09h40min – 8 de fevereiro – Segunda.
Eu poderia simplesmente fingir que não escutei nada que o Nathan disse, poderia apenas ignorar e seguir com a minha vida, mas não foi o que eu fiz.
Tudo que o Nathan falou estava me corroendo por dentro. A começar pelo meu coração, o mesmo foi o mais atingido. Foi nele que todo peso da angustia fez morada.
Ao olhar para o lado e me ver sozinha tudo piorou.
Eu estava em uma pracinha lotada de adolescentes, perto de um refeitório com muitos outros, mas ainda assim, completamente sozinha. Não tinha ninguém perto de mim. Ninguém tentando sequer se aproximar de mim. Ninguém parecia interessado em me conhecer. Em conversar comigo.
No final o Nathan não estava tão errado e isso só fez a tristeza aumentar.
O aperto no peito logo começou a se intensificar e meus olhos começaram a lacrimejar. Eu não estava mais conseguindo conter as lágrimas, então eu apenas sai da praça.
Voltei a colocar o meu capuz, caminhei apressadamente até o corredor estreito próximo aos banheiros da quadra e me sentei no chão.
Aqui é uma parte bem isolada do colégio, duvido que alguém me encontre com facilidade. Nem meu irmão pensaria nesse lugar, talvez a Malu me encontrasse aqui, porque me conhece bem demais.
Fora eles, ninguém.
Porque ao que parece, eu sou como uma loba solitária. Ou tenho algum tipo de doença contagiosa que ainda não percebi, e isso faz com as pessoas pensem antes de se aproximar de mim.
Coloquei o rosto entre as mãos e deixei as lágrimas caírem. Apesar de triste, eu também estava com raiva, e conforme eu deixava as lágrimas tomarem conta do meu rosto, elas não paravam. Elas só aumentavam cada vez mais.
Junto com elas, frases ecoavam na minha cabeça. Frases que me diziam o quanto eu era insuficiente e inferior. O quanto eu não era merecedora das coisas. O quanto eu nunca seria feliz. Eram muitos pensamentos depreciativos ao mesmo tempo. Eu estava sufocando.
Estava difícil respirar.
Em meio a um soluço eu senti uma mão tocar meu ombro.
— Ei. Você está bem? — era uma voz masculina, o tom de preocupação era nítido.
— Não, eu não estou. Mas, vou ficar. — respondi baixinho em meio ao choro.
— Olha, se você quiser ficar sozinha, eu vou entender. — ele diz baixinho também e lentamente ele tirou a mão do meu ombro.
— Não, não quero. — nego com a cabeça. — Fica, por favor. — sussurro e olho para o garoto agachado na minha frente.
— Se eu te der um abraço você vai se sentir um pouquinho melhor? — ele perguntou de mansinho.
Levei minha mão até o meu nariz e cocei-o. Funguei um pouco e assenti timidamente para o garoto.
Sem pensar muito, o garoto me puxou para um abraço e eu me permiti ser acolhida. Me permiti ser abraçada. E deixei que com as lágrimas todo sentimento ruim saísse de dentro de mim.
— Obrigada! — murmurei ao afrouxar o abraço.
Ao me afastar do garoto, eu limpei meus olhos com as costas das mãos e isso, ajudou a desembaçá-los para que eu pudesse reconhecer o menino a minha frente.
Ele é o garoto de óculos do fundão da minha sala, aquele mesmo garoto que já vi olhando com curiosidade para a Malu. Mas eu duvido que ela o tenha notado.
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Descobrindo o Amor
RomanceOlivia sempre foi considerada como "duff" no colégio em que estudava. Mas, depois de passar as férias no Canadá, ela voltou para o Brasil mais confiante e com uma aparência totalmente diferente da que tinha antes. Desde a sua volta muitas mudanças a...