Capítulo 54

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Ret 🔥

Acordei sentindo que a morte tava próxima de mim, estava fraco e cada vez mas cansado. Fiquei sabendo pela Bruna que iria ter que fazer uma cirurgia para retirada das balas que foi em um lugar delicado e com um pouco de pressão ela me confessou que eu poderia não resistir a essa tal cirurgia.

Pedi pra que chamassem toda minha família pra me despedir de uma forma que não deixasse eles tão preocupados comigo e também pra pedir desculpas a Anna por não ter ouvido tudo o que ela tentou me avisar.

Ret: Senta aqui do meu lado, Beatriz. - Ela sentou e eu peguei na mão dela.

Bia: Para de falar pai, o senhor não pode tá se esforçando e sabe disso.

Ret: Essa pode ser a última vez que eu falo com você, você sabe disso não é?

Bia: Deus não vai deixar que o senhor me deixe tão cedo, eu sei que ele não vai deixar. - Engoliu o choro.

Ret: Eu sempre odiei a mulher que te trouxe ao mundo e só fiquei com ela porque sabia das minhas responsabilidades com um filho meu, mas se não fosse isso... Não achei que fosse te amar tanto, mas quando eu te vi pela primeira vez, quando eu te peguei no meu colo eu sentir a melhor coisa do mundo e depois de uns anos eu sentir essa sensação mas duas vezes. - Olhei pro Théo e pra Jade que sorriram. - Lembra sempre que eu te amo mais do que tudo nessa vida meu amor. O amor que eu sinto pelos seus irmãos não é menor, mas você eu criei sozinho durante alguns anos, quando criança você sempre foi a mais que precisou de atenção e afeto e eu sempre fiz de tudo pra que nada disso te faltasse e acho que consegui, não é?

Bia: Claro que conseguiu pai, eu não podia ter tido pai melhor do que você, que mesmo com toda aquela loucura sempre conseguiu me dar tudo que eu precisava... Cara, eu te amo tanto que eu não consigo descrever o tamanho do amor que eu sinto pelo senhor.

Ret: Tudo que eu falei pra Beatriz serve pra vocês dois também, tá ligado? E Théo se liga que toda essa favela aqui é tua, tudo isso aqui é responsabilidade tua, faz sempre o que eu te ensinei e qualquer b.o tu pergunta pro Fantasma, firmeza?

Théo: Para de falar besteira coroa, tá parecendo aquelas mulher chata daquelas novelas mexicanas que a mãe gosta, papo reto.

Ret: Se chega aí moleque. - Ele se aproximou de mim e eu dei um tapa na cabeça dele. - Me respeita que eu ainda sou o teu pai.

Bia: Eu pensava que ia dar um beijo nele já ia reclamar, porque comigo não teve isso. - Ri negando.

Ret: Jade, minha princesa... Me perdoa por não ter te entendido quando você precisou, mas era meu jeito de mostrar que eu tava preocupado com você e que queria seu bem.

Jade: Eu sempre soube disso pai, não precisa me pedir desculpas por nada, se eu tivesse te escutado não tinha passado por aquela decepção tão grande. - Falou ainda meia triste.

Ret: Eu amo vocês mais do que a minha própria vida, meus filhos! - Olhei pra galera que tava tudinho chorando e fiquei rindo vendo que todo mundo ali me amava mesmo não demonstrando.

Azzy: Se liga no que eu tô te falando Filipe, se tu morrer eu vou no inferno e te trago de volta só pra te matar de novo por tá me fazendo chorar em público. - Disse enxugando as lágrimas. - Eu te amo meu irmão, eu te amo muito! - Disse se aproximando e me deu um beijo na testa.

Ret: Tu sempre disse que não me amava, marrenta. - Peguei na mão dela.

Azzy: Tu é meu único irmão, chato pra caralho, mas nunca vai deixar de ser meu irmão.

Ret: Se alguma coisa me acontecer guarda sempre na memória os nossos melhores momentos, o dia que eu torturei e matei o policial que matou o nosso pai, das noites que eu tentava te assustar me vestindo de fantasma mas tu nem dava muita bola, das inúmeras guerras contra os pau no cu que quase sempre saíamos vencedor e várias e várias outras lembranças que só a gente sabe, só a gente viveu. - Peguei na mão dela.

Azzy: E ainda vamos viver porque tu não vai morrer, tu vai ficar vivo meu irmão! Como tu mesmo disse sempre saímos vencedor e não é agora que vamos perder pra esses pau no cu que querem tirar de nós a nossa casa, a nossa favela!

Ret: Mas se acontecer eu conto contigo também pra ajudar o Théo no que ele precisar. - Ela assentiu.

Depois de falar com a minha coroa e com os outros eu pedir pra conversar com a Anna sozinho, precisávamos desse momento.

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