(Nathan)
23h10min – 04 de Agosto – Quinta
Não dá mais para eu adiar essa conversa. Preciso fazer isso hoje. Agora se possível!
Só preciso esperar minha mãe sair do banho para enfim, ter um tempo com ela. Para enfim, falar tudo o que eu preciso.
Olho para o Snow que está deitado sobre a minha barriga e acaricio o seu queixo, recebendo um ronronado como resposta.
— Quem não gosta de carinho, não é mesmo? — digo baixinho e recebo um olhar indiferente do meu gato. — Eu sei que você gosta. — Snow mia e lambe a patinha da frente. — Você não gosta de grude, mas sei que mudaria de ideia se o grude fosse de alguém especifico. — ri baixinho quando o Snow começou a subir pelo meu peito e esfregou o corpinho no meu pescoço. — Somos parecidos nisso.
Solto um suspiro longo e direciono meu olhar para a porta do meu quarto. Encontrando a minha mãe parada ali. Ela está com os braços cruzados e sua linguagem corporal me diz muita coisa.
Dona Ana está totalmente fechada, indicando que será difícil fazê-la dizer o que anda sentindo e ela está me encarando de maneira esquisita.
— Você está ai há muito tempo? — questionei, desconcertado.
— Tempo suficiente. — minha mãe se limita a dizer.
Respiro fundo e junto toda a coragem que tenho para chama-la com a mão, fazendo com que ela entre no meu quarto. Ela despreocupadamente caminha até a minha cama e se senta, mantendo uma distância segura entre nós dois.
— Você me falou que queria conversar comigo, então, estou aqui.
Me ajeito na cama e começo a me mexer de maneira desconfortável.
O Snow ao notar o clima pesar, não pensou muito e pulou para o chão. Ele se deitou sobre o meu tênis e manteve o olhar fixo na minha mãe.
O comportamento do meu gato é bem característico, ele age de acordo com a energia a sua volta. O Snow costuma espelhar nossas ações e quando elas são de desconforto, ele fica um pouco arredio. Principalmente, se ele sente que a energia está desfavorável para ele.
Nesse caso, o ideal é deixa-lo no cantinho dele.
— Não sei como começar a falar sobre esse assunto se você não me dá abertura. — digo de uma vez só.
— Quer ter uma conversa de adulto comigo? — Dona Ana perguntou, mal humorada.
— Não. Eu quero a minha mãe de volta. — sussurrei e notei seu olhar mudar. Não está rígido como há um segundo atrás, está vacilante e um pouco emotivo.
— Mas eu ainda estou aqui, Nathan. — Dona Ana retruca.
— Não está. Não inteiramente. — reafirmo.
— Você quer que eu faça mais o que? Porque eu estou fazendo tudo que disse que faria. O que mais você quer de mim? — ela questiona, cansada.
— Você está cada vez mais distante e cada vez mais fria comigo, mãe... — digo com pesar e ela desvia o olhar para as mãos. — Eu não aguento mais essa situação, Dona Ana. Não consigo mais vê-la se acabar assim. Não aguento as recaídas que têm toda vez que vê algo que te machuca. Não suporto ver o que a bebida faz com você. Me dói ver você se afundar na depressão e se perder de si mesma. — digo com sinceridade e percebo que a minha mãe se encolhe, como se tivesse levado um tapa. — Eu quero te ajudar, quero que me deixe ajudá-la. — desencosto da cama e hesito um pouco, mas acabo colocando a minha mão sobre a dela. — Somos só nós dois, mãe. Só quero que converse comigo, que desabafe, que confie em mim. Quero poder te ajudar a tirar aos poucos todo peso que você carrega dentro de você.
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Descobrindo o Amor
RomansOlivia sempre foi considerada como "duff" no colégio em que estudava. Mas, depois de passar as férias no Canadá, ela voltou para o Brasil mais confiante e com uma aparência totalmente diferente da que tinha antes. Desde a sua volta muitas mudanças a...