- Z a y a K o c k
Acordei sentindo um calor diferente abraçar meu corpo, e abri meus olhos, encontrando Valentim dormindo serenamente. Seu rosto carregava resquícios de sua crise anterior e novamente um aperto se apossou de mim.
Levei meus dedos até seu rosto onde sem permissão, tracei um caminho da sobrancelha para seu maxilar simétrico e desenhado. Minha mete implorava para permanecer alí, mas não podia.
Ainda com meu corpo doendo levantei com cuidado para não o acordar e saí do quarto, encontrando Dora na cozinha.
Eu – Dora? – a chamei tocando minha garganta ao falhar, fazendo Dora me olhar assustada – Desculpa, não queria assustar a senhora.
Dora – Sem problemas, querida, está melhor? – assenti omitindo que ainda estava me sentindo mal, debruçando na bancada – Valentim acordou?
Eu – Ainda não – ela assentiu voltando sua atenção para as panelas, o cheirinho de alho deixava meu estômago agitado – Posso te fazer uma pergunta? – perguntei, Dora assentiu novamente e respirei fundo, fazendo a pergunta que pairava em minha mente – Valentim sofre com essas crises diariamente?
Dora – Desde que comecei a trabalhar para ele, presenciei apenas duas – me olhou solidária, quantas crises ele foi obrigado a superar sozinho? – Quer comer algo? Estou terminando de preparar o almoço.
Eu – Não obrigada, a senhora sabe me dizer onde posso usar o telefone? – preciso encontrar alguém que possa me ajudar com o carro. O relógio marcava 11:30, e sinceramente, já passei tempo suficiente nessa casa.
Dora me levou até seu quarto e disse que eu poderia usar o telefone, liguei para meu pai que antes mesmo de poder explicar, brigou comigo por não ter dito antes, para depois se acalmar e dizer que mandaria um amigo para me ajudar.
Olhei minhas vestes no espelho, Dora tem uma estatura menor que a minha e consequentemente suas roupas são pequenas para mim. Graças a Deus ela tinha lavado minha roupa e pude me sentir confortável novamente, apesar de ainda estar usando roupas formais.
Voltei para a cozinha paralisando na porta quando não encontrei mais Dora, e sim Valentim, sentando na banqueta olhando algo incompreensível. Meu coração acelerou sem motivos e me aproximei chamando a atenção dele, que esboçou um breve sorriso.
Eu – O senhor está melhor? – sentei ao seu lado, Valentim assentiu passando os dedos entre os fios de cabelo ainda desalinhados.
Valentim – Deveria estar deitada, Kock – falou desviando o olhar e revirei os olhos, sorrindo ao perceber sua ironia voltando.
Eu – Estou melhor, não se preocupe – claro que meu corpo apenas para me contrariar, resolveu que seria apropriado ter uma crise de espirros.
Valentim – Estou vendo, assim nem eu desconfiaria da sua tentativa em virar uma sereia – debochou. Neguei rindo e ele sorriu me encarando, mas não durou por muito tempo, pois logo Valentim ficou distante – Por que me ajudou?
Eu – Por que não ajudaria? – respondi com outra pergunta, ele suspirou me analisando – Não somos exemplos de bom convívio, mas nunca daria as costas para você, é desumano.
Valentim – Muitos não pensam assim – sussurrou abaixando a cabeça, sorri segurando sua mão e Valentim olhou para as mesmas unidas, começando um leve carinho que foi o necessário para trazer a sensação de borboletas no estômago.
Eu – Ninguém pensa da mesma forma e você não pode deixar que sua mente determine como as pessoas serão, precisa estar aberto e disposto em ir a fundo, deixar que te mostrem quem são de verdade.
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Meu Amado Chefe
Roman d'amourZaya dedicou a vida ao trabalho, sem histórico de relacionamentos, sempre imaginou que romances não eram para si. Valentim foi marcado por um relacionamento abusivo, que mudou por completo sua vida, depois de anos fugindo de tudo que o lembrava do o...