Capítulo Quatorze

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Não sei se confiava muito em Tina, mas ela me deu a certeza de que esse jantar era uma pura vingança à Micael, que lhe destratou no dia da vernissage.

Encolhi meus ombros quando passei pelo caminho de pedras e luzes médias, junto de Micael, que tinha um cheiro másculo incrível que me fazia umedecer a calcinha a cada passado dado.

— Não sabia que prostituição dava dinheiro. — Soltou, observando a enorme casa de Tina.

— Ela não é prostituta, Micael. — Fiquei envergonhada com sua fala.

— E ela faz o quê da vida? — Ficou interessado.

— A mãe dela tem uma vida ótima.

— É por isso que o seu pai adora a mãe dela. Está explicado! — Colocou as mãos no bolso da calça e soltou um suspiro. Revirei os meus olhos, antes de apertar a campainha.

Tina abriu com um sorriso largo no rosto. Usava um shorts preto de malha, estava descalça e por cima, optou por um top de cabresto off-white, onde seu seio era totalmente visível para quem estava de longe. Me irritei!

— Boa noite! Vocês demoraram. — Ainda sorria para nós.

— Se sua ideia foi tentar me excitar com o seu peitinho de hormônio, você falhou meramente. — Micael sorriu falso à ela. — Boa noite! Vamos jantar aqui fora ou você prefere nos convidar para entrar?

Cocei de leve a minha cabeça, me escondendo do sarcasmo e ironia de Micael. Tina balbuciou antes de falar qualquer besteira.

— Eu já ia dar passagem. — Tratou Micael da mesma forma. — Fique à vontade e sinta-se em casa!

— Não, obrigado. Prefiro a minha casa e o meu conforto. — Entrou, olhando ao redor da casa. Estava impressionado mas não dava o braço à torcer. — Você se inspirou no Tumblr quando decorou a sua casa? — Perguntou para Tina, irônico.

— Não devo satisfações onde decorei a minha casa e se procurei alguma inspiração. — Cruzou os braços. — Aposto que você dorme em cima de um cavalete velho.

— Já dormi quando era mais novo e posso lhe dizer que é muito confortável! — Micael semicerrou os olhos.

— Gente, já chega! — Fiquei no meio dos dois. — Isso era para ser um jantar agradável e não um jantar cheio de guerra.

— E quem aqui está guerreando? — Micael me encarou, sarcástico. — Não vejo espadas na minha frente. — Saiu andando pela cozinha, opinando em toda a decoração para irritar Tina. — Que coisa mais cafona, meu Deus!

Tina me encarou com ódio, seus cílios tremeram de raiva.

— Eu juro que quero cortar o pinto dele e dar aos cachorros. — Torceu o canto da boca.

— Prometo que ele não é assim o tempo todo. — Mas era! Não dava para defender Micael.

Quando entramos na cozinha, Micael estava dedilhando xícaras de porcelana que estavam em um suporte apropriado. Ele parecia xingar a xícara mentalmente, como se aquilo fosse uma vernissage de xícaras.

— O que foi agora? Você não gosta de xícaras? — Tina fez uma careta de deboche e bateu o pé, esperando pela nova reclamação.

— Xícaras de porcelana? — Micael tinha uma em suas mãos. — Veja como o branco dela está amarelo e também tem um trincado na ponta. Alguém pode se machucar e eu espero muito que seja você! — Sorriu falso à Tina, de novo.

— Espero que seja você quando eu dar o meu chá. — Tina virou a cabeça para encara-lo, lhe irritando.

— Não gosto de chá de prostituta! Muita gente já bebeu. — Micael voltou a xícara em seu lugar. — Enfim, você preparou um jantar ou pediu comida pronta?

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