Capítulo 50

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Beatriz

Bia: Por que não voltamos pro morro? Já tá tudo bem entre a Jade e o pai. - Falei a minha mãe que olhava a televisão.

Anna: Agradeço a Deus por ele ter reconhecido o erro dele e ter parado de rejeitar a própria filha, mas o meu problema com seu pai não era tanto a Jade e sim coisas nossas também. Se quiser voltar pode ir, mas eu vou ficar na minha casa e não morando de favor na casa do Ret.

Bia: Mãe, o que tá acontecendo?

Anna: Seu pai esses ultimos dias estava muito ignorante comigo e ele também voltou a usar drogas pesadas, sabia? - Neguei. - Além disso não para de fumar um segundo, seu pai fuma desde novo e o pulmão dele já tá ficando fodido... Eu mandei ele ir no médico porque ele só vive cansado ele disse que eu que devia ir pra o psiquiatra porque porque estava ficando doida.

Bia: Depois que foi ficando mais velho foi ficando cada vez mais temoso, meu Deus! - Neguei com a cabeça. - Mas não rola nem uma conversa, mãe? Ele assumiu o erro com a Jade, com certeza sabe que errou com a senhora também.

Anna: Se ele foi falar com a Jade que venha falar comigo também, cansei de correr atrás de quem só quer tá certo mesmo estando todo errado.

- A Polícia acaba de invadir a favela da Rocinha em busca de acabar com o tráfico do Rio de Janeiro. - Meu peito apertou ouvindo a moça da televisão falando aquilo.

Bernardo: Olha mãe é a nossa casa. - Falou apontando pra TV.

Anna: Meu Deus do céu, eu tenho que ligar pra sua tia. - Saiu correndo chorando.

Bernardo: O que tá acontecendo mãe?

Bia: Não é nada filho, não se preocupa, tá?

Bernardo: Posso ser criança mas eu não sou burro eu tô vendo na TV que aonde a gente mora tá sendo invadido por aqueles homens de preto e sempre alguém sai morto ou machucado. - Respirei fundo sabendo que ele tinha razão e que era a nossa realidade.

Bia: Tá certo Bê, eu tento te poupar das coisas mas eu esqueço que você é um hominho esperto demais. Mas lembra o que a mamãe te ensinou que temos que fazer quando tivemos passando por dificuldades?

Bernardo: Que temos que levantar as mãozinhas pro céu e pedir a Deus que fique tudo bem.

Bia: Isso mesmo, agora eu vou lá dentro falar com a sua vó e você vai pedir a Deus que proteja todos aqueles que a gente ama, tá certo? - Desliguei a TV e deixei ele na sala indo até a minha mãe no quarto. - Mãe eu vou até lá, eles precisam da minha ajuda.

Anna: Você vai ficar aqui Beatriz, já não basta a preocupação que eu tô com os seus irmãos e com todos os outros também, quer ser mas uma preocupação pra mim?

Bia: Claro que não, mas eu fui treinada pra isso, eles precisam da minha ajuda!

Anna: Eu disse que não, Beatriz! Eu não vou ficar preocupada com mas uma filha e você não vai me deixar aqui sozinha com o Bernardo sem saber o que tá acontecendo.

Me sentei na cama e logo o Bernardo veio, ficamos os três ali abraçadinhos e preocupados com o que tava acontecendo.

Sou filha de traficante, cresci nesse meio mas a gente nunca se acostuma de ver um pai, um irmão, um amigo, um namorado partindo pra enfrentar esses cara cheio de ódio que estão disposto a tudo pra acabar e dominar a nossa favela, eles são bandidos de todo jeito mas a única diferença é que eles não fazem o bem pra o povo da comunidade como os traficante fazem.

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