logicamente ela não estava bem!

Outra vez a forte pontada em sua cabeça. Os olhos da moça surgiram na sua mente, verdes, vibrantes, esperançosos e cheios de... amor?

O que estava acontecendo? O que estava acontecendo com ela e sua mente? Enlouqueceu, misturava sonhos à realidade? Precisava parar, alguém precisava parar sua mente.

Um soldado se aproximou ao vê-la abaixar-se no chão com as mãos na cabeça, mas seriamente repelido com a ameaça de que o faria se arrepender caso fosse tocada. Lana observou os olhos selvagens e mortos de Helena, como um animal ferido, alguém prestes a ferir qualquer que ousasse aproximar-se, velando por sua própria vida. Ela a viu assim duas vezes, logo que começou a trabalhar no castelo e quando Isor ameaçou matar Hector e ela, naquele dia Helena, sempre passiva e tranquila, avançou sobre a mesa na direção do pescoço do rei, por muito pouco ela não foi levada a guilhotina. Lana a conhecia o suficiente para saber o que estava acontecendo, o passado lhe assombrava, assim como o medo. Helena estava em choque, apavorada, mas ela jamais admitiria uma única mão lhe tocando, porque seria um sinal de fraqueza. Os olhos de Lana arderam, mas ela não ousou chorar. Precisava encontrar um jeito de tirar Helena dali sem precisar chamar médicos, ou interrogatório dos guardas. Quando a princesa voltasse ao estado normal, não ficaria confortável em lembrar do que fez. Se toda aquela balburdia prosseguisse haveria mais pesos do que o sangue de porco a cobrindo ou paredes machadas. Helena surtaria com todos ali. Seria impossível tira-la dali com aqueles guardas inúteis ao redor, Tarkin queria ter certeza de que Helena não estava ferida e Joana tentava se aproximar.

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