Capítulo Dez

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Micael deu um breve sorriso, apertou as mãos de leve e enfrentou o papai, como se estivesse comprando roupas em um shopping. Ele não tinha medo.

— Acho que conheço a sua filha de algum lugar, senhor Joseph. — Micael mentiu, em partes. Queria me esconder atrás da mesa.

— Escola? — Papai optou. Eu pensei que isso não aconteceria.

— Acho que conheço você dos cursos acadêmicos. — Micael me encarou, franzindo o cenho e mentindo como ninguém.

Papai nos observou mas sua feição ficou mais leve, ele estava acreditando na palavra de Micael.

— Cursos acadêmicos? — Papai cruzou os braços, interessado na conversa que surgiria.

— Na verdade são cursos técnicos de quatro horas. Mas chamamos de cursos acadêmicos, eu não sei o por quê desse termo. — Micael coçou o queixo, parecia estar nervoso mas estava conquistando o papai.

— E onde você se matriculou nesse curso acadêmico, Sophia? — Papai me sondou com o olhar, querendo saber.

— Tina. — Sorri falsa e entrei na mentira que Micael estava sugerindo. — A mãe dela ofereceu de bom agrado e eu aceitei. A família dela é gentil!

— Gosto da senhora Johnson. — Papai ficou sério. — A filha dela é uma ótima companhia para você.

— Sua melhor amiga? — Micael se intrometeu, interessado.

— Sim. — Respondi, deixando de lado o nervosismo.

— Na verdade são duas. — Papai continuou. — Amélie também faz parte do trio. São melhores amigas de Sophia. — Quis contar e eu não hesitei. Estava estranhando o comportamento do papai, ainda mais na frente de um estranho.

— É sempre bom estar rodeada de amigos! Ainda mais com os melhores amigos, não é mesmo? — Micael voltou o olhar sob o meu, me deixando corada.

— Sim. — Abaixei a minha cabeça, disfarçando o rosto avermelhado. — Vou ver se a mamãe precisa de alguma coisa. — Disse para o papai, que ficou em silêncio.

Micael colocou as mãos no bolso da calça e observou a decoração neutra da minha casa. Fez uma análise com os quadros, porta-retratos e mensagens felizes.

— Todos para a mesa? O jantar está pronto! — Mamãe apareceu onde Micael e papai estavam, os chamando. Ambos caminharam até à mesa posta com diversas massas diferentes, fazendo Micael tentar decifrar o que era aquilo.

Papai estava em seu lugar quando segurou nas mãos da mamãe, fazendo uma corrente para a oração. Micael franziu o cenho, estranhando.

— Vamos fazer uma rápida oração para agradecer o nosso jantar. — Papai disse calmo, tinha os olhos fechados, assim como eu.

Mas os abriu quando escutou um riso consigo, vindo de outra direção. Papai ficou com o semblante rígido. Ai meu Deus!

— Algum problema, Micael? — O encarou.

— Oração? — Segurou o riso. — É que, eu não tenho nada contra mas acho... Engraçado!

— Engraçado? — Papai estava ficando furioso. — E por que você acha engraçado? Posso saber o que faz você rir?

— É como se vocês estivessem brincando de boneca. — Levantou os ombros. — Por isso o riso.

— Você é ateu?

— Não! Mas achei engraçado. — Não estava ligando. — Me desculpe por isso, senhor Joseph. Prometo que não irá mais se repetir.

Papai tinha o olhar atravessado para Micael. Ele continuou sua oração e assim conseguimos nos sentar para comer. Mamãe estava ansiosa para que Micael experimentasse as outras massas.

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