Capítulo 38

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" Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo. Cada um examine os próprios atos, e então poderá orgulhar-se de si mesmo, sem se comparar com ninguém(...)"¹

As gotas quentes escorriam pelo corpo de Helena, coberto pela camisola de cetim

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As gotas quentes escorriam pelo corpo de Helena, coberto pela camisola de cetim. Ela se revirava na cama selvagemente, como uma luta horizontal. Queria gritar, externar o que se passava por sua mente envolta em terror.

Ela sentia correntes lacerando a sua carne. Mãos frias segurando seu corpo forçando-a a ficar parada. Em sua mente uma guerra acontecia. O escuro que embaçava sua visão, mas não era o suficiente para impedi-la de ver uma mulher sendo torturada. Não era o suficiente para deixar de ver as correntes se arrastando, chicoteando seja lá quem fosse, as expressões eram um borrão. O grito agudo infantil rasgava de dentro para fora. Mas algo era certo, doía como a morte.

- Fechem os olhos!- a mulher murmurou num fio de voz quase inaudível. Mas Helena não conseguia, não podia obedecer, porque não queria deixar aquela moça sozinha. Não podia ignorar os chicotes ou as lágrimas.

Sentiu algo apertar sua cintura. Olhou para baixo. Era uma criança. Os cabelos loiros estavam manchados de vermelho seco, sujeira, ela se aproximava de Helena, podia ouvir o choro silencioso, gemidos.

- Ela... ela tá morrendo!- gritou a criança. Um tanto zonza Helena olhou ao redor buscando a pessoa a quem o pequeno se referia. Ainda sentia as chicotadas, mas estava diferente. Seus olhos ficaram um pouco mais embaçados, o som, os gritos e gemidos estavam cada vez mais distantes. Foi ali que percebeu ser ela, ela era quem estava morrendo. A mulher ergueu os olhos para ela, em seguida olhou para o menino. Ela pôde jurar ver o rosto daquela mulher reluzir, enquanto a sua expressão sôfrega dava lugar à raiva. As mãos dela estavam atadas, de joelhos recebia os golpes de espada em suas costas, mas naquele momento ela não pareceu sentir dor. Apenas raiva e foi essa raiva que a fez se levantar bruscamente acertando o rosto do seu opressor. De imediato o sangue jorrou do nariz e antes que ele pudesse fazer algo, usou a perna para chutar o peitoral daquele bárbaro.

- Eu não vou permitir que mais ninguém vá, não sem lutar. Não outra vez! Eu imploro, - direcionou os olhos ao teto - não por mim. Já não faço questão da minha vida, eu rogo por eles. Rogo porque o futuro pode ser belo e lindo para eles. Quanto a mim, verei você assim que abrir os meus olhos outra vez, mas eles não estão prontos! Então os tire daqui! Eu imploro, faça qualquer coisa!

Ela era alta, assustadoramente magra, as mãos esqueléticas formavam uma concha como se esperasse receber algo do teto a cada palavra dita.

A dor nas suas costas cessaram, o homem que estava lhe ferindo partiu para cima da jovem loira dos olhos extremamente verdes. As cordas em suas mãos caíram no chão. E aquela cena no mínimo surreal causou grande pavor no homem. Não sabia se pelo tamanho bastante excedente ao seu, tal como uma uma mística amazona, ou as amarras que simplesmente escorregaram de suas mãos sem qualquer sombra de esforço. Outra vez ela disse: fechem os olhos. Helena obedeceu.

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