Capitulo 14: Por que comigo?

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(Nathan)

20h00min – 7 de fevereiro – Domingo.

Ouvimos o estrondo da porta do quarto da Olivia ecoar pela sala. Alguém ficou nervosinha.

— Quebra! — gritou o Léo.

Aproveitei a deixa para soltar a gargalhada que eu estava prendendo desde que a Olivia saiu feito um foguete daqui.

Isso está sendo tão divertido.

Disfarço um sorriso colocando mais comida na boca. Encosto mais na cadeira, porque isso me dá uma visão melhor da escada.

Só mais umas garfadas e eu meto o pé daqui.

— Como está a Ana, Nate? — olho para a tia Sandra, o olhar dela é cauteloso e a voz é mansa.

Parece estar pisando em ovos ou algo bem parecido.

— Não sei. — sou sincero. — Ela não anda parando muito em casa. — dou de ombros.

— Isso te incomoda? — pergunta de maneira gentil, mas sei que está me analisando.

Detesto o fato da tia Sandra ser psicóloga. Ela sabe ler pessoas muito bem, comportamentos, gestos. É frustrante não conseguir esconder as coisas dela. Ela tem facilidade em pegar as coisas no ar ou até tirar informações relevantes em conversas banais.

Por saber disso, eu opto por não estender o assunto.

— Não mais. — olho para o meu prato e levo a última garfada até a boca.

— Quer conversar um pouco? Desabafar? — ela questiona e me olha com carinho.

Como se fosse adiantar muito... Penso ironicamente.

Isso é tão comum.

Já estou acostumado a vir aqui e ouvir as perguntas da tia Sandra, mas confesso que sempre as evito. É algo delicado para mim.

É algo que ainda não me sinto confortável para comentar abertamente com ela. Mesmo ela sendo amiga da minha mãe, e tendo um pouco de conhecimento sobre o que acontece na nossa vida e na minha casa, não me sinto bem ao falar sobre isso.

Nego com a cabeça e suspiro pesadamente.

— Ela ainda frequenta o grupo? — engulo a comida em seco e a encaro, desanimado. — Desculpe, eu não que...

— Tudo bem. — a interrompo. — Só não parece estar dando mais certo. — digo baixinho e olho para a tia Sandra com um sorriso fraco.

— Se preci... — ela começou a falar, mas o Léo a interrompeu.

— Mãe... — ele tocou em sua mão e ela olhou para ele. — Por que não fala como foi com o Arthur?

— Você quer ouvir? — tia Sandra pergunta e quando Léo assente, ela sorri. Um sorriso feliz, um daqueles sorrisos que chegam aos olhos. Um sorriso que eu gostaria muito de voltar a ver no rosto da minha mãe. — Como voc...

— Licença. — a interrompo por um segundo e ambos olham para mim. — Enquanto vocês conversam, tem problema se eu subir para arrumar minhas coisas? — pergunto com o semblante tranquilo e mantenho meu olhar o mais inocente possível. — Está tudo espalhado pelo seu quarto, Léo. — olho para o meu melhor amigo. — E eu preciso do meu celular também para avisar minha mãe que chegarei logo em casa.

— Lógico cara! — ele sorriu, compreensivo. — Sobe lá.

Léo começou a falar sobre o namoro da tia Sandra, mas eu não estava mais ouvindo ele porquê já tinha chego no primeiro degrau da escada.

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