Capítulo 65

120 10 0
                                    

Jade

Jade: Tá esperando o que pra dar uma chance aquele gato, dona Beatriz? - Perguntei indo até ela que estava na cozinha procurando o que comer.

Bia: E você tá esperando o que pra dar uma chance ao Cadu, dona Jade? - Revirei os olhos e ela riu.

Jade: Quem colocou na cabeça de vocês que o Cadu gosta de mim, hein? Somos amigos gente.

Anna: Foge do assunto não Beatriz. Aí que dizer que o Allan dormiu lá na tua casa ontem? - Assenti.

Jade: Porque a senhora acha que ela não veio dormir aqui? Tava dando né, mãe. - Ri e a Bia me deu um tapa na cabeça. - Colfoi maluca? Tô dizendo alguma mentira?

Bia: Não, mas pelo menos eu tô transando e tu não, querida.

Ret: Que conversa é essa de vocês três hein? Tem vergonha na cara não? - Apareceu com o Théo de lado que estava coçando o olho de sono.

Bia: Vou fazer panquecas pra gente. - Disse rindo e saiu pra preparar as coisas.

Galo: Eu ouvir falando em panqueca? Chegamo na hora boa comparsa. - Bateu no rio L7.

Ret: Que porra vocês tão fazendo na minha casa? Quem deixou vocês entrar?

Galo: Colfoi patrão? Nós é família. - Puxou uma cadeira da mesa e sentou.

L7: Cadê a bença do teu padrinho, moleque? - Falou com o Théo que deu a bença a ele. - O Ret, tu vai deixar o cara preso na salinha de tortura até quando? Fantasma tá reclamando que não aguenta mas ele atentando.

Jade: De quem vocês tão falando? - Falei indo até eles e meu pai olhou pra ele com um olhar matador.

L7: Foi mal aí patrão, pensei que geral sabia. - Falou indo pegar uma das torradas que estava em cima da mesa.

Jade: Vamo gente fala. - Gritei já estressada.

Ret: Breno tá preso na salinha de tortura. - Disse revirando os olhos.

Jade: E vocês não iam me falar nada? - Perguntei incrédula.

Ret: Da em que eu te falar? Quero tu bem longe desse cara, quem resolve essas paradas sou eu! E nem se preocupa que hoje mesmo eu mando ele pra onde eu deveria ter mandado a 20 anos atrás.

Anna: Se eu não tivesse te impedido de matar o garoto nada disso teria acontecido... Minha filha não teria sido usada, minha irmã não estaria morta, minha mãe não teria se matado e ainda tem você que quase foi morto também. - Falou triste. - Tudo isso é culpa minha!

Galo: Colfoi, Aninha? Todo mundo aqui impediu o Ret de matar aquele garoto até porque era uma criança de 2 anos, era desumano! Ninguém ia imaginar que tudo isso ia acontecer não.

Até pensei em comentar que a culpa era minha por ter acreditado nele ao invés de confiar nos meus pais, mas enfim, não adianta ficar procurando culpado sendo que o único culpado por toda essa desgraça é ele mesmo.

Jade: Eu vou lá ver ele. - Meu pai deu uma risada irônica.

Ret: Mas nem por cima do meu cadáver tu vai ver aquele pau no cu.

Jade: Acha que eu vou ter pena dele? Jamais! Eu quero olhar na cara daquele arrombado e cuspir na cara dele, quero ter o prazer de matar ele! Desculpa aí pai, mas quem vai ter o prazer de matar ele sou eu.

Theo: Aí po, tu é meu orgulho. - Beijou minha cabeça.

Meu pai observava tudo calado e em seguida a Bia chamou todos nós pra comer as panquecas, que por sinal estavam maravilhosas! Minha mana tira a braba na cozinha.

(...)

Jade: Achei que já estivesse a sete palmos abaixo do chão. - Disse entrando na salinha de tortura.

Aquele homem bonito que eu conheci não existia mas, senhor Ret fez questão de desfigurar ele todinho, chega dava medo chegar perto de tão feio que tava!

Breno: Eu sabia que você vinha me ver - Falou animado - Eu sei que você ainda me ama! Me ajuda a sair daqui Jade, a gente vai pra um lugar longe aonde ninguém vai poder nos encontrar, eu largo a polícia, deixo tudo, mas fica comigo por favor! - Pediu desesperado e eu dei risada.

Jade: Aguenta mas não né bebê? Tá com medinho? - Continuei rindo. - Tu já devia ter se ligado que ninguém mexe com a família do maior traficante desse Brasil e fica por isso mesmo, tu se fodeu desde o dia que tu pensou em se vingar do meu pai.

Breno: Jade, eu te amo...

Jade: Cala a boca! - Gritei e sei um tapa na cara dele. - Uma pessoa igual a tu é capaz de saber o significado da palavra amor, você e seu pai foi dois pesos que pisaram na terra, ele já morreu, só falta você. - Tirei a arma da cintura apontando pra ele e nesse momento entrou meu pai, tio Fantasma, Théo, tio Galo e tio L7.

Breno: Você não teria coragem... - Dei uma risada alta.

Jade: Não só tenho como não vejo a hora de te mandar pro inferno! - Destravei a arma. - Últimas palavras? - Ele continuou calado. - Ótimo, melhor assim. - Dei dois tiros na cabeça do mesmo fazendo o sangue espirrar em mim.

Geral tava olhando pra mim surpreso, ninguém achava que eu era capaz de matar alguém.

Sou filha do dono do morro mas nunca me gabei por isso, nunca quis crescer pra cima de ninguém, não sair pegando todo mundo da favela usando a desculpa que era filha do dono, nunca me envolvi em nada relacionado ao tráfico e nem tenho vontade.

Mas sabia atirar pra minha própria segurança, por mas que eu não ligasse pra tudo isso eu não podia ignorar o quanto era perigoso ser filha do dono da Rocinha.

E ali estava a minha primeira morte, meu primeiro namorado do qual me dá nojo lembrar que namorei, mas a vida tem dessas, segue o baile.

Crias Da Rocinha Onde histórias criam vida. Descubra agora