Capítulo 85 :

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O dia tinha acabado de nascer no Rio de Janeiro quando finalmente o avião aterrissou. Anne abriu os olhos e encontrou Júnior a olhando, sem vontade alguma de levantar daquela poltrona e temendo tudo o que estava prestes a acontecer, virou a cara e fechou os olhos. Não durou muito, pois ele logo a pegou pelo braço e a saiu arrastando até o balcão da policia federal.

Enquanto resolvia as burocracias da entrada de Júnior, que não estava com os documentos em mãos, ela mexia em seu celular, ajeitando o fuso e vendo as mensagens que lhe mandaram enquanto estava no voo. Seu coração saltou ao ver uma de Luan, perguntando se o noivado já havia terminado e quando ela voltaria para casa.

Droga... Seria tão mais fácil, tão simples se ela estivesse em Mônaco ainda. Se ela não tivesse que ver ao vivo e a cores ele sendo preso, por culpa dela mesma que tinha o entregado. Isso seria possível, se não fosse aqueles dois caras insuportáveis que agora a arrastavam pelo saguão do aeroporto. Assim que conseguiram alugar um carro na locadora, seguiram rumo ao endereço que Rodolfo se lembrava muito bem, enquanto Anne apenas fingia que não estava ali.

Júnior: Fala com o porteiro para autorizar nossa entrada.

Anne: Porque vocês não vão ao inferno? — ironizou e ao ver o rosto de Júnior bravo, prontamente abriu o vidro, colocou a cabeça para fora e falou com o porteiro, que permitiu o acesso do carro ao estacionamento. — Ok, vocês vão... Mas eu fico aqui.

Rodolfo: Eu acho que você deveria subir... E desencantar de vez daquela ameba. — disse a morena assim que Júnior saiu do carro, já discando o número da polícia.

Anne: O que você entende de encanto e desencanto Rodolfo? — cruzou os braços, debochadamente.

Rodolfo: Não entendo nada Anne, mas eu tenho certeza que mesmo ele preso, você vai continuar na dele. Talvez você devesse ver com os próprios olhos quem ele é.

Anne: E você sabe quem ele realmente é, Rodolfo?

Rodolfo: Ao contrário do que muitos dizem, o que somos de verdade é o que nós mostramos ser na hora da raiva, do aperto, da tristeza. Cada um reage da forma que realmente é... Não pela agonia nem aflição. Eu penso que você deveria subir e ver com os seus próprios olhos, claro que vai ser doloroso, mas é muito melhor do que se enganar pela vida inteira.

Rodolfo terminou deixando Anne completamente paralisada. O que tinham dado a Rodolfo? Por que ele estava falando coisas com algum sentido?

Ele desceu do carro assim que Júnior terminou a ligação e o deixou aberto, para que Anne tomasse sua decisão. Ela todo esse tempo tinha amado Luan sabendo quem ele era, mas a imagem do que ele algum dia foi, era o que lhe importava. Mas e se o que ele foi também fosse falsidade? Não queria ficar preso o resto de sua vida a alguém que não era quem ela achava que era, por isso saiu correndo do carro até o elevador onde estavam os dois, que assim que a viram entrar com eles, se entreolharam.

Júnior: Finalmente uma atitude sensa...

Anne: Cala a boca ou eu te acuso de abuso sexual.

Júnior: Oi? — arregalou os olhos e olhou para Rodolfo, que estava com a testa franzida. — Geralmente eu abuso de pessoas com um nível de inteligência bem maior que o seu, queridinha. — deu uma piscada e Anne apenas bufou.

Anne: Vê se eu estou ali na esquina.

Rodolfo: Opa! Para o elevador que eu vou lá ver. — levantou as duas mãos para o alto.

Anne grunhiu de raiva, fazendo os dois rirem. Ela bem que tentava os irritar, mas sempre falhava. Ele se distraiu no meio daquela discussãozinha idiota, mas assim que o elevador apitou, mostrando que estavam no andar do seu apartamento, ela sentiu as pernas tremerem. Não era medo, mas sim uma aflição imensa. Medo do que Luan falaria, de como ela se sentiria e até mesmo do que ele faria com Júnior e Rodolfo, se bem que com a raiva que eles tinham dele, quem levaria a pior com toda certeza seria Luan. Eles a jogaram para frente e a obrigaram a abrir a porta. Assim que abriu, ela ouviu o barulho da televisão ligada e olhou para os dois, que ficaram parados no hall, a mandando entrar primeiro. Anne fechou os olhos e respirou fundo, antes de dar o primeiro passo.

Arthur: O Piloto III 🎡Onde histórias criam vida. Descubra agora