Capítulo 63

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Anna 🦋

Eu vi a minha irmã cair no chão diante dos meus olhos, completamente desfalecida e com a expressão de dor no olhar e a última coisa que ela falou antes de morrer foi:

"Cuida da nossa Magda pra mim, eu amo vocês".

Aquele tiro não era pra ela, não era pra ela ter morrido, era pra mim está sendo enterrada agora, não ela.

O túmulo estava aberto e o caixão estava em cima da pedra, olhei em volta e todos estavam aqui pra prestar uma última homenagem a Manuela, ela merecia pelo menos um enterro digno.

Fui até o caixão aonde estava a minha irmã pálida, com os lábios roxos, mas mesmo assim continuava muito linda... Fui alisar seu rosto quando sentir minha mão sendo puxada com muita força.

Ruth: Tudo isso que tá acontecendo é culpa sua! - Gritou atraindo a atenção de todos. - Se você não tivesse se metido com traficantes a nossa família estaria livre de qualquer perigo, minha filha não teria sido usada como uma vingança que era do seu marido e não dela, era pro seu primeiro marido ter te matado pra você aprender a não se meter com quem não deve. - Aquilo doeu mais do que um tiro.

Vi o Filipe puxando a arma pra ela e me assustei mas depois respirei aliviada quando a Jade se pôs na frente e saiu arrastando o pai dali.

Depois de ter me falado aquilo minha mãe saiu do cemitério, ela não estava no estado normal dela desde que a Manu desapareceu mas o pior de tudo isso é que ela me culpava pelo mal que tinha caído sobre a minha irmã, mas eu nunca quis isso pra ela, eu a amava como uma filha.

Lembro daquela menininha tão doce e meiga que vivia na minha casa brincando com a Bia, as duas eram inseparáveis e depois que cresceram nada disso mudou... Eu nem precisava dizer o quanto ela estava destruída com a morte da melhor amiga, a única que estava forte por todos nós era a Jade, que mesmo sentindo a dor e se sentindo um pouco culpada estava fazendo de tudo pra nos ajudar.

Depois de enterrar a Manuela fomos para casa e eu subir pro quarto com a ajuda da Jade, que perguntou se eu queria comer ou qualquer outra coisa, mas eu apenas balancei a cabeça, não conseguia abrir a boca pra falar nada.

Ela me deu um calmante pra dormir e eu deitei na cama tentando, mas toda vez que eu fechava os olhos eu via a Manu caindo sem vida na minha frente e isso fazia com que eu me assustasse.

Um tempo depois finalmente o remédio fez efeito e eu peguei no sono.

(...)

Jade: Que história é essa Théo? Tá usando droga essa hora da noite? - Acordei ouvindo a voz dela um pouco longe, mas alto.

Théo: Tia Carol tá aí em baixo desesperada, Jade. Tu acha que eu ia brincar com um negócio sério desses?

Jade: Meu Deus, porque tudo isso tá acontecendo com a gente? - Falou com a voz de choro.

Me levantei pensando estar sonhando, mas não, era bem real. Me levantei e desci pra saber o que estava acontecendo, mas pelo visto não era coisa boa.

Carol: Eu vi com os meus olhos, eu fui na casa dela pra ver como ela estava e quando cheguei lá ela já estava morta... - Falou chorando assim que desci a escada.

Anna: Quem está morta? - Falei assustando ela, Filipe, Théo e Jade. - Vamos minha gente, quem morreu?

Ret: Anna, senta aqui.

Anna: Não Filipe, eu não quero me sentar, eu quero saber quem foi que morreu. - Falei irritada com tanto mistério.

Carol: É melhor você...

Théo: A vó Ruth se matou!

Jade e Filipe repreenderam ele só com um olhar.

Anna: Como é? - Falei não querendo acreditar naquilo que estava acontecendo.

Carol: Não era pra você saber desse jeito, Anna.

Théo: Desculpa mãe, mas eu prefiro falar logo de uma vez do que as pessoas enrolando.

Sentir meu corpo fraco e cambaleei sendo segurada pelo meu marido, aquilo parecia ser um pesadelo... Sentir como se tivessem jogado um balde de água gelada nas minhas costas e logo em seguida uma pisa de chicote, minha mente não estava aguentando tanta pressão e estava a ponto de explodir.

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