Capítulo 1: Olivia Palito

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11h00min – 31 de janeiro - Domingo.

Fazem apenas dois dias que eu voltei de viagem, passei as férias de dezembro e janeiro na casa dos meus avós. Eles se mudaram para o Canadá há cinco anos. Melhor escolha que fizeram, sem dúvidas. Sinto falta deles no meu dia-a-dia aqui no Brasil, por outro lado é ótimo poder ter a opção de ir visitá-los.

Estou falando do Canadá! Eu que não recusaria esse convite, não sou o meu irmão.

Foi maravilhoso esse tempinho que passei com eles, não só pela companhia, mas pude repensar algumas coisas sobre a antiga Olivia.

O que quero dizer com isso? Bom, digamos que até alguns meses atrás eu e o espelho não éramos melhores amigos. Na verdade, eu não passava perto de um sem fazer uma cara péssima para mim mesma.

Minha autoestima sempre foi um problema para mim, principalmente na pré-adolescência. Ali que as coisas pioraram, e muito! Comecei a usar óculos de grau, porque sou míope, não das que ainda conseguem enxergar algo, mas sou aquela que não vê absolutamente nada mesmo. Minhas lentes costumavam ser tão grossas, que obviamente se tornaram motivo de piada, "olha lá a quatro olhos", "olha só, é a fundo de garrafa".

E para ficar ainda pior, eu usava aparelho fixo e em casa precisa fazer uso do extrabucal, que por sinal a dentista o descartou depois de quatro meses de uso, ficando apenas o fixo mesmo. Ah, e claro... Não posso me esquecer que meu rosto virou morada para várias espinhas. As benditas deixaram várias cicatrizes, inúmeras marcas no meu rosto. Trágico! Essa combinação toda me gerou mais alguns apelidos, nesse caso de "betty, a feia" e "filhote de cruz credo".

Além dessas piadinhas, existiam muitas outras, principalmente sobre minha altura e o meu corpo. Elas variavam entre "tábua de passar", "graveto", "bonequinha de pebolim", "meio metro", e o famoso "Olivia palito".

Era um porre. Eu nunca fui a pessoa mais paciente do mundo e também não ficava calada, passei a dar respostas atravessadas sempre que alguém vinha com alguma gracinha.

A ida para o Canadá foi para espairecer e dar um olá para a "nova" eu.

Na última semana de novembro, ou seja, na semana anterior a minha viagem eu tirei o aparelho, mesmo não as suportando resolvi começar a usar minhas lentes de contato, afinal era por uma boa causa. Passei por um tratamento com uma dermatologista, ela me ajudou muito com a minha pele, ainda faço uso de alguns produtos, e posso dizer que hoje em dia meu rosto está com zero espinha e minha aparência está aceitável.

Encorpei um pouquinho, no caso ganhei um pouco mais de bunda. Apesar de ser magrinha, sempre tive um pouco de quadril, minha mãe sempre disse que nesse quesito eu puxei a minha avó. Então acho que a genética acabou facilitando. Quanto a peitos, bom, isso não mudou muito, continuam pequenos, mas não me incomoda, gosto deles.

Passei a me exercitar mais enquanto estava na viagem, minha avó sempre foi muito ativa, e isso acabou contribuindo para atividades ao ar livre que fazíamos juntas, e para o meu ganho de massa corporal.

Uma coisa que não mudou, e eu não me permitiria mudar, foi à forma de me vestir. Continuo com o meu estilo de sempre, sou completamente apaixonada por ele. Amo minhas roupas confortáveis, larguinhas, e meus tênis. Sou completamente rendida ao estilo "street" e ao "comfy". Às vezes dou uma alterada em alguma peça do look, principalmente quando é algum momento específico, mas nunca deixo de priorizar o conforto.

Fiz as pazes comigo mesma, não que eu me sentisse feia, mas com tantos comentários, acho que passei a me olhar com os olhos dos outros, e agora me sinto mais eu do que nunca, minha personalidade não mudou somente meu exterior que sim.

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