Capítulo 1 :

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As férias da Fórmula 1 acabaram sendo nada mais nada menos que mais trabalho para Arthur. Com a elaboração do carro para o ano que vem, acabou tendo que ficar um tempo em Maranello, projetando o carro junto dos outros funcionários. Carla, como acabaria ficando sozinha junto de Maria Clara, preferiu seguir os passos do marido e participar um pouco da vida dentro da fábrica da Ferrari, aproveitando para elaborar os seus projetos do desfile e viu um pouco da criação das roupas. Claro que seu trabalho se encerrou rapidamente, pois a barriga começava a pesar no alto dos cinco meses de gravidez e junto disso, dores nas costas vinham de brinde, assim como a canseira e o sono.

Com isso, acabou ficando no hotel boa parte do tempo, enquanto Maria Clara estava junto com Victor para cima e para baixo. Em uma dessas tardes sozinha no hotel, visitando sites da internet acabou descobrindo antes mesmo da própria cunhada, que o casamento estava marcado para o começo de fevereiro, pouco menos de dois meses. Thaís só podia estar ficando louca.

Cansada de ficar sozinha, acabou conseguindo com Rodolfo o endereço de Lucas e sabendo que o filho estava de folga hoje, pegou sua bolsa e partiu rumo a casa do filho. Não era de hoje que aquela relação dela e de Lucas estava a incomodando, por mais que soubesse que ele morria de saudades, ele se sentia completamente um estranho de chegar em casa ou simplesmente fazer uma simples ligação e aquilo fazia com que seu coração doesse de remorso.

Quando finalmente parou o carro em frente ao prédio, sua boca foi ao chão. Era um dos lugares que jurava que não veria em vida algum de seus filhos morando. A pintura estava descascada e as pessoas não eram tão civilizadas quanto no centro da cidade, penduravam suas roupas na janela e gritavam uma com as outras. Ativou o alarme do carro e conferiu no papel que marcava que aquele era o lugar certo. Abriu a porta e entrou sem nem ao menos ser barrada, olhou a escada e quase desistiu ali mesmo, eram dois lances de escada que a deixariam morta. Assim que parou em frente ao apartamento do filho, ela estava arfando e sem ar, com pressa bateu na porta e demorou alguns segundos para que Lucas abrisse a porta, apenas de bermuda e todo descabelado. Ao ver a mãe parada em frente a porta, respirando com dificuldade e encostada na parede, ele abriu um sorriso, por mais surpreso que ele estivesse de vê-la ali.

Lucas: Mãe, como veio parar aqui? — ele abriu ainda mais a porta, dando espaço para Carla entrar, mas ela não conseguia nem se mover de tanta falta de ar. — Você está bem?

Carla: Agora sei por que está quase desnutrido, essa escada... — ela respirou com dificuldade, fazendo Lucas começar a dar risada. — É de matar.

Lucas: Entra. — deu espaço para ela na porta. Carla sorriu e ao colocar os pés dentro do apartamento dele, arregalou os olhos. — Eu estava arrumando a casa er...

Tentou explicar toda aquela bagunça em cima do sofá, em cima da estante, em cima da cama, em cima de cada pedaço daquele lugarzinho que Carla jurou que não caberia ela e Lucas ao mesmo tempo.

Lucas: E estava fritando ovo... Ah meu Deus, meu ovo! — saiu correndo pelo apartamento até algo que Carla pensou ser a cozinha.

Ela deu um sorriso e seguiu Lucas, antes de largar sua bolsa no sofá. Ao chegar perto do filho, ele olhava para o pequeno fogão de duas bocas com um bico no rosto.

Lucas: Queimou. — mostrou a frigideira com aquele ovo todo gordurento completamente queimado. — Se tem uma coisa que puxei de você, é a falta de habilidade na cozinha.

Carla: Quem disse menino? Você adora meu suflê! — revirou os olhos e viu o filho colocar a cabeça para trás e começar a gargalhar. — Ok, você adora quando ele não queima, ou murcha. Mas isso raramente acontece!

Lucas: Fala sério. — revirou os olhos e Carla sorriu, tirando a frigideira das mãos dele e jogando o ovo onde ela julgou ser o lixo.

Carla: Trouxe isso para você. — ela tirou de trás do braço uma sacola parda de mercado e Lucas a olhou sem entender.

Carla abriu e tirou alguns pães que ela sabia que Lucas adorava, o queijo preferido dele, algumas latinhas de refrigerante e para completar o sorvete da marca e sabor preferidos deles. Lucas ao olhar toda aquela comida, se sentiu estranho. Havia meses que não via coisas tão boas entrando naquele apartamento, pois tudo aquilo custava absurdamente caro.

Carla: Não gostou? Pensei que poderíamos lanchar.

Lucas: Eu adorei, de verdade. — ele abriu um sorriso e virou para pegar dois pratos e os copos.

Enquanto ele tirava as coisas da pequena gaveta, Carla olhou em volta. Podia ver do outro lado a porta do banheiro aberta, perto da sala havia apenas um sofá e uma pequena televisão e bem atrás dela, estava a porta aberta que mostrava uma cama de casal e um pequeno guarda roupa. Nunca em sua vida imaginou que Lucas iria se acostumar a morar em um lugar tão pequeno. O que Maria Clara sempre teve de simplória, gostando de coisas pequenas e extremamente simples, Lucas gostava de casa grande, geladeira cheia e dinheiro para gastar nas coisas que ele mais gostava. Imaginava como havia sido a adaptação de Lucas em sua nova vida, o quanto ele deveria ter se sentido desajustado de tudo aquilo.

Assim que Lucas pegou tudo, ele chamou Carla e levou todas as coisas para a mesa de centro da sala e recolhendo uma toalha de banho e algumas roupas do sofá, convidou a mãe para sentar. Ela riu daquilo, ao ver o filho chutando todas as roupas para dentro do banheiro e fechando a porta.

Carla: A Joana morreria se visse o que você está fazendo. — sorriu ao ver o filho comendo o lanche com tanto gosto, como há muito não via alguém comer. Ela fez seu lanche e acompanhou o filho.

Lucas: Isso está tão bom. — comentou com a boca cheia e Carla o olhou repreensivo. — Ela pode lidar com isso, eu acho.

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Arthur: O Piloto III 🎡Onde histórias criam vida. Descubra agora