Capítulo Setenta e Cinco

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Uma semana depois.

Haviam se passado uma semana. A casa estava vazia, em silêncio, cantos dos pássaros e às vezes minhas músicas que eu gostava de escutar no tocador de LP. No começo da semana me encontrei com Marjorie, que trouxe acessos para a primeira visita de Micael, na clínica onde estava internado.
Contei a novidade para Tina que riu três vezes seguidas antes de soltar a icônica frase: "Você deveria arrumar um amante!". Eu não tinha essa coragem.

— Boa tarde, querida! — Marjorie saiu do carro espaçoso, sorrindo. Veio até mim. — Como você está? — Nos abraçamos.

— Ansiosa, um pouco. — Levantei os ombros, seguido de sorrisos. — Conseguiu dormir? — Fechei as janelas enquanto Marjorie me esperava.

— Mais ou menos. Cinthia está reformando um guarda-roupa velho, o barulho da máquina fica batucando na minha mente. — Gesticulou. — Mas também estou ansiosa para vê-lo!

Parei por segundos sorrindo à beça para Marjorie, que me fez andar logo, seguindo caminho até a clínica. Durante o caminho jogamos conversa fora, demos risadas e contamos segredos do dia-a-dia.

— Francis irá te acompanhar na vernissage? — Marjorie estava atenta no volante.

— Eu pedi à ele que sim. — Apertei a ponta dos meus dedos. — Não sei muito bem, acho que ele pode me ajudar.

— Se você quiser. — Marjorie relaxou os ombros. — Cinthia estará de folga, podemos ir com você! Amamos Nova Iorque. — Se animou.

— Você faria isso por mim?

— Com certeza! É a vernissage do meu filho, ele ficaria decepcionado se a mãe dele faltasse nesse evento. — Marjorie deu um sorriso, que foi morrendo aos poucos.

Decidi não prolongar a conversa, ficaria entediante alguns minutos para frente.

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O lugar extremamente lindo e bem cuidado me chamou à atenção. Era longe de Bordéus, em alguma cidade vizinha que eu não sabia que existia. Marjorie passou por uma estrada de terra, até chegar em uma estrada com pedrinhas e alçar um jardim imenso. Plantações de diversos tipos e mais para frente, chalés com apartamentos que pareciam hotéis. Uma piscina, quadra de tênis e cantinho para jogos.

Micael estava em um resort, eu tive à crer que seria isso.

— Chegamos! — Puxou o freio de mão. — A gerente disse que Micael está no quarto cento e seis. — Abriu a porta do carro.

Cento e seis! Fechei a porta do carro e afundei minha sapatilha no gramado verdinho, andando junto com Marjorie até um homem de branco. Ele sorriu quando nos viu, se aproximando.

— Senhora Borges, prazer! — Deram as mãos. — Meu nome é Derick, eu sou o instrutor da clínica e acompanhante do Micael.

— Acompanhante? — Franzi meu cenho, não entendi o que ele havia falado.

— Acho que não me expliquei bem. — Ele abriu as mãos, gesticulando. — Quando eles chegam na clínica, geralmente precisam de um tutor para adaptação. Eu fui responsável pelo Micael durante essa semana. Remédios, atividades, grupo de conversas. — Agora eu havia entendido! — Você deve ser a esposa dele. Sophia? — Levantou um indicador, estudando minhas feições.

— Sim, sou eu. — Assenti. — Onde ele está? — Observei ao redor.

— Vou levar você até lá. — Me encarou. — A visita tem duração de duas horas, porém, deve ir uma de cada uma!

Marjorie balbuciou mas não ousou em discutir com o instrutor, que estava sendo gentil.

— Vá você primeiro, querida. Eu posso vir outro dia, tem essa opção? — Perguntou ao homem de branco, que estava nos ajudando.

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