𝓒𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 19

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- Z a y a K o c k.

Me sinto nervosa e impaciente, toda a adrenalina de ontem passou com uma simples noite de sono, e o pensamento de ter arruinado meu trabalho surgiu assim que olhei as flores sobre a mesa de centro.

Quero conhecer mais sobre Valentim, estou disposta a me aprofundar nele, mas será que ele está disposto em me deixar conhecê-lo? Ontem ele pareceu entregue, assim como em NY para no outro dia agir normalmente.

O escritório está deserto, grande parte dos funcionários foram liberados para o feriado, eu como secretária do chefe não tive a mesma sorte, não que faça diferença, meu único planejamento é assistir aos desfiles tomando sorvete.

Limpei a bagunça que fiz com café no balcão e escutei passos chegando cada vez mais perto, ergui minha cabeça e senti meu coração acelerar vendo ele parar ao meu lado, bendita genética D'Amico.

Eu – Bom dia, precisa de algo? – forcei uma tosse obrigando meu corpo a ter o mínimo de profissionalismo, tudo foi em vão quando Valentim analisou meu corpo – Algum problema?

Valentim – Está melhor? – perguntou focando em meus olhos e assenti. Não estou completamente recuperada mas nada que me impeça de trabalho.

Eu – Antes que me esqueça, obrigada pelas flores, são lindas – agradeci com sinceridade, vendo Valentim sorrir, pondo as mãos no bolso – E o senhor? Está se sentindo bem?

Valentim – Sinceramente? Não estou bem há anos – desabafou encarando os pés, sua confissão pareceu um pedido de ajuda para si mesmo – Cinco anos e nada mudou.

Eu – Eu também passei por momentos que nada parecia estar bem, foram os dias mais difíceis da minha vida – falei ganhando a atenção dele – Aquilo não fazia mal a ninguém, apenas a mim e quando percebi que somente eu tinha o poder de mudar as coisas, encontrei uma forma de enxergar tudo ao meu redor com uma visão de esperança.

Valentim – Não é fácil como parece – suspirou encostando no balcão · Tudo parece simples demais.

Eu – Não disse que foi fácil – neguei – Mas é na dificuldade que conhecemos nossa força – encostei no balcão ao lado dele, que me olhou cabisbaixo.

Valentim não é o mesmo, suas fraquezas e suas assombração já não são ocultas, sinto que ele precisa de alguém que o ajude, que estenda a mão quando ele estiver caindo, esse alguém pode não ser eu, mas estou tentada a ajudar no máximo que conseguir, ninguém deve viver dessa maneira.

Valentim – Escutei da minha própria mãe que estou me sabotando – sentou no chão sem se importar com o terno caro, e fiz o mesmo – Mudei para a França porque não queria que meus pais vissem o que me tornei, que me vissem tendo outras crises e em todas as ligações eu dizia que estava bem, a verdade é que nunca estive, mas não queria ver eles sofrendo por um filho instável.

Eu – Pensamos que estamos fazendo o certo, mas tudo que eles querem é ver você feliz, tenho certeza que sua mãe não disse aquilo para te magoar, e sim porque não quer você preso no antes, nenhuma mãe quer.

Valentim – Esse sou eu agora, a porra de um instável, nenhuma mãe merece um filho como eu – sussurrou amargo, toquei seu rosto fazendo nossos olhares se cruzarem, e meu peito se apertar vendo o mesmo banhado por lágrimas que escondiam toda tristeza e angústia.

Eu – Não diga isso – limpei as lágrimas que desceram por seu rosto, Valentim fechou os olhos e segurou minha mão, iniciando um carinho – Sabe... acho que você tem uma força gigante dentro de si, só precisa encarar o passado e ver como o presente pode ser bom.

Valentim – Parece ser a única vendo algo bom em mim – sorriu sem humor – Olha para mim, sentado no chão do escritório mostrando minha fraqueza, sou patético.

Meu Amado Chefe Onde histórias criam vida. Descubra agora