Capítulo 64: Rua Cloverfield

482 58 328
                                    

14h30min – 27 de Agosto – Sábado

Por favor, Nate, não esteja atrás de mim. Repito inúmeras vezes em pensamento.

Olho rapidamente para o corredor que dá para a cozinha, o Nate também havia saído da piscina, ele está secando o cabelo com uma toalha, e em seguida jogou o topete para trás.

Desvio o olhar para a Pam, e tento permanecer plena enquanto faço a melhor cara de paisagem que consigo.

Pamela não diz nada, apenas fica me encarando, e no momento seu olhar não é nada amigável. Para tentar amenizar um pouco a situação, eu abro um sorriso pequeno em sua direção e ela acaba retribuindo, o que me tranquiliza um pouco.

— Pelo visto cheguei em uma hora ruim, né? — Pam fala com certo cinismo, mas eu acabo relevando. Não quero entrar nesse joguinho.

— Claro que não! Eu só aproveitei a manhã de sol pra ficar um tempo na piscina. — explico educadamente. — O clube deve estar ótimo pra isso também. — aponto para ela com um sorriso fraco.

Pam tem uma bolsa no antebraço, está com o cabelo úmido e como está vestindo uma blusinha tomara que caia, fica evidente a alça do seu biquíni ao redor do seu pescoço.

— Passei a manhã lá mesmo. — ela confirma.

— Fez bem. Tenho certeza que a água estava uma maravilha.

— Estava sim, uma delicia. Acho que a única coisa que deixou um pouco a desejar é que estava bem cheio hoje. — ela diz com simpatia, mas seu semblante simpático não dura muito, já que em questão de segundos a sua fisionomia muda para uma carranca. — Nathan! — Pam o cumprimenta com um aceno de cabeça e força um sorriso.

— Ah, oi Pamela! — ele abre um sorriso debochado, joga a toalha sobre o ombro e bagunça o cabelo. Revezo o olhar entre um e outro, e eles parecem estar competindo. Como se fosse um desafio interno, não sei dizer. Só sei que não se olham de maneira gentil. — Você vai ajudá-la a estudar biologia, certo? — Nate volta o olhar para mim, seus olhos estão mais suaves agora, e eu assinto. — Ok, eu vou brincar um pouco com o pirata já que vocês vão usar o computador, e apesar de eu estar muito afim de jogar videogame, não vou incomodar o casalzinho lá em cima. — ele ri e antes de ir atrás do meu cachorro que está abanando o rabinho pra ele, o Nate se inclina para beijar a minha testa.

— Por favor, pega leve com ele. Não deixa meu bichinho cansar muito, tá? — pedi carinhosamente para o Nathan.

Ele se virou para mim e começou a caminhar de costas.

— Seu pedido é uma ordem, pinguinho de gente. — Nathan piscou para mim. — Tem alguma dica de brinquedo?

— O macaquinho de pelúcia é o favorito do Ozzy, se eu não me engano o brinquedo está na área da churrasqueira. — aviso pra ele, Nate manda um beijinho pra mim e gira nos calcanhares, saindo da nossa vista.

— Será que podemos ir logo para o seu quarto? Eu meio que não tenho a tarde toda, fofinha. — Pam pergunta seriamente, confirmo com a cabeça e caminho até a escada.

Não vou negar que estou com uma sensação desconfortável dentro do peito, como se algo muito ruim estivesse para acontecer. E só piora quando eu sinto o olhar da Pamela em minhas costas.

Espero estar enganada sobre esse mau presságio. Deve ser apenas o meu pessimismo falando por mim. Não tenho o porquê me preocupar. Está tudo dando certo, está tudo bem.

Quando chego ao meu quarto, puxo as duas cadeiras do computador, sento em uma e a Pamela se senta confortavelmente na outra, tirando seu material da bolsa.

Descobrindo o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora