Capítulo Cinco

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Victor recebeu uma suspensão pelo o ocorrido mais cedo. Assim como Tina, que assinou um termo de responsabilidade indicando que ficaria até às três na escola.

Quando saímos, Amélie estava me contando sobre o dia em que sentou com um velho, na mesa do barzinho. Eu fingi estar interessada mas logo lembrei que qualquer um deles poderia ser o seu avô.

— Tinha algumas pétalas de rosas e uma Chandon em cima da penteadeira. — Ela ainda continuava a contar os detalhes do motel. — E ele não tomou nenhum Viagra! — Soltou um risinho.

— Jura, Amélie? — Cerrei os meus dentes e ri falsa. — Que bom que ele não tomou Viagra. — Continuamos a andar até o ponto de ônibus.

— Ele foi firme e forte! — Amélie umedeceu os lábios, lembrando do que havia acontecido naquela noite. — A cabeça do pau dele era tão rosada que...

— Amélie, Amélie. — Parei com as minhas mãos, fazendo uma careta em seguida. — Eu sei que temos muita intimidade mas eu não quero escutar a sua noite de sexo com aquele homem. — Fui direta.

Amélie ficou impressionada com a minha coragem de dizer algo. Até parecia que Tina havia entrado em meu corpo.

— Você ainda está brava com o que aconteceu? — Se referiu ao copo de água gelada, jogado em minha cabeça.

— Um pouco. — Me sentei nos bancos de madeira. — Victor precisa entender que eu não quero namorar com ele.

— Ele só vai entender quando você arranjar outro. — Amélie encarou as unhas, pintadas de vermelho. — E se for assim, vai demorar para você arranjar outro.

— Nem tanto. — Esbocei um sorriso no canto dos lábios.

Meu ônibus havia chegado. Me despedi de Amélie, dando um abraço apertado antes de subir no ônibus. Escolhi um lugar no fundo e coloquei os meus fones de ouvido, fazendo o caminho de volta para casa.

Mas mudei de ideia quando o motorista fez um caminho diferente. Decidi parar no centro de Bordéus, que agora, estava mais calmo e sem festas com imensidões de pessoas. Caminhei pela praça extremamente vazia, observando os pombos brancos se encostarem na fonte.

Ainda fazia frio, então, optei por um chocolate quente com canela de um restaurante bastante conhecido naquela região. Contei o dinheiro que papai havia me dado no começo da semana, entrando no estabelecimento e pedindo o meu café.

— Deu três e setenta. Dinheiro ou cartão? — A balconista com chapéu azul e cinza me encarou, um pouco sorridente.

— Dinheiro. — Entreguei à ela o valor totalmente certo, pegando o meu chocolate e me sentando na mesa que havia lá fora.

Suspirei pesado enquanto pensava na vida, vendo a fumaça do chocolate quente subir lentamente.

— Posso me sentar?

A voz que eu estava torcendo para escutar de novo, finalmente apareceu. Meu sorriso foi de orelha à orelha quando avistei Micael, com uma mão levemente pousada na cadeira, arrastando para se sentar.

Estava lindo naquela camisa polo azul marinho e sua calça de sarja bege. Tinha um óculos WayFarer no rosto mas tirou quando se sentou, sorrindo para mim.

— O que faz aqui? — Fiquei surpresa.

E logo lembrei que estava ridícula naquelas roupas. Tina e Amélie tinham razão! Eu precisava parar de usar calças de frentistas e casacos maiores do que o meu próprio corpo.

— Eu estou tendo uma reunião na galeria, aqui perto. — Explicou. — Se você não sabe ou não se deu o motivo de ler o meu cartão, eu sou um pintor de artes.

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