- Z a y a K o c k.
Me sinto nervosa e impaciente, toda a adrenalina de ontem passou com uma simples noite de sono, e o pensamento de ter arruinado meu trabalho surgiu assim que olhei as flores sobre a mesa de centro.
Quero conhecer mais sobre Valentim, estou disposta a me aprofundar nele, mas será que ele está disposto em me deixar conhecê-lo? Ontem ele pareceu entregue, assim como em NY para no outro dia agir normalmente.
O escritório está deserto, grande parte dos funcionários foram liberados para o feriado, eu como secretária do chefe não tive a mesma sorte, não que faça diferença, meu único planejamento é assistir aos desfiles tomando sorvete.
Limpei a bagunça que fiz com café no balcão e escutei passos chegando cada vez mais perto, ergui minha cabeça e senti meu coração acelerar vendo ele parar ao meu lado, bendita genética D'Amico.
Eu – Bom dia, precisa de algo? – forcei uma tosse obrigando meu corpo a ter o mínimo de profissionalismo, tudo foi em vão quando Valentim analisou meu corpo – Algum problema?
Valentim – Está melhor? – perguntou focando em meus olhos e assenti. Não estou completamente recuperada mas nada que me impeça de trabalho.
Eu – Antes que me esqueça, obrigada pelas flores, são lindas – agradeci com sinceridade, vendo Valentim sorrir, pondo as mãos no bolso – E o senhor? Está se sentindo bem?
Valentim – Sinceramente? Não estou bem há anos – desabafou encarando os pés, sua confissão pareceu um pedido de ajuda para si mesmo – Cinco anos e nada mudou.
Eu – Eu também passei por momentos que nada parecia estar bem, foram os dias mais difíceis da minha vida – falei ganhando a atenção dele – Aquilo não fazia mal a ninguém, apenas a mim e quando percebi que somente eu tinha o poder de mudar as coisas, encontrei uma forma de enxergar tudo ao meu redor com uma visão de esperança.
Valentim – Não é fácil como parece – suspirou encostando no balcão · Tudo parece simples demais.
Eu – Não disse que foi fácil – neguei – Mas é na dificuldade que conhecemos nossa força – encostei no balcão ao lado dele, que me olhou cabisbaixo.
Valentim não é o mesmo, suas fraquezas e suas assombração já não são ocultas, sinto que ele precisa de alguém que o ajude, que estenda a mão quando ele estiver caindo, esse alguém pode não ser eu, mas estou tentada a ajudar no máximo que conseguir, ninguém deve viver dessa maneira.
Valentim – Escutei da minha própria mãe que estou me sabotando – sentou no chão sem se importar com o terno caro, e fiz o mesmo – Mudei para a França porque não queria que meus pais vissem o que me tornei, que me vissem tendo outras crises e em todas as ligações eu dizia que estava bem, a verdade é que nunca estive, mas não queria ver eles sofrendo por um filho instável.
Eu – Pensamos que estamos fazendo o certo, mas tudo que eles querem é ver você feliz, tenho certeza que sua mãe não disse aquilo para te magoar, e sim porque não quer você preso no antes, nenhuma mãe quer.
Valentim – Esse sou eu agora, a porra de um instável, nenhuma mãe merece um filho como eu – sussurrou amargo, toquei seu rosto fazendo nossos olhares se cruzarem, e meu peito se apertar vendo o mesmo banhado por lágrimas que escondiam toda tristeza e angústia.
Eu – Não diga isso – limpei as lágrimas que desceram por seu rosto, Valentim fechou os olhos e segurou minha mão, iniciando um carinho – Sabe... acho que você tem uma força gigante dentro de si, só precisa encarar o passado e ver como o presente pode ser bom.
Valentim – Parece ser a única vendo algo bom em mim – sorriu sem humor – Olha para mim, sentado no chão do escritório mostrando minha fraqueza, sou patético.
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Meu Amado Chefe
RomanceZaya dedicou a vida ao trabalho, sem histórico de relacionamentos, sempre imaginou que romances não eram para si. Valentim foi marcado por um relacionamento abusivo, que mudou por completo sua vida, depois de anos fugindo de tudo que o lembrava do o...