Capítulo 47 :

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Alice precisou de um tempo sozinha para assimilar tudo que estava acontecendo em sua vida assim que saiu do hospital e chegou em casa.

Primeiro: Havia caixas para todos os lados e ela logo foi informada que eram de sua mãe. Que moraria com ela. Que moraria com Rodolfo. Aquilo era demais para ela agir normalmente. Segundo: Todas as pessoas que ela mais gostava estavam ali no apartamento a esperando com um almoço bem feito. Maria Clara a abraçou sorridente, logo depois veio Victor e ela viu no sofá Carla e Arthur sorridentes. Terceiro: Lucas estava segurando sua mão, assim como fez nos três dias que ficou internada. Ele não a largava, lhe acompanhava nos exames, lhe dava comida, conversava e ainda participava das consultas com a psicóloga.

Rodolfo: Bem vinda de volta a sua casa, princesa. — abraçou a filha assim que ela entrou e foi retribuído com a mesma intensidade.

Sarah: Nós estamos muito felizes por ter você aqui. — assim que Rodolfo a soltou, foi a vez dela de sufocar a filha.

Depois de Sarah, veio Maria Clara, Victor, Carla e Arthur, todos lhe dando o máximo de carinho possível. O almoço era sua comida favorita e ela se esforçou em comer tudo, sentindo-se feliz pela volta do seu apetite. Na verdade ele sempre esteve ali, apenas ela que o ignorava.

Carla: Consegui duas entrevistas para você, uma na Forever 21 e outra na Victoria's Secret, essa foi indicação da Adriana, lembra a dona da Elite? — falava para Sarah no meio do almoço.

Sarah apenas assentiu, um tanto preocupada com aquilo. Ela estava bem próxima de ter um emprego, mas sabia que devia dar toda a atenção que nunca deu à sua filha, passar um tempo com ela e a ajudar no tratamento. Alice arregalou um pouco os olhos ao ouvir as marcas e logo depois abriu um sorriso.

Sarah: Muito obrigada Carlinha, não sei o que faria sem você. — piscou para a amiga e lhe segurou a mão, agradecendo.

O clima do almoço estava bom e Maria Clara contava tudo o que fizeram na África e todos prestavam atenção entorpecidos com as histórias. Apenas Victor estava absorto, lembrando de todo o sofrimento que passou por lá e da dor que sentiu ao ver Nora, a pequena criança que salvou, dar um último suspiro em seus braços. Nunca em toda sua vida tinha chorado tanto como chorou ao ver a criança sendo enterrada em uma cova rasa no meio de mais dez crianças que também morreram naquele dia.

Para todos ali, era apenas mais uma vitima da fome, das doenças e da pobreza. Para ele era muito mais, era a prova que ele não era ninguém no mundo, pois mesmo com toda sua influencia, dinheiro e posição social, ele não conseguiu salvar aquela menininha, por mais que tenha feito tudo que estava ao seu alcance. Ele era um nada no meio de tantos. E ao olhar para Alice e a ver passando por aquela situação, não deixou de se sentir incomodado. Tantas crianças morrendo de fome por falta de condições e ela parando de comer por opção.

Alice: Mas, não é uma opção minha, Victor.

Arregalou um pouco os olhos ao ouvir toda a história dele sobre a África e a pequena Nora que morreu nos braços dele. Ela sabia que Victor estava em choque e estava tentando lhe ajudar, mas falar aquilo era um tanto indelicado.

Victor: Nós temos o mundo aos nossos pés Alice e o pior é que acreditamos nisso a vida toda. Sabe, é hipocrisia minha ficar falando sobre as criancinhas da África, quando eu mesmo estava me fodendo para elas, mas Alice... Você tem tudo, é perfeita, linda de doer e tem saúde para conquistar tudo que deseja. Ninguém tem o poder de lhe dizer ao contrário, você entende?

Acariciou o cabelo dela enquanto a loira estava sentada na cama do quarto dela. Alice ergueu aquele olhão dela para ele e abriu um sorriso.

Victor: Pensa cada vez que você se sentir mal consigo mesma, que tem gente bem pior no mundo, sofrendo por coisas ainda mais além da dor. — apertou a bochecha dela e a fez sorrir. Alice o olhava admirada.

Arthur: O Piloto III 🎡Onde histórias criam vida. Descubra agora