– Zaya Kock –
É com sorrisos falsos pela manhã, o barulho estridente de saltos ecoando pelo andar, e o toque insistente do telefone, que me avisam do término do fim de semana e mais um dia de trabalho se inicia.
Ao completar 20 anos, decidi procurar mais independência, sair da casa dos meus pais, andar com meus próprios pés, com isso, me vi em busca de emprego. Foi difícil, afinal, a falta de experiência atrapalhava, quem iria confiar um cargo para alguém sem trabalho algum constado na carteira?
Quando estava pensando em desistir, surgiu uma pequena luz chamada Saulo D'Amico e finalmente pude ser ouvida, com simpatia e seu sorriso acolhedor, ele me escutou, deu a oportunidade que tanto precisava e, graças ao mesmo, completo 3 anos trabalhando na D'Amico, uma empresa de tecnologia.
Passei meus olhos pelas pilhas de relatório, suspirando. Toda segunda me pergunto de onde surgem tantos papéis em uma semana que aparentemente estava tranquila.
Separei parte dos relatórios para começar a digitalizar, quando Tati sentou ao meu lado com sua típica feição emburrada. Ela não é uma pessoa tão matinal assim.
Tatiana – Depois da maternidade, acordar e ser amiga das galinhas se tornou ainda pior – resmungou apoiando sua bolsa na cadeira ao lado, me fazendo rir – Você ri? Para meu dia ficar ainda melhor, o carro decidiu tirar um dia de folga, andei dois quarteirões com esses saltos – apontou para os pés sujos pela poeira das ruas.
Eu – Por que não me ligou? Tinha ido salvar seus pés - brinquei, ela negou entregando o copo em sua mão, sorri pegando – Obrigada – agradeci dando um gole no café, sentindo meu corpo se aquecer – Como foi a noite?
Tatiana – Como não foi – revirou os olhos se ajeitando e ergui as sobrancelhas – Quando estávamos nos finalmentes, minha sogra foi inconveniente, ligando para dizer que levei Laura sem janta, sendo que antes de levar a Laurinha, fiz ela comer justamente para ter menos motivo de reclamação.
Tati tem cinco anos de casada, mas seu pior pesadelo virou a família de seu marido, sua sogra principalmente, que tenta colocá-la a todo momento como errada, sendo mãe, ou sendo esposa.
Espero nunca precisar passar por isso.
Eu – Que mulher descompensada, você não deixaria Laura sem janta, sempre cuidou e nunca deixou nada faltar para ela – neguei – Ela não tem algo melhor para fazer? Tirar as roupas do cesto, arrumar um velho – ela riu – Vamos trabalhar e deixar essa mulher de lado.
Tatiana – Algum dia ainda descubro como o papel não acaba com tanto relatório – sorri, pegando uma parte, Tati assim fez pegando a outra, começando a digitalizar.
Pela manhã nosso trabalho é o mesmo, todo documento feito na semana anterior vai ser passado para o digital, repetitivo, mas todos precisam estar no armazenamento para ter garantia, e Sr. D'Amico prefere manter para não correr risco de se perderem durante os dias no escritório.
Tatiana – Sr. D'Amico ainda não chegou? As luzes da sala dele estão desligados – neguei, fazendo ela franzir o cenho – Estranho... Ele sempre chega antes de todos.
Eu – Ele avisou que chegaria mais tarde, sei pelo Enzo que seu filho chegou na cidade, o senhor D'Amico deve estar com ele – Toda e qualquer fofoca na empresa é passada pelo mesmo.
Se existisse um prêmio de maior fofoqueiro, com certeza o primeiro lugar seria de Enzo.
Tatiana – Nunca vi o herdeiro D'Amico – ela me olhou pensativo. Se Tatiana, que está na empresa a mais tempo que eu não viu, nem seu nome eu saberia – Vou ver agora – falou confiante, me deixando confusa.
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Meu Amado Chefe
RomanceZaya dedicou a vida ao trabalho, sem histórico de relacionamentos, sempre imaginou que romances não eram para si. Valentim foi marcado por um relacionamento abusivo, que mudou por completo sua vida, depois de anos fugindo de tudo que o lembrava do o...