Capítulo Nove

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Estava arrumando o meu guarda-roupa quando Amélie chegou, querendo saber onde eu tinha ido com Micael. Fofocamos por alguns minutos até Tina chegar, contando o seu terrível dia depois das aulas.

— Eu não aguento mais ter que ficar resolvendo exercícios de física. — Tina se jogou na minha cama, de braços abertos.

— É só por uma semana. — Amélie rodou com a minha cadeira. — Ninguém mandou você bater no Victor.

— Eu bati nele para defender a Sophia. — Bufou. — E agora estou pagando um preço caro por isso.

— Mas eu agradeço imensamente você por ter batido no Victor. — Guardei um vestido no cabine.

— Falando em Victor... — Tina levantou o tronco para me ver. — Você já disse dele para o Micael?

— Mas é claro que não! — Fiquei gelada só de pensar nessa possibilidade. — Ele não precisa saber.

— Ele precisa sim! E se o Victor fizer alguma coisa com você? — Tina colocou um medo novo em minha frente.

— O Victor não vai fazer nada. — Rolei os meus olhos. — A única coisa que ele pode me fazer é encher o saco, como ele sempre faz.

— Igual o seu irmão que bate punheta vendo as minhas fotos em Cancún. — Tina soltou e Amélie teve uma crise de risos. — Vou mostrar as suas fotos, Amélie! Quem sabe ele não mude um pouco de ideia.

— Ele gosta de você, Tina. — Amélie começou a mexer em meu notebook, que estava ligado. — Sophia, você já escolheu a roupa da vernissage?

— Ainda não. — Me sentei na ponta da cama, um pouco entristecida.

Tinha que estar linda para a vernissage mas minha condição financeira dizia ao contrário.

— A minha mãe comprou um vestido lindo na semana passada e nem usou. — Tina ficou feliz em compartilhar isso comigo. — Vermelho e longo! Um tema ideal para a vernissage. — Piscou.

— Eu já escolhi o meu! Vou usar um salmão com decote básico. — Amélie gesticulou, desenhando o vestido no ar para que soubéssemos de todos os detalhes. — E você, Tina?

— Verde esmeralda mas não quero errar na proposta do evento. — Pensou. — Precisamos deixar a Sophia impecável!

— E por que eu preciso estar impecável? — Comecei a andar pelo quarto.

— Porque é uma vernissage! Não uma feira de pastel. — Tina foi sincera. — E se bem te conhecemos, você irá juntar verde com laranja e dizer que está linda.

— Micael gosta das minhas roupas. — Me defendi.

— Você jura? Então vamos levar um óculos para ele no dia da vernissage. — Tina debochou.

— Ele só está dizendo isso porque quer te comer. Mas sabemos que você está dando para ele, normal. — Amélie começou a digitar rápido no teclado do notebook. — Não é verdade?

— Vocês são ridículas! — Bufei, encarando o tempo nublado que estava lá fora, pela janela.

— Somos suas amigas. — Tina voltou a se deitar. — Mas e aí? O que você fez na casa da sogrinha?

— Conheci o palácio de cristal e descobri que ela tem uma namorada. — Soltei, mas me arrependi depois.

Tina e Amélie abriram a boca. Vi o corpo de Amélie voar em cima da cama, se aconchegando ao lado de Tina, que me batia de segundo em segundo para saber da situação.

— Então a mãe dele é lésbica? Ai meu Deus! — Tina estava chocada. — Que família incrível, quer dizer... Eles são perfeitos!

— Tina, é sério? — Lhe encarei com deboche.

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