15h17min – 04 de Setembro – Domingo
Meus amigos me mandaram mensagem e me ligaram a manhã toda, mas eu estou sem ânimo para nada. Minha mãe tentou me animar, meu irmão também tentou, até o meu cachorrinho, mas nada me tirou do quarto até agora.
Estou sem comer desde o brigadeiro que dividi com o Nathan ontem. Parece que minha fome simplesmente se foi, assim como minha vontade de sair desse quarto. E sendo bem sincera, não sei se quero sair daqui tão cedo...
Se eu pudesse não sairia nem pra ir amanhã para o colégio, não quero estar com ninguém além de mim. Só quero tentar juntar os cacos e remenda-los em um coração novo. Um coração cheio de cicatrizes, mas ainda um coração.
A pior parte do que aconteceu ontem com certeza são as marcas que ficaram no meu rosto e no meu pulso, elas estão um pouco visíveis já que tomaram um tom arroxeado hoje. O Arthur até me trouxe uma pomada para hematomas para ver se sumia mais rápido, mas tudo bem... Nada que uma base não cubra. É, pelo visto terei que recorrer a isso a amanhã.
Recorri ao meu caderno de pensamentos hoje. Ele é essencial pra mim em dias assim. Dias que preciso colocar pra fora tudo o que estou sentindo e o que não consigo entender. Quando escrevo fica muito mais fácil organizar meus pensamentos, organizar meus sentimentos.
Não estou na escrivaninha e nem escorada na cabeceira como de costume, apenas deitei de lado na minha cama. Estou com o cotovelo apoiado no colchão para sustentar o meu corpo, meu rosto está apoiado na palma da minha mão e tudo que eu faço com a outra é deixar a caneta percorrer as linhas livremente.
Enquanto eu colocava todos os meus sentimentos no papel, eu aproveitava para absorver as letras da playlist que coloquei para tocar no computador.
Favorite Crime da Olivia Rodrigo tinha acabado de terminar para poder dar lugar a Bite Me da Avril Lavigne.
Ambas as canções dizem tanto sobre o momento que estou vivendo, mas não tenho sequer forças para rir da ironia das letras.
Sendo assim, usei-as de inspiração para poder colocar em forma de poesia tudo o que me afligia, me incomodava e me fazia sentir inferior por conta da minha situação atual. Não posso negar que me puni mentalmente e através da escrita por ter me colocado nessa merda toda.
É... Quem diria que meus livros pudessem me enganar tanto.
Eles me fizeram acreditar tanto que contos de fadas existiam, que erroneamente me fizeram cair em uma tremenda furada. Eu literalmente cai no conto do vigário. Meus bens mais preciosos me fizeram realmente acreditar que o que eu estava vivendo era um sonho, que eu havia entrado em uma das minhas fantasias.
Fiquei tão cega pela paixão que mal conseguia ver os pequenos sinais, os sutis sinais. Mesmo quando eles não eram tão sutis assim. Eu preferi negá-los a acreditar que pudesse estar sendo feita de trouxa. Eu jamais pensei que o Matheus era um lobo em pele de cordeiro.
Se pelo menos eu tivesse escutado os meus amigos... Nada disso teria acontecido.
A única coisa pelo qual posso agradecer é o fato de nunca ter me entregado completamente para ele. Porque se eu tivesse concretizado, se eu tivesse transado com o Matheus, a dor no meu coração estaria ainda mais dilacerante.
Nossa... Estou colocando tantas coisas no papel, tantas magoas que, acho que esse é um dos primeiros textos que escrevo sobre decepção amorosa.
Os anteriores, se falavam de decepção era em relação a mim mesma. A maioria deles tinha mais relação comigo ou até com o que eu sentia quando estava em momentos específicos, com pessoas específicas.
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Descobrindo o Amor
RomantizmOlivia sempre foi considerada como "duff" no colégio em que estudava. Mas, depois de passar as férias no Canadá, ela voltou para o Brasil mais confiante e com uma aparência totalmente diferente da que tinha antes. Desde a sua volta muitas mudanças a...