Capítulo 53

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Raiva

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Raiva.

Lorenzo a podia sentir borbulhando desde o estômago travando sua garganta poderosa e friamente. Nem mesmo o fato de estar tão perto de casa anulava os sentimentos negativos. Decerto os amplificava. Odiava precisar voltar para lá quando havia tanto para fazer ao lado de fora.

Sentia grande vontade de espancar o príncipe que o acompanhava. Não que ele fosse o completo responsável por seu retorno, mas se ele não tivesse dito infindas vezes que os pressentimentos da sua esposa não costumavam falhar e enviado lady Dária para Beaumont quando deviam interrogá-la ainda na cidade dela, não precisaria voltar para o castelo antes de solucionar os problemas.

— Lorenzo, por favor...

— É melhor você ficar em silêncio, Tom. Eu não estou muito paciente. Não pense que estou feliz com sua tola decisão de trazer Dária para Beaumont, especialmente quando o fez por minhas costas. Você me conhece o suficiente para saber que você não deveria fazê-lo, Tom!

O príncipe passou a mão pelo pescoço em claro desconforto. Ninguém estava de bom humor, não após duas semanas de buscas sem encontrar nada satisfatório. Pensando melhor era preferível não ter encontrado nada.

Fazia um bom tempo que não via o amigo ficar seriamente irritado, frustrado como estava. Geralmente ele contornava a situação focando em como poderia mudar a situação e ponderando racionalmente o ponto de erro. Mas naquele momento ele estava apenas absorvendo centenas de mortes de crianças e jovens mães adolescentes. Certamente culpando a si mesmo.

Ele era mais sensível quando se tratava de crianças ou mulheres por culpa do passado. De algum modo ele enxergava seus irmãos ali, tinha certeza.

— Não me olhe como se tivesse prestes a me aconselhar. Eu não preciso de conselhos. Por que exatamente você não veio em outra carruagem?

— Você está irritado. Há uma razão para você sempre procurar manter a calma.

Lorenzo parou por um segundo e fechou os olhos, controlando a língua e a respiração. Sim, ele estava certo. Não gostava das suas ações quando a sua raiva ultrapassava os níveis de controle. Desconsiderava tal emoção como um fator ruim, mas assim como todas as outras deveria estar subjugada por sua consciência. E em momentos de fortes injustiças, mais especificamente envolvendo mortes inocentes ele tendia perder parte do juízo. Foi assim que fugiu das celas, foi assim que aniquilou em tempo recorde soldados e mercenários profissionais. Foi assim que ele quase deu fim a vida de Helena, uma criança perdida e confusa naquela época.

Mas ele poderia sentir algo diferente d e raiva? Ele poderia de fato ficar tranquilo e agir como se mais de uma centena de pessoas não tivessem sido escravizadas, comercializadas, prostituídas e mortas nos últimos anos debaixo dos seus olhos? Ele deveria fingir que toda aquela podridão não aconteceu durante a seus anos de reinado. Fingir que não era tão asqueroso e hediondo quanto aparentava?

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