Capítulo 74 :

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Carla: Aconteceu alguma coisa com ela?

Boninho: Na verdade... Ela voltou para o Brasil. — falou baixo e Carla assustou-se. O que? Tinha ouvido direito? — Não fique com essa carinha menininha, eu iria te contar.

Carla: Aconteceu algo com as minhas irmãs para ela ir para lá?

Boninho: Não... Ela não quis mais ficar aqui. — passou a mão pelo rosto e Carla continuou boquiaberta.

Carla: Vocês terminaram?

Boninho: Ela pediu o divorcio e foi embora. — cruzou os braços e fitou o rosto pálido de Carla. — Na verdade, eu me surpreendi do quanto que durou ela aqui conosco em Mônaco. Mas você conhece sua mãe Carlinha, ela é apegada a tudo e acabou optando pela escola dela, pelas filhas dela...

Carla: Só esqueceu que tem uma aqui que está passando por um momento horrível... — engoliu em seco a raiva que subiu em sua garganta.

Boninho acariciou o ombro dela, sabendo muito bem o que ela sentia. Durante toda sua vida tinha sido criado por Helena, porque Mara trabalhava muito e sempre se preocupou em dar-lhe tudo, menos a atenção e a paciência. Por mais que fosse apegada a sua avó e ao seu pai, ela continuava sendo sua mãe e precisava dela. Nesses últimos tempos vinha percebendo o distanciamento dela, o pouco caso com que estava lidando com os problemas que estavam aparecendo, na verdade se fosse comparar, Beatriz vinha sendo mais mãe dela do que Mara. E era isso que lhe dava raiva, ela tinha ido embora porque sentia saudades das outras filhas, enquanto ela estava ali precisando de ajuda.

Boninho: Carla se tem algo que eu aprendi durante esses anos, foi que família não é a nossa de sangue, que nos dá a vida e nos vê crescer, é aquela que nós escolhemos, que nos acolhem... Você tem tudo isso aqui e eu também.

Ao ouvir aquilo ela não aguentou e começou a chorar, sendo amparada por Boninho. Não chorava por sua mãe ter ido embora, mas por finalmente entender onde era seu devido lugar. Não era ao lado de sua mãe e de suas irmãs no Brasil e sim ao lado dos Picoli, da família de Sarah, de Júnior, de Victor e principalmente de Boninho, este que tinha sido seu pai por muito mais tempo do que Carlos realmente tinha sido. Sempre amaria seu pai, mas naquele momento entendeu que quem realmente lhe amava do modo mais paternal possível, que tinha a ajudado desde o começo de tudo era Boninho.

Carla: Eu não quero perder você Bonis... — disse enquanto o abraçava com extremo carinho e ele retribuía, sabendo que o mesmo medo que ela estava tendo, ele também teve. — Você não é meu padrasto nem meu amigo, você é o meu pai de verdade. E eu não aceito acabar com isso por causa da minha mãe.

Boninho: Você não vai perder. Acha que eu conseguiria ficar longe de você menininha? — abriu um sorriso que Carla mais adorava dele e a abraçou. — Você é minha filha.

Carla: Obrigada Bonis, por tudo... — sussurrou no ouvido dele assim que se abraçaram novamente. — Eu torço para tudo dar certo para você, porque merece muito.

Boninho: Obrigado minha linda. — beijou a testa dela e passou a mão pelo cabelo de Heitor.

Carla: Não há chances de vocês voltarem?

Boninho: Acho que não Carlinha... — suspirou — Sua mãe não queria ficar aqui e a condição dela era ou eu vou sozinha, ou você vem comigo. Ela não me deu nenhuma chance.

Carla: Ela queria que você parasse de trabalhar e fosse embora com ela? — arqueou as sobrancelhas e perguntou incrédula.

Ele assentiu e ela ficou mais pasma ainda, não pela escolha de sua mãe, mas por ver quase a mesma historia que aconteceu com ela se repetindo com eles.

Arthur: O Piloto III 🎡Onde histórias criam vida. Descubra agora