𝓒𝓪𝓹𝓲𝓽𝓾𝓵𝓸 18

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- Z a y a K o c k

Acordei sentindo um calor diferente abraçar meu corpo, e abri meus olhos, encontrando Valentim dormindo serenamente. Seu rosto carregava resquícios de sua crise anterior e novamente um aperto se apossou de mim.

Levei meus dedos até seu rosto onde sem permissão, tracei um caminho da sobrancelha para seu maxilar simétrico e desenhado. Minha mete implorava para permanecer alí, mas não podia.

Ainda com meu corpo doendo levantei com cuidado para não o acordar e saí do quarto, encontrando Dora na cozinha.

Eu – Dora? – a chamei tocando minha garganta ao falhar, fazendo Dora me olhar assustada – Desculpa, não queria assustar a senhora.

Dora – Sem problemas, querida, está melhor? – assenti omitindo que ainda estava me sentindo mal, debruçando na bancada – Valentim acordou?

Eu – Ainda não – ela assentiu voltando sua atenção para as panelas, o cheirinho de alho deixava meu estômago agitado – Posso te fazer uma pergunta? – perguntei, Dora assentiu novamente e respirei fundo, fazendo a pergunta que pairava em minha mente – Valentim sofre com essas crises diariamente?

Dora – Desde que comecei a trabalhar para ele, presenciei apenas duas – me olhou solidária, quantas crises ele foi obrigado a superar sozinho? – Quer comer algo? Estou terminando de preparar o almoço.

Eu – Não obrigada, a senhora sabe me dizer onde posso usar o telefone? – preciso encontrar alguém que possa me ajudar com o carro. O relógio marcava 11:30, e sinceramente, já passei tempo suficiente nessa casa.

Dora me levou até seu quarto e disse que eu poderia usar o telefone, liguei para meu pai que antes mesmo de poder explicar, brigou comigo por não ter dito antes, para depois se acalmar e dizer que mandaria um amigo para me ajudar.

Olhei minhas vestes no espelho, Dora tem uma estatura menor que a minha e consequentemente suas roupas são pequenas para mim. Graças a Deus ela tinha lavado minha roupa e pude me sentir confortável novamente, apesar de ainda estar usando roupas formais.

Voltei para a cozinha paralisando na porta quando não encontrei mais Dora, e sim Valentim, sentando na banqueta olhando algo incompreensível. Meu coração acelerou sem motivos e me aproximei chamando a atenção dele, que esboçou um breve sorriso.

Eu – O senhor está melhor? – sentei ao seu lado, Valentim assentiu passando os dedos entre os fios de cabelo ainda desalinhados.

Valentim – Deveria estar deitada, Kock – falou desviando o olhar e revirei os olhos, sorrindo ao perceber sua ironia voltando.

Eu – Estou melhor, não se preocupe – claro que meu corpo apenas para me contrariar, resolveu que seria apropriado ter uma crise de espirros.

Valentim – Estou vendo, assim nem eu desconfiaria da sua tentativa em virar uma sereia – debochou. Neguei rindo e ele sorriu me encarando, mas não durou por muito tempo, pois logo Valentim ficou distante – Por que me ajudou?

Eu – Por que não ajudaria? – respondi com outra pergunta, ele suspirou me analisando – Não somos exemplos de bom convívio, mas nunca daria as costas para você, é desumano.

Valentim – Muitos não pensam assim – sussurrou abaixando a cabeça, sorri segurando sua mão e Valentim olhou para as mesmas unidas, começando um leve carinho que foi o necessário para trazer a sensação de borboletas no estômago.

Eu – Ninguém pensa da mesma forma e você não pode deixar que sua mente determine como as pessoas serão, precisa estar aberto e disposto em ir a fundo, deixar que te mostrem quem são de verdade.

Meu Amado Chefe Onde histórias criam vida. Descubra agora