Capítulo 41 :

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Júnior se virou e foi até uma pasta de couro, que Thaís não tinha reparado ainda, de lá tirou alguns papéis. Jogou um em cima das pernas dela e outro ficou com ele, onde começou a ler em voz alta depois de colocar uns óculos de grau que ela também não sabia que ele usava.

Júnior: Os pais, Thaís Louzada Picoli e Erivelto Cerqueira Júnior estão de comum acordo que a relação de ambos será harmoniosa e restrita por conta exclusivamente dos filhos, menores, que tem em guarda compartilhada.

Ele leu em voz alta e Thaís sentiu suas pernas tremerem. Era aquilo mesmo que estava entendendo?

Júnior: Ou seja, nós seremos pais, apenas isso.

Thaís: E para que um contrato para dizer isso? — abanou os papéis na frente dele e Júnior continuou parado de pé, inatingível.

Júnior: Para diminuir todas as explicações, discussões e tudo mais que nós teríamos. É mais prático e está tudo escrito ai.

Thaís: Você não pode mandar nas minhas ações! Não é um contrato que vai me calar. — levantou-se do sofá, irritada e encarou ele.

Júnior: Você vai ler e assinar, concordando ou não. Todo o mundo sabe a merda que você fez e será muito, mas muito fácil tirar essas crianças de você assim que elas nascerem. Eu ainda sou muito bondoso com você, porque quero apenas a guarda compartilhada.

Júnior tirou os óculos e ela não acreditou que ouviu aquilo. Que Diabos tinha acontecido com Júnior?

Thaís: Eu não sou uma barriga de aluguel, nós dois fizemos isso. Não pode me tratar como se eu fosse uma hospedeira, eu sou mãe delas! — As lágrimas começaram a brotar e ele engoliu em seco.

Júnior: Quem é mãe de verdade, não faria nunca a palhaçada que você fez com as suas filhas. — falou baixo.

Thaís sentiu o tanto de raiva que ele ainda sentia por toda aquela história. Ele não estava errado.

Júnior: Mas o que está em questão, é que eu sou pai delas, nada mais. Eu darei tudo a minhas filhas, acompanharei a gravidez e cuidarei para que não aconteça mais nada de mal a elas, mas quanto a você... — fechou os olhos e respirou fundo. — Aprenda a se cuidar sozinha.

Ao dizer aquilo, Thaís sentiu as pernas fraquejarem e caiu sentada no sofá. Ele deu as costas e pegou a pasta, onde guardou a outra cópia do contrato.

Júnior: Na segunda feira, vou comprar os móveis do quarto delas, mando o endereço por mensagem para você, se quiser ir, vai ser bem vinda, aproveita e leva o contrato assinado. — despejou tudo aquilo em cima dela e logo depois deu as costas e bateu a porta.

Pegou todos os papéis que ele largou e subiu para o quarto mastigando a última parte do pão de chocolate, assim que se sentou na cama para ler, sentiu um vazio enorme em seu peito. Estava ali sozinha, naquela casa perfeita, lendo um contrato que definitivamente a obrigaria a ficar longe de Erivelto. Por mais que a ideia que ele fosse participar ativamente da vida das filhas fosse maravilhosa, ela sabia que o que desejava do fundo do coração era que ele participasse, mas ao seu lado.

Colocou as pernas com pés inchados em cima de alguns travesseiros e se acomodou para ler. Ao final, ela estava chorando. Todas aquelas páginas, tinham tantas coisas absurdas que ela se sentia ofendida, mas sem dúvidas alguma, a parte mais complicada para ela foi a parte de que Júnior queria sim o bem de suas filhas, mas apenas das crianças. Ela era realmente uma hospedeira das filhas dele. Havia cláusulas dizendo que qualquer coisa que ela fizesse prejudicial a saúde das crianças, ela teria a guarda delas tomada. Aliás, qualquer coisa que ela fizesse, ele tiraria as crianças dela.

Arthur: O Piloto III 🎡Onde histórias criam vida. Descubra agora